26/Jan/2023
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, reiterou a disposição do governo em defender o Mercosul na reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Uruguai, Lacalle Pou. O encontro foi em Montevidéu. Após participar de reuniões da VII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Lacalle Pou chamou o Mercosul de protecionista e manteve a decisão de negociar um acordo comercial com a China. A proposta é temida pelo Brasil diante do potencial de enfraquecer o Mercosul, preocupação exposta por Lula ao presidente do Uruguai. Para Amorim, o Mercosul deve ser preservado. Dentro da ideia de preservação está a ideia da TEC, não é uma exigência do Brasil ou da Argentina, é o artigo primeiro do Tratado de Assunção. O Brasil preza muito pela relação com Uruguai, que é um exemplo de civilidade na América Latina.
O Tratado de Assunção, que versa sobre o Mercosul, deve ser preservado da maneira que está redigido. Mas, os países menores precisam de algum apoio. A fala de Amorim, na prática, marca uma mudança de discurso na diplomacia brasileira. No ano passado, a gestão Jair Bolsonaro, afirmou que o Brasil estava disposto a negociar uma flexibilização do Mercosul. Na reunião desta quarta-feira (25/01), o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, reiterou sua disposição de flexibilizar o Mercosul e de manter as negociações por um acordo comercial com a China. As declarações foram dadas após o encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta frear as tratativas com a China para preservar o bloco sul-americano. O presidente uruguaio afirmou que vai avançar nas suas negociações com a China e o Brasil pode, paralelamente, fazer seu caminho. Após, tudo o que foi negociado seria compartilhado. O Uruguai pode se ajustar com aquilo que o Brasil propuser.
Para resumir, o Mercosul precisa ser moderno, flexível e aberto ao mundo, acrescentou o presidente uruguaio. De acordo com Lacalle Pou, a reunião com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi intensa e extensa, mas desprovida de ideologias e sem brigas. Foram marcadas algumas diferenças dos pontos em que os países querem para poder avançar, principalmente o relacionamento entre o Uruguai e Brasil e como membros do Mercosul. Foram relatados quais são os interesses dos países, tentando que estes interesses coincidam. Lacalle Pou afirmou que haverá a criação de um grupo técnico para discutir o impasse com o Mercosul. O Uruguai tem suas negociações e não tem impedimento de dizer isso, destacou, ao reconhecer o peso do Brasil nas tratativas. A possibilidade tornar o Aeroporto de Rivera um terminal internacional também foi citada na reunião, assim como a necessidade de melhorar a balança comercial.
Após se reunir com o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou nesta quarta-feira (25/01) para negociações de um acordo comercial do Mercosul com a China. Ele também prometeu destravar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, chamado por ele de urgente, e se comprometeu a discutir uma renovação do Mercosul, uma demanda do país vizinho. As negociações comerciais unilaterais entre Uruguai e China são justamente o ponto crucial desta viagem de Lula, que tenta impedir esse movimento para evitar a fragilização do Mercosul. Lula afirmou a Lacalle que irá intensificar as discussões com a União Europeia.
Lula declarou que acha possível discutir um possível acordo entre China e Mercosul. Ele afirmou que recebeu um país semidestruído e disse ser preciso trabalhar em conjunto para o crescimento da região. Lula também reconheceu a necessidade de abrir mais o comércio bilateral. Segundo Lula, os dois países estão de acordo em discutir a renovação do Mercosul e o que será preciso fazer para modernizar o bloco. Em primeiro lugar, será preciso uma discussão com técnicos, depois com ministros e finalmente com os presidentes para renovar o que for necessário. O presidente do Uruguai declarou que a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe otimismo. Lacalle destacou que o encontro foi produtivo e mostrou que o Uruguai não pode perder tempo nas suas negociações comerciais.
Lula tenta frear as tratativas do Uruguai de negociar um acordo comercial com a China e agora tenta emplacar a ideia de falar com o governo chinês em bloco, por meio do Mercosul. Ao citar a discussão que teve sobre a balança comercial com o presidente brasileiro, Lacalle reiterou ser preciso fazer um trabalho imediato. Apesar de diferenças ideológicas, o presidente disse que há boas intenções em ambos os países, reiterando o tom amistoso do encontro. Em um aceno ao mandatário uruguaio, Lula reconheceu que cada presidente quer proteger os interesses de seu país, mas reiterou que entende como necessário pensar em um desenvolvimento conjunto da América do Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.