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03/Mar/2023

China: atividade econômica registra forte expansão

A atividade econômica na China registrou forte expansão pelo segundo mês consecutivo, em um primeiro sinal de que o país pode estar se afastando do impacto causado pelas restrições da pandemia antes do que se esperava. Um indicador oficial da produção industrial subiu no ritmo mais rápido em mais de uma década em fevereiro, enquanto as encomendas de exportação aumentaram pela primeira vez em quase dois anos, conforme informou o Departamento Nacional de Estatísticas da China na quarta-feira (1º/03). A atividade de serviços e construção também se expandiu, como mostra o relatório do índice dos gerentes de compras (PMI). Também publicada na quarta-feira (1º/03), a pesquisa extraoficial Caixin PMI, que mede a atividade em mais empresas pequenas e do setor privado, apontou uma melhora nos pedidos, poder de precificação, emprego e cadeias de suprimentos, com a confiança das empresas no nível mais alto desde março de 2021. Alguns economistas alertam que, apesar de a atividade parecer ter recuado de forma acentuada na China, o efeito de propagação para o restante da Ásia pode ser limitado.

Embora os dados mostrem que o índice de novas encomendas de exportação da China subiu para 52,4 em fevereiro, atingindo o nível mais alto desde maio de 2011, outros dados da região sugerem que a demanda global por bens deve continuar desacelerando. As exportações da Coreia do Sul caíram 12% nos primeiros dois meses em relação ao ano anterior, em comparação com uma queda de 10% em dezembro, sugerindo que a demanda global por bens desacelerou ainda mais, apesar da recuperação mais forte na China até o momento. O turismo externo também não se recuperou tão rapidamente quanto as viagens domésticas na China, apresentando pontos positivos limitados para países como Tailândia e Japão, destinos populares entre os turistas chineses. Ainda assim, as perspectivas de melhoria na China devem compensar parte da desaceleração observada nas economias avançadas, especialmente nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenta conter a inflação sem desencadear uma recessão.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou em janeiro a previsão de crescimento para a China para 5,2% em 2023 e previu que o país deve contribuir com cerca de um terço do crescimento global este ano. Os dados divulgados na quarta-feira (1º/02) alimentaram uma alta generalizada nas ações chinesas. O índice Hang Seng de Hong Kong, que inclui ações de algumas das maiores empresas da China, fechou em alta de 4,2% Os dados mais recentes serão um alívio bem-vindo para os principais líderes da China reunidos para o congresso anual do Partido Comunista neste fim de semana, ao direcionar as atenções para o crescimento econômico, afastando-se dos danos causados pelas políticas de Covid zero. A economia da China cresceu 3% em 2022, uma das menores taxas das últimas décadas, enquanto os controles relacionados à pandemia fechavam fábricas, reduziam as vendas de imóveis residenciais e os gastos do consumidor. Os dados podem reforçar os argumentos para que os formuladores de políticas elevem as previsões de crescimento anual para este ano, visto como um passo fundamental para restaurar a confiança, tanto na economia quanto na liderança do país.

O crescimento do ano passado ficou muito abaixo da meta oficial de cerca de 5,5%. Autoridades chinesas e consultores econômicos no país debateram, no início do ano, a definição de uma meta de crescimento de cerca de 6% para 2023. He Lifeng, que em outubro entrou para o principal órgão de formulação de políticas do Partido Comunista, o Politburo, elaborava um plano para gerar crescimento superior 5% para este ano, segundo informou o The Wall Street Journal em dezembro. Espera-se que a meta final de crescimento seja divulgada em um relatório do governo no Congresso Nacional do Povo neste domingo (05/03). O índice dos gerentes de compras subiu para 52,6 de 50,1 em janeiro, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas. Um índice acima de 50 indica expansão; abaixo disso sinaliza contração. O PMI industrial superou a previsão média de 50,5. Um indicador de atividades não manufatureiras (incluindo os setores de serviços e construção) subiu de 54,4 para 56,3. O índice exclusivo para construção saltou para 60,2 de 56,4 em janeiro, à medida que os governos locais aumentaram as vendas dos chamados títulos especiais, ligados a investimentos em infraestrutura.

Cerca de 860 bilhões de yuans, equivalentes a cerca de US$ 124 bilhões, dessa dívida foram vendidos nos primeiros dois meses deste ano, mais de oito vezes a média mensal no segundo semestre de 2022, segundo a Capital Economics. Também houve sinais de recuperação na demanda por imóveis, setor que registra baixas há um ano, depois que o governo chinês impôs restrições aos empréstimos para incorporadoras altamente endividadas. As vendas das 100 maiores incorporadoras do país cresceram 15% em fevereiro em relação ao ano anterior, segundo a China Real Estate Information, provedora de dados do setor privado. Economistas alertam contra a atenção exagerada aos dados de fevereiro, pois refletem fatores pontuais, como o feriado do Ano Novo Lunar, além da demanda reprimida liberada pelo fim dos controles da política de Covid zero em dezembro e janeiro. Segundo o Macquarie Group, embora a economia da China esteja de fato se recuperando, ainda não atingiu um ponto que garanta um crescimento de 6%. A previsão para o PIB da China é de crescimento de 5,5% em 2023.

Os números oficiais divulgados no início desta semana também alimentaram as preocupações de que as marcas deixadas pela pandemia possam ser profundas. O número de empregos nas cidades da China caiu pela primeira vez em seis décadas no ano passado, segundo dados do Departamento Nacional de Estatísticas. Enquanto isso, a renda disponível per capita cresceu 2,9% em termos reais, o segundo menor aumento anual desde 1989. Uma perspectiva ruim para empregos e salários pode afetar os gastos do consumidor, números com os quais o governo chinês conta para impulsionar a economia este ano, já que a demanda por exportações deve diminuir. Até o momento, o governo não planeja pacotes substanciais de estímulo ou distribuição de dinheiro, uma vez que as autoridades estão cautelosas em reacender um aumento excessivo nos preços de imóveis e outros ativos, como ocorreu após a crise financeira de 2008. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.