16/Jan/2023
Na esteira das mudanças climáticas, o debate a respeito da preservação do meio ambiente requer uma compreensão renovada sobre temas que vêm ganhando novos significados na agenda ambiental. É o caso da proteção das baleias e da conservação de manguezais, duas preocupações antigas que passaram a despertar atenção redobrada, ultimamente, por causa de seu potencial para a retirada de gás carbônico da atmosfera, objetivo maior das iniciativas para conter o aquecimento do planeta. Vale notar que o papel de ecossistemas costeiros e marinhos na luta contra os gases de efeito estufa deu origem ao termo “carbono azul”, uma espécie de contraponto ao “carbono verde”, associado a florestas e a outros biomas terrestres. Embora ambos digam respeito ao mesmo elemento químico, a distinção de cores joga luz sobre a importância específica dos ecossistemas e sobre a complexidade das questões ambientais. Cada vez mais, faz-se necessário que as autoridades dos diferentes níveis de governo, assim como o setor produtivo e a sociedade em geral, estejam atentas a tais complexidades.
Isso é especialmente válido em um país como o Brasil, onde a riqueza ambiental não se limita à exuberância da Floresta Amazônica, a maior floresta tropical do mundo. Como recentemente informou o Jornal da USP, a gigantesca costa marítima brasileira é pontilhada por uma faixa de manguezais que se estendem do Amapá até Santa Catarina. Tal ecossistema contribui para o enfrentamento das mudanças climáticas, na medida em que a falta de oxigênio em seu solo lamacento reduz, ou até evita, a decomposição de matéria orgânica. O resultado é o acúmulo de toneladas de carbono, algo extremamente benéfico para conter o aquecimento global. Do ponto de vista ambiental e da luta contra as mudanças climáticas, os manguezais são um “tesouro” e, ao mesmo tempo, uma “bomba-relógio”, a depender do rumo das políticas de conservação, como resumiu o Jornal da USP. A publicação faz referência a estimativas de que um hectare de manguezal teria a capacidade de armazenar mais carbono do que qualquer outro bioma, até mesmo do que a Floresta Amazônica.
No caso das baleias, cientistas têm feito raciocínio similar: com peso que pode ultrapassar 30 toneladas e capazes de viver 100 anos, esses cetáceos acumulam mais carbono do que animais de menor porte. Ao morrerem, seus corpos permanecem no fundo dos oceanos, aprisionando grandes quantidades de carbono por séculos, como informou recente reportagem do Washington Post. Nesse sentido, uma medida eficaz para retirar carbono da atmosfera seria criar condições para que a população mundial de baleias retome níveis anteriores à devastação provocada pela caça comercial. As mudanças climáticas já confrontam a humanidade com ameaças reais e impactos imediatos. Enfrentá-las exigirá agir em diversas frentes, e é essencial ter clareza sobre o que cada ação representa e tem a oferecer, seja plantar árvores, proteger manguezais ou salvar baleias. Como em um quebra-cabeças, é preciso juntar as peças e garantir que o resultado seja a preservação da vida na Terra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.