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05/Sep/2023

Cúpula do G20 e os desafios para criar consensos

Presente na recém-encerrada reunião dos Brics, realizada na África do Sul, quando a China mostrou a sua força no bloco ampliando-o de acordo com seus interesses, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, sabe que a conciliação do Ocidente, mais representado pelo grupo das sete economias mais ricas do mundo (G7), e potências asiáticas como China e Rússia será o grande desafio da cúpula de líderes das 20 maiores economias do mundo (G20), que ocorre em Nova Délhi no fim de semana, nos dias 9 de 10 de setembro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já confirmou presença. O presidente chinês, Xi Jinping, por sua vez, deve ignorar o encontro pela primeira vez. Da mesma forma, o presidente russo, Vladimir Putin, não irá ao evento e informou que será representado pelo ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov. O presidente norte-americano, Joe Biden, deve comparecer à cúpula, assim como a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, que já confirmou sua participação.

É possível, mas ainda não confirmado, que Lula e Biden tenham um encontro bilateral em Nova Délhi. Se não ocorrer na Índia, os dois se encontrarão na reunião das Nações Unidas, em Nova York, ainda em setembro. Apesar de seus presidentes terem antecipado o vácuo no evento, Rússia e China não devem esmorecer sobre suas posturas de bater de frente principalmente com a União Europeia e os Estados Unidos diante de dois pontos: como abordar a guerra na Ucrânia e como tratar a questão climática de forma mais firme. São estes os temas mais recentes que têm causado transtorno na elaboração de um comunicado comum do G20, ainda que os norte-americanos tenham sido o primeiro entrave no documento por causa do tema sustentabilidade, durante a gestão do então presidente Donald Trump. Será preciso, portanto, ‘jogo de cintura’ de todos os demais membros para que seja encontrada a saída mais equilibrada e consensual possível, sem afrontar a posição de qualquer um desses membros, tidos como fundamentais no xadrez global.

Narendra Modi foi questionado sobre como seu país poderia atuar para criar um consenso entre as partes, mencionando a oposição clara entre Oriente e Ocidente. O premier respondeu que há muitos conflitos diferentes em várias regiões e que todos precisam ser resolvidos pelo diálogo e a diplomacia. Esta é a posição da Índia em qualquer conflito em qualquer lugar. Seja como presidente do G20 ou não, todos os esforços para garantir a paz em todo o mundo serão apoiados. Modi também salientou que as posições e perspectivas sobre diversas questões globais podem ser diferentes dependendo de cada país. Ao mesmo tempo, enfatizou repetidamente que um mundo dividido terá dificuldade em enfrentar desafios comuns. O mundo espera que o G20 apresente resultados em muitas questões, como crescimento, desenvolvimento, alterações climáticas, pandemias e resiliência a catástrofes, que afetam todas as partes do mundo. Todos podem enfrentar melhor estes desafios se estiverem unidos.

A declaração final do grupo das 20 economias mais ricas do planeta deve vir ‘mambembe’ mais uma vez por causa de dois assuntos: a guerra na Ucrânia e a abordagem em relação às mudanças climáticas. Desta vez, os principais obstáculos vêm da Rússia e da China em contraposição à União Europeia e aos Estados Unidos. Vale lembrar, porém, que a primeira pedra no sapato de um communiqué do G20 ocorreu durante a gestão do norte-americano Donald Trump, que não aceitava a ideia de ações para amenizar os efeitos das mudanças climáticas. O comunicado da cúpula de líderes é a síntese do encontro dos países que reúnem 85% do PIB mundial. As expectativas, porém, estão baixas sobre afirmações categóricas contrárias à guerra. Sherpas (representados pelo corpo diplomático dos participantes) já trabalham desde esta segunda-feira (04/09) para costurar o texto considerado como ideal.

O normal, mesmo em momentos mais calmos, é que estes diplomatas virem as noites discutindo sobre palavras e trechos do documento às vésperas de sua publicação pelos chefes de Estado e governo. A tensão, porém, já se adianta nesta edição. E a cúpula, desta vez, terá de dar o exemplo. Além de a reunião de líderes, também está com ares de suspenso o comunicado financeiro. Nesta edição do G20, o documento pode ser finalizado até outubro em Marrakesh (Marrocos) no último encontro do grupo ainda dentro do G20. Não há sinalizações de que o documento financeiro seja publicado. Na vez da presidência rotativa na Indonésia, no ano passado, a falta de um communiqué foi algo inédito para o grupo. Apesar de o então ministro da Economia, Paulo Guedes, não ter comparecido ao evento, a defesa do Brasil foi a de que houvesse um chair summary apenas para o ponto de discórdia entre os membros: a guerra da Rússia com a Ucrânia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá para Nova Délhi para participará da cúpula do G20. Lula só faltou a esses encontros em 2010 durante mandato anterior e, desta vez, sua presença ganha mais relevância porque é quando simbolicamente o Brasil recebe da Índia o bastão da presidência rotativa do G20 (oficialmente, a passagem se dá em 1º de dezembro). Justamente por ser o anfitrião do grupo no ano que vem, Lula terá lugar de destaque no chamado "retrato de família", a foto oficial do grupo, que costuma ser feita no último dia de encontro de líderes, no domingo (10/09). O G20 tem todo um protocolo de marcação de lugares. O dono da casa este ano, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, fica em destaque, ao lado dos representantes dos países antecessor (Indonésia) e sucessor (Brasil). Caberá a Lula também fazer o último discurso do evento este ano por ser o anfitrião no ano que vem.

Questões ligadas à desigualdade, seja social seja entre países, deverá ser uma de suas marcas ao lado do tema ambiental. Até porque a união desses dois itens será o "espírito" do G20 no Brasil em 2024. Há uma grande expectativa para o posicionamento de Lula, que tem se empenhado em voltar à cena internacional com destaque. Além disso, após o G20, o País sediará a COP30, em 2025, outro assunto que leva o Brasil a ficar na vitrine mundial. Lula deve viajar para a Índia logo após a cerimônia do 7 de Setembro em Brasília, que comemora a Independência do Brasil. Lula chegará a Nova Délhi ao lado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que já adiantou a possibilidade de um encontro bilateral de Lula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Uma série de encontros foi solicitada à diplomacia brasileira, mas as confirmações ainda não foram feitas. Havia a expectativa de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também acompanhasse Lula à Nova Délhi, mas o ministro deve ficar no Brasil para acompanhar assuntos locais.

Nova Délhi se prepara para receber pela primeira vez a cúpula de líderes do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20). A cidade já está com "ares" diferentes. Como é comum a esses eventos em todo o mundo, logo no aeroporto o visitante sabe que a cúpula será realizada na cidade. Há vários outdoors eletrônicos com o primeiro-ministro, Narendra Modi, ressaltando a importância do evento. Por onde se desloca na cidade, há cartazes, pinturas e mais outdoors sobre a realização do G20 com mensagens de boas-vindas, principalmente às delegações de outros países. De acordo com o jornal Hindustan Times, a polícia de tráfego indiana já anunciou restrições no trânsito que os locais terão de seguir até o fim de semana. É comum que haja esse tipo de alteração em todas as cidades em que ocorre a cúpula do G20 por causa da segurança dos chefes de Estado e de governo que costumam participar do evento.

Além dos governantes, também estão sempre presentes no principal encontro anual do G20 representantes das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (Bird) e da Organização Mundial do Comércio (OMC), entre outros. A capital indiana já é conhecida por ser foco de terrorismo. Com a chegada de autoridades mundiais, a preocupação se intensifica, como ocorre em outros locais onde o evento é realizado; no ano que vem será no Rio de Janeiro. Por isso, no aeroporto, o aviso no alto-falante é recorrente e não deixa dúvidas: cada passageiro deve tomar conta de sua bagagem 100% do tempo, e malas soltas serão destruídas. A reunião de cúpula é o auge do evento que dura o ano todo no país que o recebe os eventos do G20, mas a Índia distribuiu as reuniões por praticamente todo o território, com os encontros sendo realizados em quase 60 cidades. No Brasil, apenas a escolha da reunião principal foi definida, mas, conforme o Ministério das Relações Exteriores (MRE), haverá reuniões nas cinco regiões do País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.