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16/Mar/2023

Setor bancário: Credit Suisse eleva temores globais

Enquanto os mercados globais esboçavam um movimento de recuperação da turbulência gerada pela quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank nos Estados Unidos, incertezas quanto ao futuro do Credit Suisse reacenderam a preocupação de investidores com o setor bancário. A instituição suíça exacerbou os questionamentos em torno da possibilidade do início de uma crise mais ampla, devido à sua exposição global. Ao mesmo tempo, o movimento pode desencadear uma nova onda de fusões e aquisições (M&As) para conter o risco de contágio no sistema financeiro. Bolsas mundiais enfrentaram um dia de perdas após o principal acionista do Credit Suisse, o Saudi National Bank, descartar conceder mais assistência financeira ao banco. O saudita comprou uma fatia de quase 10% no fim do ano passado quando entrou em um plano de aumento de capital, no qual se dispôs a investir até US$ 1,5 bilhão no banco, que já estava envolto de uma crise quase que existencial em sua história.

"A resposta é absolutamente não, por muitas razões além da razão mais simples, que é regulatória e estatutária", disse o presidente do SNB à Bloomberg TV nesta quarta-feira (15/03), ao ser questionado se o banco estaria disposto a ajudar o Credit caso necessitasse de uma nova liquidez adicional. Sua fala derrubou as ações do Credit Suisse, que renovaram o patamar histórico de baixa e tiveram negociações interrompidas. A posição também desencadeou um novo movimento de aversão a risco no setor bancário global, o que derrubou as bolsas na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil. Os Credit Default Swap (CDS), espécie de seguro contra calote, do Credit Suisse dispararam mais de 800 pontos-base, ultrapassando até mesmo os níveis vistos na grande crise financeira internacional de 2008, enquanto os seus títulos de dívida caíram a patamares associados a empresas com dificuldades financeiras. Os recentes episódios no setor bancário não surpreendem e são consequência do extenso período de afrouxamento monetário.

Muito tempo com dinheiro disponível dos bancos centrais causou acomodação e resultou na situação atual. No entanto, os bancos centrais não devem permitir que uma crise bancária se alastre pelo mundo. Uma nova onda de fusões e aquisições pode ser a saída para evitá-la. No caso do Credit Suisse, por exemplo, talvez essa pressão finalmente force o banco central suíço a aprovar a fusão com o UBS. Não se descarta mais casos de bancos em dificuldades na Europa e nos Estados Unidos. Os bancos de países emergentes são mais resilientes e não devem ter problemas. O risco nunca é zero. Mas é bem baixo. A BlackRock reforçou o coro para o risco de novas quebras no setor bancário como reflexo do período de "dinheiro fácil" (fim dos juros baixos no mundo). Ainda não se sabe se as consequências do dinheiro fácil e das mudanças regulatórias se espalharão pelo setor bancário regional dos Estados Unidos. Ainda é muito cedo para saber o quão generalizado será o dano.

Para a Capital Economics, o Credit Suisse é, em princípio, uma preocupação muito maior para a economia global do que os bancos regionais dos Estados Unidos, que estavam na linha de fogo na semana passada após a quebra do SVB e do Signature. O Credit Suisse não é apenas um problema suíço, mas global. As preocupações em torno do Credit Suisse levantam a questão se este é o começo de uma crise global ou apenas mais um caso "idiossincrático" do setor bancário. O banco suíço foi amplamente visto como o "elo mais fraco" entre os pesos pesados do setor na Europa, mas não é o único que tem lutado contra a fraca lucratividade nos últimos anos. Seria tolice presumir que não haverá outros problemas no futuro, como quebras de bancos nos Estados Unidos e crise no mercado de bônus do Reino Unido (gilts). O Credit Suisse afirmou que o efeito de contágio do SVB e do Signature é "local e contido" e evitou comentar sobre a possibilidade de o banco suíço vir a necessitar de algum suporte do governo no futuro. O banco é regulamentado, tem fortes índices de capital e balanço muito forte. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.