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09/Fev/2023

Brasil e EUA podem estreitar seus laços comerciais

Além do combate à extrema-direita, que deve estar no centro da agenda bilateral, o primeiro encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com Joe Biden pode servir de catapulta às relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos em seu auge histórico. Prestes a completar 200 anos de relações diplomáticas, os países ainda enfrentam velhos entraves como a bitributação, mas compartilham interesses mútuos. Entre eles, o foco na agenda verde, onde o País busca o protagonismo na substituição de combustíveis fósseis, e o interesse em diversificar as cadeias de suprimentos na esteira do redesenho global desencadeado pela pandemia e a guerra na Ucrânia. Segundo o BNP Paribas, o Brasil pode ter chances de maior proximidade com os Estados Unidos diante da preocupação de Biden com a redefinição das cadeias de suprimentos para minimizar riscos diversos, principalmente, geopolíticos.

Em comum, o País acabou de sair de um evento similar ao que os Estados Unidos enfrentaram há dois anos, com a invasão de extremistas ao Capitólio, uma referência aos atos antidemocráticos ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro. Há um tipo de impulso para polir as relações com países que pratiquem a democracia liberal ou mais de acordo com os interesses dos Estados Unidos. Especialmente na presidência de Biden, um grande tema é que os Estados Unidos estão se posicionando como um parceiro no cenário mundial e não querem recuar mais. Esse foi, inclusive, um dos focos de Biden, durante discurso do Estado da União, nesta terça-feira, no Congresso dos Estados Unidos. Biden disse que a participação do país na fabricação de semicondutores (chips) caiu de 40% para 10%. A pandemia desencadeou uma escassez desses insumos, pesando nos preços de automóveis, geladeiras e celulares, e pressionando ainda mais a inflação ao redor do mundo.

"Estamos garantindo que a cadeia de suprimentos para a América comece na América. Nunca podemos deixar isso acontecer novamente (a perda de vantagem na produção de chips)", afirmou Biden, citando ainda a aprovação de uma lei para impulsionar essa agenda nos Estados Unidos. Do lado do Brasil, o estímulo à cadeia de semicondutores também interessa a Lula. O presidente defende que parte desse processo ocorra em território verde e amarelo, e também colocou a reindustrialização como meta de seu governo, o que se alinha à tendência de os Estados Unidos buscarem fornecedores mais próximos de suas fronteiras. Sem os riscos de países que hoje estão em guerra, caso da Rússia, ou vivem grandes tensões geopolíticas, o Brasil está em posição privilegiada nessa reorganização das cadeias de produção. Com os Estados Unidos, o Brasil tem um comércio bastante regular e superou muitos dos contenciosos que no passado frearam a entrada de produtos como aço e alumínio. Isso não significa, porém, que as vias estejam completamente desobstruídas.

A Amcham Brasil, maior câmara americana de comércio fora dos Estados Unidos, diz que a bitributação é um dos maiores obstáculos ao intercâmbio de produtos, serviços e investimentos. É um limitador do potencial de interação entre os dois países. A maneira de solucionar isso é evitar a bitributação. Nesta sexta-feira (10/02), em Washington DC, será a reunião entre Lula e Biden, que acontece num momento em que as trocas comerciais nunca estiveram tão dinâmicas. Impulsionada pela valorização, em meio às rupturas da guerra na Ucrânia, do petróleo, do gás natural e do aço, principais produtos da pauta bilateral, a corrente comercial entre Brasil e Estados Unidos superou pela primeira vez a marca de US$ 88 bilhões, conforme dados de comércio exterior do ano passado. Para o Brasil, os Estados Unidos são um parceiro estável, sustentando mais de 10% das exportações mesmo nas piores crises. Essa estabilidade se deve por boa parte do comércio acontecer entre empresas de um mesmo grupo, subsidiárias que fornecem componentes para operações da matriz nos Estados Unidos, por exemplo, menos vulnerável, assim, à competição internacional.

Às vésperas da viagem de Lula a Washington, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que é também ministro da Indústria, manifestou otimismo com o crescimento das exportações diante da retirada de medidas antidumping contra o aço brasileiro nos Estados Unidos. O ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral entende que há ainda espaço para os países evoluírem em áreas como defesa e tecnologia. "São temas que poderão ser tratados [na reunião] para abertura de novos mercados aos produtos brasileiros. É claro que o Brasil poderia aumentar muito a exportação, por exemplo, de produtos agrícolas aos Estados Unidos, mas aí é um setor que tem normalmente tarifas muito altas." A Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos espera que o resultado do encontro seja um melhor alinhamento entre os dois países, foco da entidade. Há confiança de que esse será o resultado deste importante encontro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.