04/Sep/2023
Levantamento inédito do MapBiomas revela que a perda de vegetação nativa no Brasil se acelerou de dez anos para cá, mesmo em plena vigência no novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso Nacional em 2012. A análise das imagens de satélite mostra que, no período de cinco anos antes da aprovação do Código (2008-2012), houve uma perda de 5,8 milhões de hectares. Nos cinco anos seguintes à aprovação do Código (2013-2018), a perda subiu para 8 milhões de hectares e, no quinquênio seguinte (2018-2022), alcançou 12,8 milhões de hectares, aumento de 120% em relação a 2008-2012
O País está se distanciando, em vez de se aproximar do objetivo de proteger a vegetação nativa brasileira previsto no Código Florestal e do compromisso de zerar o desmatamento até o fim desta década. Outro dado aponta que, entre 1985 e 2022, o avanço da agropecuária sobre a vegetação nativa pode ser constatado em todos os biomas, com exceção da Mata Atlântica, o bioma mais desmatado do País. Na Amazônia, a área ocupada pelo agro saltou de 3% para 16%; no Pantanal, de 5% para 15%; no Pampa, de 29% para 44%; na Caatinga, de 33% para 40%. No Cerrado, as atividades agropecuárias agora ocupam metade do bioma (50%); em 1985, era um pouco mais de um terço (34%).
Em todo o Brasil, a área ocupada por atividades agropecuárias passou de cerca de um quinto (22%) para um terço (33%) do Brasil. As pastagens avançaram sobre 61,4 milhões de hectares entre 1985 e 2022; a agricultura, sobre 41,9 milhões de hectares. Imagens de satélite confirmam a forte relação da agricultura e pecuária na dinâmica de ocupação do solo. Entre 1985 e 2022, 72,7% dos 37 milhões de hectares do crescimento da área de agricultura no Brasil se deram sobre áreas já antropizadas, especialmente pastagens. Apenas 27,3% das áreas convertidas para lavoura temporária são provenientes de vegetação nativa, com destaque para o Pampa, a fronteira da Amazônia com Cerrado e a região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Já no caso da pastagem, a situação é oposta: mais da metade (55,8%) das áreas convertidas para pasto são provenientes de vegetação nativa. Foram 64 milhões de hectares de vegetação nativa convertidas para pastagens. Outros 5,4 milhões de hectares (mais do que o estado do Rio de Janeiro) foram convertidos de vegetação nativa para pastagem e depois para agricultura. O levantamento do MapBiomas aponta ainda que, analisando-se dados de 1985 até 2022, houve perda de 96 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área equivalente a 2,5 vezes a Alemanha. A proporção de vegetação nativa no território caiu de 75% para 64% no período.
O processo de antropização se deu mais fortemente na Amazônia e Cerrado nesse período, onde 52 milhões de hectares (equivalente à área da França) e 31,9 milhões de hectares foram antropizados. Proporcionalmente à vegetação existente em 1985, os biomas que mais perderam vegetação nativa até 2022 foram o Cerrado (25%) e o Pampa (24%). Foi realizada também uma avaliação das áreas de vegetação secundária, ou seja, que já foram convertidas para uso antrópico e agora possuem vegetação nativa se regenerando. Em 2022, constataram-se mais de 44 milhões de hectares de vegetação secundária no Brasil, o que representa 9% de toda vegetação nativa do País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.