27/Abr/2023
Segundo o Banco Inter, a queda dos preços das commodities agrícolas contribuiu para a desaceleração dos preços dos alimentos no Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) de abril. A dinâmica deve permanecer ao longo do ano. O IPCA-15 desacelerou de 0,69% em março para 0,57% em abril. O grupo Alimentação e bebidas desacelerou (0,20% para 0,04%) e a alimentação no domicílio registrou deflação (0,02% para -0,15%). A Alimentação veio um pouco mais baixa e é de onde se esperava novas baixas, como queda de preços agrícolas como soja, milho e café. A queda dos preços livres está mais acelerada do que a dos preços monitorados, que tiveram ajustes pontuais esse ano, como a reoneração de combustíveis e a mudança na base de cálculo da tarifa elétrica. A média dos núcleos acelerou de 0,35% a 0,45%. No entanto, esse número não traz preocupação para a dinâmica inflacionária.
Faz parte da volatilidade dessas leituras e o patamar está compatível com uma queda mais lenta da inflação. A projeção preliminar do Inter para o IPCA de abril é de 0,50%. A inflação no acumulado de 12 meses, que foi de 4,16% nesta leitura, deve seguir desacelerando até junho, até 3,70%, e voltar a subir no segundo semestre. A projeção do banco para o IPCA do ano segue de 5,60% em 2023 e de 4,10% em 2024. Apesar da aceleração em 12 meses, não se espera aceleração da inflação, há algumas sazonalidades, mas deve ficar variando entre 0,30% e 0,50%. Não se descarta que o Comitê de Política Monetária (Copom) reconheça na reunião de maio que o processo de desinflação está acontecendo. Houve um repique de inflação desde outubro do ano passado e o Copom ressaltou em suas últimas atas que a inflação corrente está elevada e acima da meta.
Agora, pode haver um reconhecimento de que a política monetária tem surtido efeito e pode haver uma mudança de tom, com a retirada da expectativa de juros altos por período prolongado. A expectativa é de que o ciclo de cortes inicie em agosto, com a Selic fechando o ano em 12,0%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todos os nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram altas de preços em abril. As altas ocorreram em Transportes (1,44%, impacto de 0,29%), Vestuário (0,39%, impacto de 0,02%), Habitação (0,48%, impacto de 0,07%), Educação (0,11%, impacto de 0,01%), Despesas pessoais (0,28%, impacto de 0,03%), Saúde e cuidados pessoais (1,04%, impacto de 0,14%), Comunicação (0,06%, impacto de 0,00%), Alimentação e bebidas (0,04%, impacto de 0,01%) e Artigos de Residência, (0,07%, impacto de 0,00%).
O resultado geral do IPCA-15 em abril foi decorrente de altas de preços em todas as 11 regiões pesquisadas. Segundo a projeção preliminar da LCA Consultores, a desaceleração do IPCA-15 entre março e abril (0,69% para 0,57%) indica arrefecimento do IPCA cheio do quarto mês a 0,48%. A expectativa de inflação é de 6,0% em 2023. A estimativa para o IPCA de abril indica desaceleração na comparação com março, quando o índice avançou 0,71%. O grupo Transportes deve ser o principal vetor de alívio, com arrefecimento de 2,11% para 0,65%, devido à diluição dos impactos da reoneração de impostos federais sobre os combustíveis. As projeções da LCA consideram arrefecimento da gasolina (8,33% para 0,09%) e etanol (3,20% para -0,30%), e uma leve aceleração do diesel (-3,71% para -2,39%). Na previsão para o IPCA de abril, destaca-se ainda a expectativa de alívio dos grupos Habitação (0,57% para 0,34%) e Comunicação (0,50% para 0,08%).
A projeção de IPCA de 6,0% em 2023 representa aceleração na comparação com o ano anterior, quando a inflação foi de 5,79%. Esse avanço deve ser explicado pelos preços administrados (-5,9% para 10,6%), devido à reoneração dos combustíveis, recomposição de impostos estaduais e altas previstas para energia elétrica e plano de saúde. A projeção ainda considera uma alta relevante para os serviços. A passagem de 8,0% em 2022 para 5,9% em 2023 é foco de preocupação, já que a moderação da atividade econômica (interna e externa) poderá tirar apenas parte da força dos reajustes deste conjunto de preços, na esteira da demanda reprimida por serviços. A queda dos preços de commodities agrícolas deve levar a uma desaceleração da alimentação no domicílio, de 13,2% em 2022 para 1,7% este ano. Os bens industriais poderão perder força entre 2022 (9,5%) e 2023 (4,2%), na esteira dos menores custos de produtos industriais no atacado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.