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09/Mai/2023

Perdas na agropecuária com extremos climáticos

Segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), feito com base em dados do Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, eventos climáticos extremos causaram prejuízos de R$ 287 bilhões à agropecuária brasileira entre 2013 e 2022. As secas foram responsáveis por 87% dos prejuízos na agropecuária no intervalo considerado no levantamento. Ao todo, os eventos causaram perdas em 6,8 milhões de hectares de lavouras, uma área que equivale à soma dos territórios dos estados do Rio de Janeiro e Alagoas. No período, 4.624 municípios publicaram 14.635 decretos de anormalidade, e 3.384 informaram os dados à base do governo federal. A seca é o evento que mais prejudica o produtor rural: essa foi a razão de mais de 12 mil decretos municipais de situação de emergência ou estado de calamidade pública. A falta de chuvas foi responsável por 87% dos prejuízos na agropecuária no intervalo que a CNM considerou no estudo.

A agricultura sofreu danos que somaram R$ 216,6 bilhões, ou 65% do total. A estiagem causou 86% das perdas agrícolas (R$ 186,2 bilhões), e as chuvas em excesso, 14% (R$ 30,3 bilhões). Houve perdas em 6,8 milhões de hectares de lavouras entre 2013 e 2022. O número corresponde a 1,6% da área média de cultivo no País nesse período, mas, em alguns Estados, as perdas foram mais expressivas, como em Pernambuco (20,1%), Sergipe (16,4%) e Rio Grande do Norte (13,8%). Na pecuária, os prejuízos foram de R$ 70,4 bilhões. A falta de chuvas foi responsável por 92% das perdas na atividade, de quase R$ 65 bilhões. Outros setores da economia, como indústria e serviços, também tiveram prejuízos com eventos extremos entre 2013 e 2022. Ao todo, as perdas foram de R$ 320,1 bilhões nesse intervalo. O impacto sobre a agricultura e a pecuária, no entanto, correspondeu a 90% dos danos que a iniciativa privada sofreu. A maior parte dos danos ocorreu no ano passado.

As perdas de agricultores e pecuaristas somaram R$ 85 bilhões em 2022, ou quase 22% de todo o prejuízo acumulado nos últimos dez anos. As perdas com os eventos climáticos têm um “efeito deletério” sobre as economias locais, já que os recursos deixam de circular nos municípios. Proporcionalmente, o crescimento das perdas na agropecuária foi mais acelerado que o do Valor Bruto da Produção (VBP) no mesmo período. O clima adverso não teve impacto sobre a economia do campo em 2013 e 2014. Em 2015, os danos representaram 2,7% do VBP da agricultura. No ano passado, a fatia passou a ser de 8,7%. As regiões mais afetadas pelos eventos climáticos foram Nordeste e Sul. Elas sofreram 36% e 33% dos prejuízos à agropecuária entre 2013 e 2022, respectivamente. Na agricultura, o Rio Grande do Sul foi o Estado mais prejudicado nos dez anos, com R$ 38,5 bilhões em perdas, o que equivale a 21% do total; na sequência ficaram o Paraná, com R$ 26,3 bilhões, e Minas Gerais, com R$ 24,8 bilhões.

Na pecuária, as secas concentraram 56% das perdas da Região Nordeste. Os maiores danos ocorreram na Bahia, com R$ 14,73 bilhões. Minas Gerais contabilizou os maiores prejuízos da atividade no País, com R$ 16,58 bilhões. O excesso de chuvas afetou mais os produtores das Regiões Centro-Oeste e Sul. Na pecuária, as chuvas afetaram especialmente Mato Grosso do Sul (R$ 1,3 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,5 bilhão). O efeito negativo do excesso ou falta das chuvas sobre as lavouras é bastante evidente no Rio Grande do Sul, que nos últimos anos teve perdas significativas com a seca. O aumento dos prejuízos resultou na queda do valor da produção agrícola. O impacto dos prejuízos correspondeu a quase 30% do VBP gaúcho em 2022. Nos dez anos considerados no levantamento, Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte tiveram, em alguns casos, perdas econômicas superiores ao valor da produção estimado pelo Ministério da Agricultura. A CNM também mediu o impacto dos eventos climáticos sobre a atividade agrícola dos principais municípios do agro, aquele com Índice de Desenvolvimento da Agropecuária Municipal (Idam) entre 0,6 e 1.

Segundo a entidade, as 500 cidades que lideram o ranking concentram 66% do VBP da agricultura e 38% dos danos às lavouras. Os 500 municípios com menor pontuação representam 1% do valor bruto da produção agrícola e 9% dos prejuízos. Em 487 municípios brasileiros, toda a riqueza que a agricultura gerou nos últimos dez anos se perdeu com o excesso ou falta de chuvas, afetando 537.934 estabelecimentos e 1.489.432 pessoas ocupadas. Essa situação indica a necessidade de melhoria no processo produtivo com foco em culturas mais adaptadas ao clima da região e resistentes à seca. É preciso fortalecer os mecanismos de convivência com a seca, por meio da construção de barragens e cisternas, por exemplo, além de incentivar o uso da irrigação na produção agropecuária e o seguro rural. Para minimizar os danos, as ações de prevenção e gestão de riscos devem passar a integrar a ação coordenada e articulada dos entes da federação. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.