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03/Mar/2023

PIB do Brasil registrou avanço de 2,9% em 2022

De acordo com o resultado das Contas Nacionais Trimestrais divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (02/03), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou queda de 0,2% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o PIB apresentou alta de 1,9% no quarto trimestre de 2022. No fechamento de 2022, o PIB cresceu 2,9% ante 2021. O PIB do quarto trimestre de 2022 totalizou R$ 2,6 trilhões. No ano de 2022, o PIB somou R$ 9,9 trilhões. O PIB da indústria caiu 0,3% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o PIB da indústria mostrou alta de 2,6%. No ano de 2022, o PIB da indústria subiu 1,6% ante 2021. O PIB da agropecuária subiu 0,3% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o PIB da agropecuária mostrou queda de 2,9%. No ano de 2022, o PIB da agropecuária caiu 1,7% ante 2021.

O PIB de serviços subiu 0,2% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o PIB de serviços mostrou alta de 3,3%. No ano de 2022, o PIB de serviços subiu 4,2% ante 2021. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) caiu 1,1% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, a FBCF mostrou alta de 3,5%. No ano de 2022, a FBCF subiu 0,9% ante 2021. A taxa de investimento (FBCF/PIB) no ano de 2022 ficou em 18,8%. O consumo das famílias subiu 0,3% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o consumo das famílias mostrou alta de 4,3%. No ano de 2022, subiu 4,3% ante 2021. O consumo do governo, por sua vez, subiu 0,3% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, o consumo do governo mostrou alta de 0,5%. No ano de 2022, o consumo do governo subiu 1,5% ante 2021.

Com o crescimento de 2,9% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 ante 2021, garantido pelo desempenho da economia no início do ano passado, o consumo das famílias teve a maior alta em dez anos. A alta de 4,3% foi a maior desde o salto de 4,8% em 2011 ante 2010. Pela ótica da oferta, o salto nos outros serviços, de 11,1% na comparação de 2022 com 2021, foi a maior da série histórica das Contas Nacionais do IBGE, iniciada em 1996. Na esteira da boa quantidade de chuvas que encheu os reservatórios das usinas hidrelétricas, e permitiu um uso menos intensivo das usinas termelétricas, a indústria da eletricidade também teve o melhor desempenho da história. A alta de 10,1% é a maior da série, desde 1996. No lado negativo, a queda de 1,7% no PIB da agropecuária, na esteira da seca que assolou a Região Sul no verão passado, foi o pior desempenho desde 2016, quando eventos climáticos também afetaram a produção. Naquele ano, a queda na agropecuária tinha sido de 5,2% ante 2015.

A taxa de poupança ficou em 15,9% do PIB em 2022. Em 2021, o índice foi de 17,4%. Já a taxa de investimento marcou 18,8% em 2022. Em 2021, o índice foi de 18,9%. As exportações cresceram 3,5% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, as exportações mostraram alta de 11,7%. No ano de 2022, as exportações subiram 5,5% ante 2021. As importações contabilizadas no PIB, por sua vez, caíram 1,9% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, as importações mostraram alta de 4,6%. No ano de 2022, as importações aumentaram 0,8% ante 2021. A contabilidade das exportações e importações no PIB é diferente da realizada para a elaboração da balança comercial. No PIB, entram bens e serviços, e as variações porcentuais divulgadas dizem respeito ao volume. A balança comercial, entram somente bens, e o registro é feito em valores, com grande influência dos preços.

O segmento de informação e comunicação avançou 5,4% em 2022 ante 2021, e o de transporte e armazenagem cresceu 8,4%. O setor de produção de eletricidade e água cresceu 10,1% em 2022 ante 2021, e o comércio subiu 0,8%. As atividades financeiras avançaram 0,4%, e as atividades imobiliárias tiveram expansão de 2,5%. A construção avançou 6,9% em 2022, e as outras atividades de serviços subiram 11,1%. A administração pública e seguridade social teve elevação de 1,5%. A indústria de transformação caiu 0,3% em 2022 em relação a 2021, e as indústrias extrativas recuaram 1,7%. As atividades financeiras cresceram 0,9% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022, já as atividades imobiliárias subiram 0,7%. As indústrias extrativas avançaram 2,5% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre de 2022, e o segmento de informação e comunicação subiu 1,8%. As outras atividades de serviços tiveram expansão de 0,9% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre do ano, e transporte e armazenagem subiram 0,2%.

Basicamente o que puxou para baixo (a queda de 0,2% no PIB) foi indústria de transformação e comércio no trimestre, porque têm peso importante. A produção de eletricidade e água caiu 0,4% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre de 2022, enquanto o comércio recuou 0,9%. A indústria de transformação encolheu 1,4%, e a construção caiu 0,7%. A administração pública e seguridade social diminuíram 0,5%. O IBGE revisou o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2022 ante o segundo trimestre de 2022, que passou de alta de 0,4% para aumento de 0,3%. O órgão também revisou a taxa do PIB do segundo trimestre de 2022 ante o primeiro trimestre de 2022, de uma alta de 1,0% para elevação de 0,9%. A taxa do primeiro trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021 permaneceu inalterada, um avanço de 1,3%. No entanto, o resultado do quarto trimestre de 2021 ante o terceiro trimestre de 2021 passou de aumento de 0,9% para alta de 1,1%.

A alta de 2,9% no PIB brasileiro em 2022 foi impulsionada pela demanda interna, que respondeu por 2% do crescimento da economia no ano. Dentro dessa demanda interna obviamente teve maior peso o Consumo das Famílias. O setor externo contribuiu com 0,9% para a alta do PIB em 2022. O setor externo contribuiu positivamente. O País teve a exportação de bens e serviços crescendo mais que a importação. A queda de 0,2% no PIB do quarto trimestre de 2022, ante o terceiro trimestre do mesmo ano, foi a primeira retração da economia desde o segundo trimestre de 2021, quando houve uma queda de 0,3% na comparação com os três primeiros meses daquele ano. Na série com ajuste sazonal, a retração do PIB marcou uma freada no ritmo da atividade no quarto trimestre. A alta de apenas 0,2% no PIB de serviços ante o terceiro trimestre foi a menor, nessa base de comparação, desde que a economia nacional entrou em recuperação após o fundo do poço da crise causada pela Covid-19.

No auge da crise, os serviços caíram 9,7% no segundo trimestre de 2020, ante os três primeiros meses daquele ano. A queda de 0,3% no PIB da indústria no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre foi a maior desde o segundo trimestre de 2021, quando houve um recuo de 1,4% frente aos três primeiros meses daquele ano. A construção civil teve o pior desempenho, na margem, desde o segundo trimestre de 2020, quando tombou 6,0% ante o primeiro trimestre daquele ano. No quarto trimestre do ano passado, a atividade teve retração de 0,7% sobre o terceiro trimestre. A queda de 1,4% na indústria da transformação no quarto trimestre de 2022 sobre o terceiro trimestre foi a maior retração desde o terceiro trimestre de 2021, quando houve uma queda na mesma magnitude, de 1,4%, sobre o segundo trimestre do mesmo ano. O PIB per capita alcançou R$ 46.154,6 no Brasil em 2022, um avanço real de 2,2% em relação ao ano anterior. As atividades financeiras cresceram 2,4% no quarto trimestre de 2022 ante o quarto trimestre de 2021, já as atividades imobiliárias avançaram 3,2%.

As indústrias extrativas tiveram expansão de 1,4% no quarto trimestre de 2022 em relação ao quarto trimestre de 2021, e o setor de informação e comunicação cresceu 4,9%. A produção de eletricidade e água aumentou 10,8%, o comércio subiu 2,1%, e a indústria de transformação avançou 1,0%. A construção aumentou 3,2%, e transporte e armazenagem avançaram 5,3%. As outras atividades de serviços expandiram 8,3%, e administração pública e seguridade social caíram 0,3%. O aperto na política monetária foi o principal motivo para a desaceleração do ritmo da economia no fim do ano passado, demonstrada na retração de 0,2% no PIB do quarto trimestre sobre o terceiro trimestre de 2022. A política monetária contracionista, em alguma hora, teria mais efeito. Ao longo de 2022, a política fiscal teve um comportamento expansionista, com o governo federal adotando medidas que impulsionaram a renda das famílias. A política monetária teve comportamento contracionista, com sucessivos aumentos na taxa básica Selic, que atingiu 13,75% ao ano em agosto e continua assim desde então.

Como os efeitos expansionistas da política fiscal são mais imediatos, logo tiveram efeito sobre a atividade econômica. Já a política monetária, cujo efeito contracionista demora um pouco mais para ser sentido, agiu para valer no quarto trimestre. A política fiscal, de auxílio à renda das famílias, é mais eficiente. No primeiro momento já aumenta a renda disponível. Já a política monetária tem certo `delay' para ter efeito total sobre a economia. O Brasil alcançou uma necessidade de financiamento de R$ 218,0 bilhões em 2022, ante um resultado de R$ 180,3 bilhões em 2021. O saldo externo de bens e serviços passou de R$ 83,8 bilhões em 2021 para R$ 74,5 bilhões em 2022, redução de R$ 9,3 bilhões. A renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo saiu de R$ 281,7 bilhões para R$ 312,2 bilhões, alta de R$ 30,5 bilhões no período. A desaceleração do ritmo da economia no fim do ano passado ainda foi marcada por desempenhos desiguais entre setores e atividades.

A queda de 0,2% no PIB do quarto trimestre, ante o terceiro trimestre de 2022, deixou o nível agregado da atividade econômica abaixo do ponto máximo da série histórica na mesma magnitude, mas, com crescimento de 0,2% na margem, o nível de atividade de serviços renovou seu ponto máximo da série do IBGE, iniciada em 1996. Pela ótica da demanda, com crescimento de 0,3% na passagem do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, o consumo das famílias também atingiu no fim de 2022 o maior nível da série, desde 1996. Ao longo de 2022, os destaques do crescimento econômico foram o consumo das famílias, pela ótica da demanda, e o setor de serviços, pela ótica da oferta. E mesmo na dinâmica entre os dois componentes, houve desigualdades. O consumo das famílias voltado para os bens ficou praticamente estável em 2022 ante 2021. Por sua vez, o consumo de serviço teve um salto de 8,7%. Se dividir a despesa de consumo das famílias entre bens e serviços, é possível observar que o consumo de bens ficou estável, mas o de serviços cresceu 8,7%.

Ainda na ótica da demanda, chama a atenção o fato de que o crescimento anual das exportações, de 5,5% em 2022 ante 2021, não foi tão pautado por commodities. Apesar do crescimento nas exportações de petróleo e milho, houve quedas nas vendas externas de soja, por causa da quebra da safra passada, e de minério de ferro, por causa de uma menor demanda da China, em meio às restrições da política de "Covid zero". Com isso, houve exportações também da indústria de transformação, com destaque para os setores de alimentos e automotivo. Mesmo com essa demanda externa, a indústria da transformação fechou 2022 com queda de 0,3% ante 2021, após uma retração de 1,4% no quarto trimestre sobre o terceiro, o que levou o nível de atividade da indústria de transformação para um ponto 0,9% abaixo do registrado no quarto trimestre de 2019, antes da pandemia de Covid-19 se abater sobre a economia. Ainda no setor externo, chama a atenção para o fato de os serviços terem figurado como item importante tanto nas exportações quanto nas importações.

O destaque aí foi a recuperação do turismo, com mais estrangeiros gastando no País e mais brasileiros gastando em viagens ao exterior. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) subiu 0,9% em 2022, impulsionada pelo desempenho do componente construção. Dentro da FBCF, o componente de construção subiu 6,1% em 2022, enquanto o componente de máquinas e equipamentos caiu 7,3%. Já o componente de outros ativos avançou 14,0%. As máquinas e equipamentos respondem por 43,2% da FBCF, enquanto a construção responde por 42,6%, e os outros ativos, 14,2%. A elevação de 4,2% no setor de serviços impulsionou o crescimento do PIB em 2022. O avanço da atividade econômica brasileira teve ajuda também da alta de 1,6% no PIB da Indústria. Juntos, os dois componentes representam cerca de 90% do PIB, sob a ótica da oferta. Dos 2,9% de crescimento em 2022, os Serviços foram responsáveis por 2,4%. Além de ser o setor de maior peso, foi o que mais cresceu, o que demonstra como foi alta a sua contribuição na economia no ano.

O PIB de Serviços subiu em 2022 com o consumo de outros serviços (que inclui serviços presenciais), de transporte e de informação e comunicação. Foi uma continuação da retomada da demanda pelos serviços após a pandemia de Covid-19. Em outros serviços, pode-se destacar setores ligados ao turismo, como serviços de alimentação, serviços de alojamento e aluguel de carros. No PIB industrial, a atividade Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos saltou 10,1%, em meio a bandeiras tarifárias mais favoráveis em 2022. A construção também teve expansão, impulsionada por um aumento na ocupação no setor e por obras públicas em ano eleitoral. O crescimento dessa atividade está muito relacionado à recuperação em relação à crise hídrica de 2021. Além do crescimento da economia, houve o desligamento das térmicas, diminuindo os custos de produção, o que contribui para o aumento do valor adicionado da atividade.

Ademais, a atividade de Construção, com alta de 6,9%, corroborada pelo aumento na sua ocupação, foi influenciada pelo ano eleitoral, que sempre apresenta uma maior quantidade de obras públicas. A indústria de transformação recuou 0,3% em 2022, influenciada por perdas na fabricação de produtos de metal, químicos, móveis, produtos de madeira e de borracha e plástico. A queda foi amenizada por um bom desempenho de derivados do petróleo, alimentos e defensivos. As indústrias extrativas caíram 1,7%, devido a uma redução na extração de minério de ferro. O resultado das indústrias extrativas no ano foi puxado pela queda na extração de minério de ferro, relacionada ao lockdown ocorrido na China, maior comprador de produtos do Brasil, enquanto as indústrias de transformação foram impactadas negativamente devido a fatores como juros altos e custos de matéria-prima elevados.

Ainda sob a ótica da oferta, o PIB da Agropecuária recuou 1,7% em 2022, em decorrência de queda de produção e perda de produtividade da agricultura, que suplantou a contribuição positiva das atividades de pecuária e pesca. A quebra da safra de soja puxou o recuo no PIB Agropecuário, mas perdas na produção de arroz e fumo também influenciaram negativamente. As boas safras de milho, café e cana-de-açúcar evitaram uma perda mais acentuada. Na análise pelo lado da despesa, o Consumo das Famílias avançou 4,3% em relação ao ano anterior, e o Consumo do Governo cresceu 1,5%. O avanço no Consumo das Famílias foi impulsionado pela maior demanda pelos serviços presenciais; pela melhora no mercado de trabalho, que aumentou a massa salarial em circulação no País; pelo pagamento de auxílios governamentais e políticas de desoneração fiscal; e pelo crescimento no saldo de operações de crédito para pessoas físicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.