04/Mai/2023
A venda do First Republic Bank para o JPMorgan, na maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, trouxe certo alívio para os investidores, mas não espantou o temor de que mais bancos no país possam estar com problemas. Um dos indícios disso foi a forte queda na terça-feira (02/05) de ações de algumas instituições de menor porte, como o PacWest Bancorp e o Western Alliance. Um termômetro do setor, o índice SPDR S&P Regional Banking ETF, que reúne ações de bancos regionais, fechou o dia em baixa de 6,3%. Com os papéis despencando, as negociações de bancos menores em Nova York tiveram de ser suspensas várias vezes ao longo do pregão. Analistas dizem que a solução para o First Republic, que sofreu intervenção e foi vendido para o JPMorgan resolve um problema de curto prazo, que ameaçava a estabilidade do sistema financeiro norte-americano, mas não impede que outros bancos venham a pedir socorro. Só em poucas semanas de março, o First Republic teve saques de US$ 100 bilhões.
A fragilidade nas ações dos bancos norte-americanos é consistente com a visão de que o longo tempo que se levou para lidar decisivamente com o First Republic e a destruição de valor que isso implicou garantem um prêmio de risco adicional. Como pano de fundo, o mercado trabalha com a perspectiva de novas elevações dos juros, o que poderia pressionar os balanços dos bancos que adquiriram papéis do governo com taxas mais baixas do que as atuais e levar a uma corrida de clientes para sacar seus depósitos. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve elevar em 0,25% a taxa. O megainvestidor Bill Ackman fez novo alerta sobre o impacto da subida de juros nos Estados Unidos para o sistema bancário local. Em março, na esteira do fechamento de três bancos, ele já havia alertado que, se o processo de aperto monetário não fosse pausado, mais choques ocorreriam. Quando os juros dos MMF (“money market funds”), os fundos de investimento mais líquidos dos Estados Unidos) atingirem 5%, todos vão sacar os seus recursos dos bancos locais.
Os próprios banqueiros de Wall Street já haviam antecipado na recente divulgação de resultados que não havia uma crise no sistema norte-americano, mas que mais “dominós” da indústria poderiam sofrer abalos e virem a cair. Segundo o Morgan Stanley, os Estados Unidos não estão em uma crise bancária, mas teve uma, e pode ainda ter uma crise em alguns bancos. A Capital Economics afirmou que a demanda de bancos pela janela de redesconto do Fed (uma forma de tomar empréstimos oficiais do banco central local) continua extremamente elevada. Ainda há uma fuga de depósitos, especialmente dos bancos menores, enquanto os juros avançam e levam investidores a buscar alternativas que oferecem retorno mais alto, como fundos de investimento. A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), o fundo garantidor de crédito dos Estados Unidos, já anunciou um conjunto de propostas de reformas das regras sobre seguros que protegem depósitos em bancos no país. A agência pode, por exemplo, ampliar o limite de proteção de depósitos especificamente para empresas ou remover o teto para a garantia de valores depositados nos bancos, atualmente em US$ 250 mil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.