28/Out/2022
Após três pregões seguidos de alta, em que acumulou valorização de 4,58% e alcançou o patamar R$ 5,38, o dólar recuou mais de 1% na sessão desta quinta-feira (27/10). O ambiente externo favorável a divisas emergentes e a assimilação do impacto dos ruídos políticos envolvendo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriram espaço para movimento de realização de lucros no mercado doméstico de câmbio. Também teriam contribuído para a recuperação do Real a atuação de exportadores, que aproveitaram a arrancada recente do dólar para internalizar recursos, e apetite externo por ações descontadas na bolsa. Afora uma alta pontual e muito limitada nos primeiros minutos da sessão, o dólar trabalhou em baixa ao longo de todo o dia. Com mínima a R$ 5,27 (-1,90%), o dólar terminou o pregão cotado a R$ 5,30, em queda de 1,39%. Apesar do alívio, a moeda ainda acumula valorização de 3,08% na semana, o que reduz as perdas em outubro a 1,63%, na véspera da formação da última taxa Ptax do mês e da rolagem de contratos futuros.
Na reta final dos negócios, o dólar chegou a ensaiar aprofundar as perdas e foi negociado pontualmente na casa de R$ 5,28, sob impacto da notícia de publicação de carta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à nação. No documento, intitulado "Carta ao Brasil do Amanhã", o petista se compromete em combinar "política fiscal responsável" com "responsabilidade social e desenvolvimento sustentável" e fala em seguir "regras claras e realistas" para a gestão das contas públicas. Não há, contudo, detalhes sobre uma futura âncora fiscal para substituir o teto de gastos. Embora o quadro político doméstico siga como principal vetor dos negócios, investidores absorveram uma agenda pesada no exterior. A leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos mostrou alta anualizada de 2,6% no terceiro trimestre, acima das expectativas (2,4%), mas não afastou a perspectiva de desaceleração da atividade nos próximos trimestres e eventual recessão em 2023.
Com a consolidação da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), após uma nova alta de 75 pontos-base da taxa básica em novembro, desacelere o ritmo para 50 pontos em dezembro, as taxas dos Treasuries recuaram, dando fôlego a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo o Real. Segundo a Treviso Corretora, o dia foi propício para a queda do dólar. No exterior. tem apostas de um Fed mais tranquilo. No Brasil, ajudou a manutenção dos juros e sinais positivos da economia brasileira como queda do desemprego. O Copom decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano. Fora isso, as altas dos últimos dias levaram exportadores a realizarem sua posição, o que ajudou a derrubar dólar. O dólar continua entre o intervalo entre R$ 5,20 e R$ 5,40.
A Nexgen Capital observa que mercado ajusta posições e corrige exageros embutidos ontem à tarde na taxa de câmbio em razão do aumento das tensões políticas. Foram três dias de aversão ao risco e, nesta quinta-feira (27/10), houve um alívio. O mercado absorveu os ruídos políticos e já precificou muito da piora do cenário. As ações de estatais já apanharam bastante e a temporada local de balanços têm sido positiva, o que traz ânimo aos investidores, em especial os estrangeiros. Nas mesas de operação, comenta-se que, apesar de criticar a atuação do TSE no caso das inserções de propaganda política em rádios, o presidente Jair Bolsonaro adotou um tom menos belicoso que o esperado. Embora haja dúvida ainda sobre se o candidato à reeleição aceitará uma eventual derrota nas urnas no segundo turno presidencial, parecem diminuir os riscos de crise institucional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.