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18/Abr/2023

FMI reforça os alertas para inflação e riscos fiscais

O mercado brasileiro experimentou, na última semana, uma euforia que não via há tempos. A Bolsa disparou mais de 5 mil pontos, o dólar voltou a ser negociado abaixo de R$ 5,00, e no nível mais baixo em quase um ano, e os juros futuros caíram a ponto de passarem a indicar corte da Selic já no mês de junho. Tudo devido à esperança de inflação menor e fiscal sob controle. Não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos, onde alguns indicadores trouxeram a expectativa de pausa nos juros, e até de redução neste ano. Mas, em Washington, capital norte-americana, autoridades brasileiras e globais pareciam falar de outro país e de outro mundo. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sentenciou a investidores que não é hora de cortar os juros. E o principal alerta da elite financeira durante as reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, tanto para o Brasil quanto para o mundo, foi: a inflação e as contas públicas ainda requerem cuidados.

A turbulência bancária foi um importante lembrete de que o cenário global ainda continua frágil, com riscos negativos predominando no horizonte. A inflação global deve cair neste ano, mas tem se mostrado resistente e deve seguir bem acima da meta dos bancos centrais, de 2% nos Estados Unidos, Inglaterra e Europa. Isso pode exigir que a política monetária se aperte ainda mais ou permaneça apertada por mais tempo do que o previsto. Quanto ao Brasil, embora o País tenha subido os juros antes, também há divergência entre o que o mercado pensa e o direcionamento da política monetária. O melhor desempenho do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março que animou os traders no Brasil foi encarado por Campos Neto como "só mais um dado" e que não sustenta o início do corte das taxas no País. Como o Brasil subiu antes os juros, o ponto de atenção em relação ao País durante as chamadas 'Spring Meetings' é exatamente a questão fiscal.

O alerta ocorre às vésperas de o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhar uma proposta de um novo arcabouço ao Congresso. Se o FMI estiver certo, o Brasil deve voltar ao vermelho depois de dois anos no azul e elevar o seu endividamento como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) a um nível que só perde para países como a Ucrânia, que sofre os custos da guerra, e Egito. Apesar disso, o Ministério da Fazenda acredita que a implementação do novo arcabouço fiscal vai fazer com que o FMI e outros agentes revejam as perspectivas para o Brasil. A proposta de um novo arcabouço fiscal brasileiro é positiva no médio prazo e traz metas ambiciosas para o orçamento do governo brasileiro, mas o FMI ainda está analisando o tema antes de mexer em suas projeções. O Fundo também cortou a sua projeção de alta do PIB do Brasil para 0,9% ante 1,2% neste ano. Por sua vez, o Banco Mundial anunciou expectativa de crescimento de 0,8%. Em 2022, o Brasil cresceu 2,8%.

A questão mais premente no Brasil é a disciplina fiscal e a eficiência da política regulatória para sustentar o crescimento. A desaceleração da economia brasileira indica preocupações de investidores. Para a Oxford Economics, as perspectivas do FMI ainda são muito otimistas. O FMI cortou sua projeção de crescimento para a América Latina e Caribe principalmente devido a uma revisão negativa da perspectiva do Brasil, que ainda está bem acima de nossa projeção de crescimento de 0,6%. O FMI também está mais cético quanto ao desempenho global e passou a ver recessão na Alemanha, bem como no Reino Unido. O Bundesbank (o banco central da Alemanha) afirmou que é mais positivo do que o FMI, e não vê uma recessão este ano. O FMI espera que a economia mundial cresça 2,8% neste ano, contra alta anterior de 2,9%. Se a turbulência bancária se agravar, seu cenário alternativo (e negativo) indica uma desaceleração ainda maior, o que poderia custar mais 0,3% ao PIB global.

Para o FMI, o prognóstico mais preocupante é o baixo crescimento à frente em meio a um mundo fragmentado, o que pode enfraquecer ainda mais o desempenho global. O PIB mundial deve manter expansão abaixo de 3% nos próximos cinco anos, sua expectativa mais pessimista em quase três décadas. Não há grandes esperanças de atender às aspirações das pessoas, especialmente das pessoas pobres. As reuniões de Primavera do FMI e do Banco Mundial chegam ao fim com o reforço ao alerta para a persistente inflação no mundo e o peso da política fiscal na condição da monetária, uma saída para os juros subirem menos já que terão de ser mantidos em patamares elevados por mais tempo. Sem grandes conclusões, os encontros cobraram "mão firme" dos bancos centrais e responsabilidade dos demais formuladores de políticas. Foram ainda uma mostra das próximas reuniões anuais que serão realizadas em Marraquexe, no Marrocos, em outubro próximo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.