ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Mar/2023

Disputa por lugar na comitiva de Lula para China

Empresários brasileiros disputam vaga na comitiva que acompanhará a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, no fim deste mês. A visita de Estado pretende intensificar os negócios com o país asiático, após um período de ruídos diplomáticos no governo Jair Bolsonaro, e se tornou a mais cobiçada por agentes econômicos nos últimos anos. A lista da megacomitiva tem cerca de 200 empresários, de 140 setores, toda a cúpula do Congresso, governadores e ao menos seis ministros. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, afirmou que Lula lhe perguntou quais eram os setores mais relevantes para a viagem à China. Do agronegócio à mineração, passando por aeronáutica, indústria e tecnologia e construção civil, são muitos os setores que querem acompanhar a comitiva à China, de 26 a 30 deste mês. “É um overbooking de empresários”, comparou Alckmin. Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com superávit a favor do País de US$ 61,8 bilhões em 2022.

Mas, há interesse brasileiro em mudar o perfil, baseado na exportação de commodities e importação de manufaturados, com o objetivo de gerar mais empregos para brasileiros. Diplomatas dizem que uma lista de acordos em diferentes áreas de cooperação está em discussão para ser firmada, entre elas uma iniciativa ambiental. A China tem acenado com investimentos na indústria automobilística nacional, com a expectativa de aquisição da antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA) pela BYD. Há interesse em ampliar as exportações de carne ao país, o que explica a presença na comitiva de grandes frigoríficos, a fim de ter novas plantas habilitadas. A Embraer reforçou a ofensiva para vender a linhas aéreas chinesas seu mais moderno avião comercial, um jato de médio porte 190 E2. A dimensão da comitiva expõe o interesse comercial e político. Lula será o primeiro líder político latino-americano recebido por Xi Jinping, recém-reeleito pelo Parlamento chinês para um terceiro mandato inédito.

Do ponto de vista geopolítico, Lula quer discutir com Xi Jinping o fim da guerra na Ucrânia. A comitiva empresarial terá representantes dos setores de infraestrutura, bancos, agronegócio, proteína animal, alimentos, roupas e calçados, telecomunicações, além de inovação digital. Entre as empresas que irão à China estão JBS, Marfrig, Vale, Embraer, Suzano e os bancos Bradesco e Marka. Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), a relação Brasil-China será retomada com muita força, coisa que no governo Bolsonaro foi tratada com negligência. O embaixador chinês no Brasil passou mais tempo tendo problemas com piadas de mau gosto, o que foi danoso à economia brasileira. A China tem US$ 2,6 trilhões de investimento externo no mundo e só R$ 30 bilhões no Brasil. o governo quer criar o ambiente para ter conversas de negócios, um encontro empresarial. Os pesos-pesados do PIB têm buscado três interlocutores no governo para participar da missão.

Lideram a montagem da comitiva, e a distribuição de vagas, Alckmin, Viana e Alexandre Padilha, ministro da Secretaria de Relações Institucionais. São eles que recebem os pedidos e filtram a lista. A Apex Brasil chegou a abrir um formulário online para manifestação de interesses em participar de um encontro de Lula com empresários chineses e brasileiros, em Pequim. A ideia é que levantem demandas e entraves ao avanço do comércio e de investimentos e possam dialogar entre si e diretamente com Lula. Parcerias podem ser concluídas e anunciadas, embora o evento não tenha um formato de rodada de negócios. Na prática, eles pagarão as próprias despesas, mas podem ser escalados pelo governo para falar em apresentações e ter assento em reuniões e seminário empresarial preparado pela Apex Brasil com empresários chineses. O foco são os chefes das empresas estatais chinesas que podem fazer investimentos no Brasil. Além dos órgãos governamentais, a preparação passa por interlocutores de entidades privadas, como o Lide China, o Conselho Empresarial Brasil-China e o Ibrachina.

A comitiva já tem 32 parlamentares brasileiros, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Do Senado, estarão presentes o presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Renan Calheiros (MDB-AL), e Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo. O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, também embarcará para China. A base das atividades e até da comitiva deve ser o hotel St. Regis, vizinho à embaixada, onde ex-presidentes já se hospedaram antes. O governo chinês chegou a oferecer a Lula hospedagem em residência oficial, mas ele decidiu optar por um hotel para concentrar as atividades empresariais. Lula levará na viagem a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), indicada para assumir o comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), em Xangai.

A comitiva também deve contar com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Carlos Fávaro (Agricultura), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). Conforme agenda divulgada, em Pequim, estão previstos encontros de Lula com Xi Jinping, além do primeiro-ministro da China, Li Qiang, e do presidente da Assembleia Popular Nacional, Zhao Leji. Nessas reuniões, será tratada a pauta bilateral, incluindo comércio, investimentos, reindustrialização, transição energética, mudança climática, pacificação e segurança mundial. Ao final da viagem, o presidente Lula viajará a Xangai, onde fará visita à sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O presidente prepara uma “mega comitiva” à China. A comitiva empresarial contará com aproximadamente 140 grupos econômicos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.