24/Jan/2023
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações comerciais e financeiras. Ambos assinaram um artigo no domingo (22/01), no jornal argentino Perfil com o anúncio da medida, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos. “Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa”, escreveram Lula e Fernandez. O objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas (o Real e o peso argentino), mas sim formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia difere, porém, da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.
Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarín. O britânico Financial Times também deu espaço para a criação da moeda comum. O movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo, já que deve ser estendida para outros países da região. O ministro da economia da Argentina afirmou que serão estudados os parâmetros necessários, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. O Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja “sur”. Segundo o Clarín, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países. No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região. A moeda seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países, que poderiam adotá-la ou não domesticamente.
Fernando Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado a respeito da criação de uma moeda única na região, afirmando que não existe proposta de moeda única do Mercosul. A criação de uma moeda comum é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercados envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre os países. Na presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández, da Argentina, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Economia do país vizinho, Sergio Massa, assinaram nesta segunda-feira (23/01) um memorando de entendimento sobre integração financeira. O texto versa sobre estudos para se criar uma unidade comum de troca entre os dois países que facilite o comércio bilateral. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.