21/Out/2022
Segundo estudo conduzido pela Rede Simex, que reúne várias instituições de pesquisa da região, 40% da extração de madeira na Amazônia é irregular. O trabalho revela ainda que pelo menos 15% da retirada ilegal ocorre dentro de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação. A pesquisa foi feita com base em imagens de satélite tomadas de 377 mil hectares de áreas com extração de madeira na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021. Pela primeira vez, os pesquisadores tiveram acesso às autorizações para a retirada de madeira, emitidas pelos órgãos ambientais de todos os Estados analisados. A Rede Simex é formada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), pelo Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam), pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e pelo Imaflora. O levantamento constata que houve exploração de madeira não autorizada em 142 mil hectares da floresta (38% da retirada total).
Isso significa que a Amazônia registra retirada irregular de árvores em área similar à da cidade de São Paulo em apenas um ano. O índice de exploração não autorizada é muito alto e representa graves danos socioambientais para a Amazônia, contribuindo para impedir o desenvolvimento sustentável da região. Sem manejo florestal sustentável, a floresta pode ser degradada, há mais riscos de conflitos e deixa-se de gerar empregos formais e impostos. Para a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne empresas e sociedade civil em defesa da floresta, o estudo é fundamental para dimensionar o problema, mas o resultado não chega a surpreender. É mais um elemento a reforçar a desgovernança na Amazônia, o desmonte da governabilidade e a impunidade. Para o levantamento, os pesquisadores analisam as imagens de satélite para determinar onde tem ocorrido a retirada de árvores. Depois, comparam essas áreas com as delimitadas pelas autorizações oficiais e, assim, conseguem determinar a extração ilegal.
Pelo formato da perda da vegetação, é possível perceber quando o objetivo é a extração da madeira. No desmate, toda a cobertura vegetal é retirada. Na extração, há retiradas pontuais. Estradas vicinais e construções de apoio ajudam a identificar essas áreas. Das áreas exploradas irregularmente, 21 mil hectares estão em terras indígenas e unidades de conservação, onde a extração é ilegal em qualquer hipótese. O número corresponde a 15% de toda a região com atividade irregular, área similar à de João Pessoa. A maior parte da extração de madeira na Amazônia é em Mato Grosso. De agosto de 2020 a julho de 2021, a atividade irregular abarcou 103 mil hectares no Estado (73% da extração ilegal em toda a Amazônia). A extração legal foi registrada em 173 mil hectares. Apesar de a maior parte da exploração madeireira em Mato Grosso ter sido autorizada, a área com atividade não permitida cresceu 17% em relação ao levantamento anterior, que analisou agosto de 2019 a julho de 2020.
Só nas terras indígenas do Estado, houve aumento de 70% na extração de madeira irregular. O 2º Estado com a maior área de exploração madeireira na Amazônia é o Pará: um total de 57 mil hectares ou 15% da região. Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima registraram áreas de extração com menos de 20 mil hectares, o que representa porcentuais de 4,3% a 0,3% do total mapeado. Outros três Estados não tiveram imagens de satélite analisadas. No Amapá, o problema foi a cobertura de nuvens. Tocantins e Maranhão têm áreas ainda pequenas para serem detectadas. Os dados mostram que as ações de fiscalização continuam insuficientes. O cenário torna ainda mais necessário o incentivo ao manejo florestal sustentável, pautado na legislação. O Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem) informa que faz ações de conscientização e orienta os sindicatos para que todos os empreendimentos exijam toda a documentação necessária e autorizações ao adquirir matéria-prima, e não recebam mercadoria sem nota.
O governo de Mato Grosso destacou que monitora todo o seu território por imagens de satélite, gera alertas de desmatamento em tempo real, e age com rapidez para impedir o avanço do dano ambiental. Quem desmata ilegalmente, continua, é multado, tem a área embargada, e responde nas esferas administrativa, civil e criminal. A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará afirma que 70% do território paraense tem jurisdição federal e diz ter instituído a Força Estadual de Combate ao Desmatamento. Em pouco mais de 2 anos, mais de 7 mil hectares de terras com atividade ilegal foram embargadas. E diz estar em fase final para lançar o Plano Estadual de Bioeconomia, em busca de uma “economia de carbono neutro”. O Ministério do Meio Ambiente afirmou que a operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça, que não se pronunciou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.