28/Abr/2023
Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, as famílias da classe C, que ganham entre R$ 5.200,00 e R$ 13.000,00 mensais, gastam em média um terço, o equivalente a 33,3%, dos rendimentos com alimentação. Entre as famílias da classe B, com rendimento de R$ 13.000,00 a R$ 26.000,00, o percentual da renda comprometida com alimentação cai para 13,2%. Para as famílias com rendimentos entre R$ 1.300,00 e R$ 5.200,00, classificadas como classes D e E, mais da metade do dinheiro recebido mensalmente (50,7%) é gasto com comida. De acordo com o estudo, para a classe C, os benefícios como vale-refeição e vale-alimentação representam, em média, entre 3% e 8,5% dos gastos com alimentação. Para as classes D e E, esses benefícios chegam a cobrir 33% dessas despesas. A classe C representa no Brasil aproximadamente 109 milhões de pessoas, a maioria negras (60%).
Quase a metade dessas famílias são chefiadas por mulheres (49%) e 52% dessa população não concluiu o ensino médio. Nos últimos anos, em um processo agravado pela pandemia de Covid-19, houve perda do poder de compra dessas famílias. Há cinco anos, com 40% do valor de um salário-mínimo dava para comprar uma cesta básica. Hoje, 59% do valor do salário-mínimo permite comprar uma cesta básica. Ou seja, o poder de compra de alimentos, dos itens básicos, diminuiu. Por isso, esses consumidores se tornaram ainda mais atentos aos produtos que consomem. Uma radicalização do custo-benefício, que passa a ser muito mais exigente nos produtos que está comprando e na relação qualidade versus preço do que é comprado. Nessa camada da população, estratégias, como adotadas por várias marcas, de reduzir o tamanho das embalagens ou a qualidade da composição dos produtos como forma de disfarçar aumento de preços tendem a ser especialmente mal vistas.
O custo do erro na classe C é muito maior. Então, se o consumidor da classe C compra um produto que está mais barato, mas não entrega o que promete, ele vai ter que comer aquele produto o mês inteiro, porque o dinheiro disponível para aquele produto é limitado. Dentro do que cabe no bolso, o consumidor vai buscar a melhor qualidade. Esse o movimento veio para ficar. Segundo a pesquisa, oito em cada dez famílias da classe C têm dívidas em aberto, sendo que um em cada três está inadimplente. Muitas vezes as dívidas são contraídas como forma de garantir o consumo de itens básicos. Quando o salário acaba e o mês não, a classe C que tem cartão de crédito vai no supermercado ou na farmácia e compra com o cartão de crédito para ganhar prazo para pagar. Fonte: Agência Brasil. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.