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29/Mar/2023

Apex expõe para China desmatamento da Amazônia

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), Jorge Viana, defendeu na China que governo e empresários devem reconhecer problemas ambientais relacionados ao desmatamento da Amazônia ao invés de tentar ocultá-los. Diante de uma delegação composta principalmente por executivos do agronegócio, que sofrem pressão externa e interna por investimentos em sustentabilidade e até campanhas de boicote contra seus produtos, Viana associou a derrubada da floresta ao avanço da pecuária. “Nós, brasileiros, deveríamos parar de dizer fora do Brasil que o Brasil não tem problema ambiental. Nós temos e faz muito tempo”, afirmou Jorge Viana, que é engenheiro florestal e governou o Acre. Ele falou em um seminário organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), realizado no Centro para China e Globalização (CCG). “Se nós reconhecermos o que já foi feito de equivocado, teremos maiores condições de defender aquilo de bom que estamos fazendo na Amazônia ou procuramos fazer.”

A China é o principal mercado comprador dos produtos do agronegócio nacional. Viana discursou diante de uma plateia de cerca de 100 representantes de governos locais, autoridades chinesas, e executivos de empresas gigantes do mercado brasileiro, como a Suzano, JBS e Vale. Estavam na plateia representantes da Syngenta, Cargill e de think tanks chineses, além de diplomatas e especialistas em relações internacionais e integrantes da assessoria especial da Presidência da República. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, abriu o seminário, mas não estava presente quando Viana falou. O presidente da Apex citou uma série de dados para embasar sua tese. Segundo ele, nos últimos 50 anos 21% da Amazônia foi desmatada, uma área de 84 milhões de hectares. Outros 79% por cento da Amazônia permanecem preservados. Os 84 milhões de hectares que foram desmatados são usados da seguinte maneiro: 67 milhões de hectares para a pecuária; 6 milhões para agricultura de grãos; e 15 milhões são de floresta secundária, afirmou o presidente da Apex.

Ele creditou os dados a instituições como Ministério da Agricultura, FAO, e entidades de monitoramento por satélite do desmatamento, como o MapBiomas e o Imazon. Segundo a Apex, o Brasil reconhecendo os problemas que tem pode apresentar soluções extraordinárias e essas soluções podem ser muito fortes no sentido de convencer interlocutores. Segundo Viana, o desmatamento foi reduzido nos governos FHC, Lula 1 e 2, e Dilma Rousseff, mas dobrou no governo Jair Bolsonaro. Houve problemas com o governo passado, que incentivou a ocupação de terras indígenas e o desmatamento. Ele ponderando que o setor produtivo e a sociedade civil decidiram enfrentar o desmatamento. Ele também disse que o Código Florestal brasileiro ainda não foi totalmente implementado. Para o presidente da Apex, quando o País consegue reverter essa tendência, ainda em alta no governo Lula, conforme dados do Deter, deve ser considerado uma vitória também do setor produtivo.

Ele propôs melhorias tecnológicas no uso da terra e restauração florestal. Vale, Suzano e Marfrig vão recuperar 4 milhões de hectares em área degradada. Viana defendeu a formalização de um mecanismo de cooperação ambiental do Brasil com a China, maior emissor de gases estufa do mundo, com destaque para o mercado de créditos de carbono. A senadora e ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, questionou e chamou de "insensata" a afirmação feita pelo presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, de que o governo brasileiro e o empresariado devem reconhecer seus problemas ambientais relacionados ao desmatamento da Amazônia, em vez de tentar ocultá-los. A Apex sempre promoveu as exportações, onde o agro é campeão. Mas, segundo Teresa Cristina, agora a Apex acusa o agro de desmatar a Amazônia diante dos maiores clientes na China. Para a senadora, a Apex parece querer prejudicar a imagem do País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.