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27/Abr/2023

Mudanças climáticas impactam no litoral do Brasil

De acordo com resultados de uma pesquisa publicada na terça-feira (25/04) na revista Scientific Reports, do grupo Nature, o litoral brasileiro, especialmente as Regiões Sul e Sudeste, já vem sofrendo impactos das mudanças climáticas, com temperaturas do ar cada vez mais extremas e aumento da frequência das variações térmicas ao longo dos anos. Nos litorais do Espírito Santo, do Rio Grande do Sul e de São Paulo, a frequência de ocorrências diárias de extremos de temperatura e das ondas de calor aumentou ao longo dos últimos 40 anos, com um crescimento de 188%, 100% e 84%, respectivamente. O estudo, realizado por cientistas do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avaliou ondas de calor ao longo da costa do Brasil por meio da variação na intensidade e frequência de eventos extremos de temperatura.

Para os pesquisadores, o conjunto de dados e métodos se mostrou uma abordagem a ser utilizada em trabalhos sobre extremos climáticos, com indicadores de intensidade, frequência e duração, podendo ser aplicado também a outras regiões do planeta. Os resultados mostram que as Regiões Sudeste e Sul já enfrentam impactos da temperatura do ar que podem afetar não só a biodiversidade como a economia. O litoral do Espírito Santo foi a região mais atingida entre as cinco estudadas porque, além do calor, foi a única onde a frequência de ondas de frio também é cada vez maior. A biodiversidade é afetada com a mudança de comportamento de diversas espécies por ondas de calor e de frio, sem contar que esses eventos extremos de temperatura podem ocasionar a mortalidade de animais terrestres e aquáticos. Para o Instituto do Mar da Unifesp, o estudo traz relação com a saúde pública, já que vários tipos de doenças respiratórias estão associados à temperatura.

O aumento de ondas de calor e de frio tem vários impactos na sociedade, que vão desde o desconforto térmico até o crescimento de incêndios florestais, problemas de saúde e da mortalidade de animais, plantas e dos seres humanos, especialmente idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) apontam que cerca de 559 milhões de crianças em todo o mundo estão expostas a altas frequências de ondas de calor. Se o aumento médio da temperatura global atingir 1,7 °C em relação à era pré-industrial, esse total subirá para 1,6 bilhão de crianças até 2050. Além de analisar a série histórica de dados de temperatura do ar observados a cada hora do dia ao longo dos últimos 40 anos em cinco regiões costeiras: Maranhão (São Luís), Rio Grande do Norte (Natal), Espírito Santo (São Mateus), São Paulo (Iguape) e Rio Grande do Sul (Rio Grande), os pesquisadores utilizaram modelos matemáticos para definir o que seriam extremos de temperatura para cada uma dessas áreas em cada mês do ano.

Foram consideradas diferenças regionais e estação climática. A pesquisa avaliou os padrões sazonais e diários, com impactos medidos em termos de ocorrências (dias em que um extremo aconteceu) e de eventos (dias seguidos da ocorrência de extremos, caracterizando uma onda). Das regiões analisadas, os litorais do Maranhão e do Rio Grande do Norte não registraram alterações nos padrões de extremos de temperatura. Os pesquisadores estudaram ainda as variações da amplitude térmica ao longo de um mesmo dia e as mudanças bruscas de temperatura, comparando máximas ou mínimas de dias consecutivos. As maiores temperaturas máximas ocorreram em Iguape (SP), variando de 29,5°C (julho de 2000) a 40,4°C (janeiro de 2016), onde também houve maior variação de mínimas, de 1,0°C, em julho de 1990, a 17,9°C, em fevereiro de 2018. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.