12/Mai/2023
A principal mensagem da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) deve preocupar empresários e consumidores que sofrem com o alto nível das taxas de juros no Brasil. E pode alimentar as críticas do presidente Lula da Silva e seu time à atual política monetária. O recado do Copom é que não se deve esperar uma redução da taxa Selic nos próximos meses. Mesmo as previsões recentes de economistas do mercado financeiro poderão ser contrariadas porque alguns passaram a prever corte nos juros no terceiro trimestre deste ano, o que parece pouco provável agora. O entendimento dos diretores do Banco Central (BC), na reunião da semana passada, foi de que os índices anuais de inflação vão, sim, apresentar uma redução relevante neste segundo trimestre de 2023. O informe aumenta, desta forma, a expectativa em relação ao índice oficial (o IPCA) que será divulgado nesta sexta-feira (12/05). Mas, esse respiro nos preços não deve ser encarado como tendência porque a partir de julho a inflação vai se elevar.
Os altos e baixos da inflação neste período são explicados pelo Banco Central como resultado, em parte, pelo término da vigência da retirada de impostos sobre combustíveis e pelos efeitos de medidas tributárias deste ano. Boa parte do comunicado do Copom, divulgado na quarta-feira (10/05), é dedicada a elencar pontos de pressão sobre a inflação e circunstâncias que podem contribuir para essa desaceleração. Pesa, de um lado, o fato de as expectativas de inflação seguirem desancoradas das metas, tendo havido uma pequena deterioração na margem. Conta a favor da desinflação o comportamento benigno dos preços no atacado de alimentos e produtos industriais, além de menor pressão das tarifas de energia elétrica por causa das chuvas abundantes. E chamam a atenção as menções ao ritmo mais lento de queda dos preços, apesar dos juros de 13,75% vigentes no País. Essa resiliência da inflação está sendo observada também por outros bancos centrais. A conclusão que se tira do comunicado do Copom, enfim, é que a questão dos juros é, e continuará sendo por mais um tempo, um aparente “nó górdio”.
É uma situação complexa e delicada para consumidores e o mundo corporativo, e para o governo do presidente Lula. Mas, é complicado também para a diretoria do Banco Central, em constante ataque, por decisões que eles consideram técnicas e corretas. É preciso paciência e serenidade para que as medidas já tomadas reduzam, de fato, a inflação. É preciso também uma atuação mais contundente do governo federal para que seja implementado o mais rapidamente possível o arcabouço fiscal. Sem uma base comprovadamente sólida no Parlamento, os ministros da área política e o próprio Lula deveriam “arregaçar as mangas” e ajudar a equipe econômica para que as normas sejam aprovadas. Não é o plano fiscal desejado por muitos economistas, mas é o que tem. E outros tantos especialistas, inclusive o time do Banco Central, acreditam nos seus efeitos positivos, abrindo caminho, aí sim, para um ciclo consistente de cortes nos juros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.