11/Abr/2023
O Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO), faz um alerta sobre a importância da condução da política fiscal para o rumo dos juros no Brasil e a volta aos níveis pré-pandemia. A taxa Selic saltou de 2,00% no início de 2021 para os atuais 13,75%. O chamariz do FMI ocorre às vésperas da proposta de novas regras para o controle dos gastos públicos a ser encaminhada ao Congresso pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Maiores necessidades de financiamento fiscal elevaram as taxas reais em alguns países, como no Japão e no Brasil. Outros fatores como o aumento da desigualdade ou a queda da participação do trabalho também contribuíram para a subida de juros no Brasil, mas em menor escala.
Embora os economistas do FMI evitem comentar especificamente a proposta do novo arcabouço fiscal brasileiro, que vai substituir o teto de gastos, que condiciona o crescimento das despesas à inflação, o estudo reforça o alerta para a influência da condução da política fiscal no comportamento dos juros no País. No Brasil, é principalmente o grande aumento do consumo público, financiado pela tributação, que explica a contribuição positiva da política fiscal, ainda que o aumento da dívida pública também desempenhe o seu papel. No mundo, a queda das taxas está condicionada ao controle da elevada inflação. O veloz aperto monetário global é temporário.
Quando os bancos centrais conseguirem controlar a inflação, a política deve ser afrouxada nas economias avançadas, fazendo com que as taxas de juros reais retornem aos níveis pré-pandemia. No caso de países emergentes, haverá uma convergência gradual. Em grandes mercados emergentes, projeções conservadoras de futuras tendências demográficas e de produtividade sugerem uma convergência gradual para as taxas de juros reais das economias avançadas. No entanto, a proximidade dos juros atuais com o patamar visto antes da Covid-19 vai depender do comportamento da dívida pública dos países, persistentemente mais elevada após a pandemia.
São fatores relevantes para a regressão das taxas a forma como políticas climáticas serão financiadas e a extensão do movimento de desglobalização, agravado após a invasão russa à Ucrânia. Também foi avaliado o impacto do aumento de juros em economias avançadas para as taxas de países subdesenvolvidos. A contribuição das taxas naturais dos Estados Unidos tende a ser maior para os países do Leste Asiático e da América Latina. Taxas naturais são aquelas que mantêm a inflação ancorada na meta e a economia operando em pleno emprego, nem expansionista, nem contracionista.
Um aumento de 1% na proporção da soma dos ativos e passivos estrangeiros em relação ao PIB (IIPGDP) pode aumentar a importância das taxas dos Estados Unidos para os juros de economias emergentes ou em desenvolvimento em 0,5% após uma década e em 0,9% passados 20 anos. Para o Brasil, com um IIPGDP de cerca de 40%, 20% da previsão das taxas de juros reais brasileiras é atribuível aos juros nos Estados Unidos após uma década, índice que sobe para cerca de 36% depois de 20 anos. Isso implica transbordamentos consideráveis na dinâmica dos juros entre os países, mas com frequência bastante baixa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.