22/Mai/2023
As boas notícias sobre o desempenho da economia brasileira neste ano, que surpreenderam os especialistas em projeções, significam, como contraponto, que o tão esperado início do ciclo de redução dos juros continua distante. O custo do crédito para consumidores e empresas tende a permanecer alto por meses, enquanto economistas embarcam em um debate sobre porque a política monetária apertada adotada pelo Banco Central (BC) não está fazendo com que a inflação caia mais rapidamente, como se poderia esperar. Todos os principais indicadores de atividades do primeiro trimestre, segundo a apuração do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vieram mais fortes do que se esperava. O exemplo mais recente foi o crescimento do comércio varejista em março, de 0,8%, contra uma previsão diametralmente oposta do mercado financeiro, uma queda de 0,8%.
Também vieram promissores os resultados mais recentes da indústria e do setor de serviços. Com base nesses dados, estão sendo revistas as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um informe em que se mostra mais otimista, passando a projetar um aumento de 1,2%, acima do 0,9% da previsão anterior. As estimativas dos especialistas do mercado financeiro, recolhidas semanalmente pelo Banco Central para o Boletim Focus, passaram de uma média inferior a 0,8% de expansão econômica, no início de fevereiro, para 1,02%. A face complicada desse panorama é o entendimento, pelo Banco Central, de que a inflação está caindo lentamente porque há demanda por bens e serviços, alimentando a pressão sobre os preços.
No seminário promovido na semana passada pelo Banco Central reunindo autoridades monetárias de vários países e a principal economista do FMI, Gita Gopinath, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o combate à inflação continua sendo um grande desafio para os bancos centrais, dando a entender, portanto, que não vai abrir mão da sua política monetária de tentar cumprir a meta de inflação o mais rapidamente possível. No seu discurso, Gita Gopinath pregou a necessidade de perseverança no combate à inflação porque, se os índices de preços não caírem agora, essa batalha será mais dura no futuro. Com essa perspectiva, o cenário mais provável é de juros elevados, que gradualmente devem corroer as atividades econômicas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seus ministros e outras pessoas da equipe econômica vão continuar dando “murro em ponta de faca” nas críticas ao Banco Central por manter a taxa Selic em 13,75%, das mais elevadas do mundo pela maioria dos critérios. O Bradesco reconhece que os mais recentes dados de atividade econômica sugerem um cenário melhor do que atualmente o banco prevê para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano. No fim de abril, o Bradesco elevou a estimativa de alta do PIB de 1,5% para 1,8%. Da mesma forma, a perspectiva para a inflação também parece mais benigna, principalmente se for confirmada nova queda dos combustíveis, como sugeriu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, algo que não está no cenário base do banco. Hoje, a previsão para o IPCA de 2023 é de 6,2%. Do último relatório do banco para cá, o tracking do PIB melhorou um pouco mais e o de inflação está um pouco mais baixo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que sua equipe de economistas está revisando a expectativa de crescimento da economia neste ano para 1,9%. Antes, a estimativa de expansão era de 1,6% para o Produto Interno Bruto (PIB). O Boletim Macrofiscal, que deve ser atualizado nesta segunda-feira (22/05), também deverá elevar a projeção de inflação dos atuais 5,3% para 5,6%. As declarações de Haddad foram dadas no contexto de uma pergunta sobre a que ele atribuiria o aumento da taxa de desemprego no Brasil para 8,8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em primeiro lugar, disse o ministro, o dado do desemprego é menor do que no ano passado. Em segundo, há que se observar que o País vive um processo de desaceleração que já dura pelo terceiro ano por causa do aumento da taxa de juros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.