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01/Jun/2023

BNDES e os perigos da volta do crédito subsidiado

O governo recorreu ao anúncio de duas novas linhas de crédito do BNDES para tentar amenizar, na celebração do Dia da Indústria, a frustração de expectativas com a falta de um pacote industrial mais robusto, que tivesse no barateamento dos carros populares seu eixo principal. O plano B, o lançamento de duas linhas de crédito à exportação de produtos industriais de R$ 2 bilhões cada uma, foi apresentado pelo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, como uma façanha diante do atual cenário de juros altos. Foi reduzida a taxa de remuneração do banco (spread) na oferta de financiamentos em uma das linhas. Mercadante vendeu a ideia de que pretende aproximar as condições de crédito da indústria às do agronegócio, voltou a prometer uma mudança no banco com taxas diferenciadas de juros e acabou por defender a volta dos subsídios como medida “indispensável” para a economia girar no pós-pandemia.

Um argumento inquietante diante do histórico recente do excesso de subsídios do banco de fomento. Crédito subsidiado é a forma mais fácil de o BNDES elevar seus desembolsos e direcionar crédito a segmentos específicos numa política que já mostrou não ter dado certo. Afora o perigo da porta entreaberta a eventuais escolhas e favores guiados por puro interesse político, que pode recair em companhias que nem têm dificuldade em captar capital, o banco tende com isso a se afastar do que deveria ser o seu alvo prioritário: financiar o avanço em infraestrutura, transição energética, inovação e crescimento de pequenas empresas. No ‘museu de grandes novidades’ que tem sido este novo mandato de Lula, ideias adotadas em antigas gestões petistas voltam a circular a despeito do resultado ruim que apresentaram. E o que parece novo carece de credibilidade. No dia do evento da Fiesp, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin, defenderam a “neoindustrialização” como o fio condutor da política econômica.

Facilitar o acesso ao capital, reduzindo seu custo, para que os empreendedores possam criar e expandir os seus negócios, sustentaram. O mérito da iniciativa foi amplamente reconhecido. As ressalvas foram em relação à incapacidade de abandonar políticas que já se mostraram incapazes de sustentar o crescimento. O argumento usado pelo governo falha em não olhar atrás e tirar lições das várias políticas industriais que o País teve. A discussão sobre o BNDES deixar de ser um carreador de recursos para o governo, repassando ao Tesouro 60% dos dividendos que obtém, é válida. É preciso trocar a missão prioritária de contribuir para o resultado das contas públicas pelo reforço de caixa para financiar projetos que não encontram amparo na iniciativa privada e que são imprescindíveis para o crescimento do País. Mas, a tentação populista, tão bem simbolizada pelo “carro popular” e pelo crédito subsidiado, parece irresistível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.