15/Mar/2023
A inflação ao consumidor dos Estados Unidos no mês de fevereiro complica a situação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e o pressiona a continuar subindo os juros em meio a preocupações de estabilidade financeira após dois bancos fecharem as portas no país. O indicador fez Wall Street cravar suas expectativas de uma alta de 25 pontos-base nas taxas em sua próxima reunião, na semana que vem. O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 0,4% em fevereiro na comparação com janeiro. No ano, desacelerou para 6,0%, contra 6,4% no mês anterior. Já o núcleo, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, subiu 0,5% em fevereiro contra janeiro, acima do ritmo de 0,4% esperado por analistas. O índice anual também perdeu força para 5,5% ante 5,6%, nesta ordem. Segundo a Oxford Economics, a inflação continua sendo uma problema para o Fed e o CPI de fevereiro apoia a previsão de um aumento de 25 pontos-base nas taxas dos Fed Funds (que são os juros básicos dos Estados Unidos) na próxima reunião.
Depois do indicador, a probabilidade de o Fed elevar os juros em 25 pontos-base na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) na próxima semana, chegou a bater a casa dos 90%, conforme levantamento do CME Group. Na última hora, porém, tais chances se reduziram para 71,6% contra 65,00% no dia 13 de março. Por sua vez, a expectativa de uma manutenção dos juros caiu para 28,4% contra 35,0%, nesta ordem. Tanto o CPI de fevereiro quanto o índice de preços de gastos com consumo (PCE), que subiu 0,6% em janeiro e é a medida preferida do Fed, seguem bem acima da meta de inflação de 2% ao ano, pressionando o Fed a continuar subindo os juros no país. Por outro lado, os temores de estabilidade financeira gerados pelo fechamento de três bancos nos Estados Unidos em questão de dias estão sendo monitorados de perto pela autoridade e devem influenciar sua decisão. Focado em empresas startups, o Silicon Valley Bank (SVB) faliu na sexta-feira (10/03). No domingo (12/03), reguladores anunciaram a quebra de outro banco, o Signature Bank, também com atuação voltada ao universo cripto, sob a justificativa de se evitar um "risco sistêmico".
Depois da quebra de bancos, casas como o Goldman Sachs e o Barclays passaram a considerar a possibilidade de o Fed manter os juros inalterados na reunião que acontece entre os dias 21 e 22 de março. Para a Capital Economics, o aumento do núcleo dos preços ao consumidor no mês passado amplia a evidência de que a inflação permanece teimosamente alta, mas as consequências contínuas da crise do SVB nos próximos dias ainda devem ter uma influência maior sobre o que acontecerá no FOMC na reunião da próxima semana. O suíço Credit Suisse vê riscos de o Fed fazer uma pausa no veloz aperto monetário que tem promovido na luta contra a inflação diante do atual estresse bancário. Reforça, porém, que o CPI de fevereiro pressiona para que os juros americanos continuem em ritmo ascendente. Uma alta de 25 pontos-base ainda é uma possibilidade se os mercados permanecerem calmos, e a expectativa é de que a retórica do Fed e o gráfico de pontos continuem a apontar para um maior aperto neste ano.
A Oxford ressalta que, apesar de o estresse bancário estar elevado, o Fed continua perseguindo o objetivo de domar a inflação nos Estados Unidos. A autoridade pode apoiar a liquidez do sistema bancário e apertar a política monetária ao mesmo tempo. O Citi reforça o coro de uma alta de 25 pontos-base na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) e reafirma sua expectativa de que os juros básicos chegarão às taxas terminais de 5,50% a 5,75% ao ano. Atualmente, estão entre 4,50% e 4,75%. Os mercados estão subestimando como o Fed continuará a usar sua ferramenta de taxa de juros para pesar sobre a inflação muito alta. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, celebrou a redução da inflação no país desde o último verão e o aumento anual mais lento desde setembro de 2021. Mas, admitiu um caminho difícil à frente. Segundo Biden, com os desafios do setor bancário nos lembram, haverá contratempos ao longo do caminho na transição para um crescimento constante e estável. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.