08/Sep/2023
No mesmo ano em que a equipe econômica promete entregar a meta de déficit primário zero dentro do novo marco fiscal aprovado pelo Congresso, o governo enfrenta o desafio de conciliar aumento de receitas e possíveis cortes de gastos com a presidência rotativa do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), que ocorrerá no Brasil em 2024. A soma total prevista para organizar o evento é difícil de ser estimada, mas a União espera contar com a contribuição de Estados e municípios que sediarão parte das atividades para dividir os custos. Está certo que caberá aos Ministérios que participam do evento arcarem com as despesas envolvendo suas atividades. Costumam ocorrer duas reuniões de grupos de trabalho por tema ao longo do ano, além dos encontros em nível ministerial e a cúpula de líderes, que já foi marcada para novembro, no Rio de Janeiro. Foi definido que o orçamento para as operações setoriais sairá das Pastas, num momento em que os ministros têm buscado o Ministério do Planejamento atrás de mais recursos para realização de seus próprios projetos.
Cada ministério terá de dar sua parcela e tudo isso é um desafio orçamentário. O orçamento está pressionado, mas o Brasil precisa fazer uma reunião que custa caro. Daí a importância de parcerias com os governos estaduais e municipais. Além de preparar os municípios, que precisam ter uma infraestrutura mínima para receber esse tipo de evento, há gastos com oferta de carros blindados para as mais de 30 autoridades dos outros países que costumam participar do G20, deslocamento especial para as delegações estrangeiras e alimentação, entre outros preparativos. Ainda na área de segurança, será preciso reforço, e a organização do evento já começou a trabalhar com a Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). A hospedagem geralmente é bancada pelo visitante. Não é uma regra, mas geralmente o país anfitrião oferece hospedagem em hotel de alta categoria para os chefes de Estados ou de governo da troika, que no caso brasileiro são a antecessora Índia e a sucessora África do Sul. Para além de 2024, o Brasil não pode se esquecer que sediará a COP30 e a reunião dos Brics no ano seguinte.
Ao contrário de outros eventos internacionais, a realização do G20 não conta com um secretariado permanente. Cada país é responsável por toda a programação do início ao fim, e a ideia é sempre tentar "dar a cara do país anfitrião" às atividades realizadas durante o ano. O Brasil deve optar por realizar a primeira parte do evento de forma virtual, com argumentos de sustentabilidade ambiental e redução de gastos. Serão cerca de 100 reuniões espalhadas pelas cinco regiões do País. Ainda que a presidência rotativa só chegue oficialmente às mãos do Brasil a partir de 1º de dezembro, os trabalhos já se iniciaram e uma equipe foi enviada à Índia para observar detalhes da organização. Por exemplo: nos encontros de sherpas e da área financeira, que ocorrem esta semana para preparar, entre outros pontos, o texto do comunicado de líderes do G20 no domingo (10/09), foi avaliada como uma boa ideia o uso de câmeras acionadas por voz para dar visibilidade a interventores durante as discussões sobre o texto. Esses encontros costumam ocorrer em grandes salas e, muitas das vezes, alguns interlocutores lutam para serem ouvidos pelos demais.
A ideia foi implantada no G20 da Indonésia, repetida na Índia e deve continuar a ser uma praxe no Brasil. Em dezembro, está prevista uma reunião conjunta entre sherpas e secretários-executivos para definirem os pontos principais da organização do evento no ano que vem. Há a possibilidade ainda não confirmada de que algumas grandes companhias aéreas possam atuar ao longo do ano em rotas que não existem hoje no Brasil para facilitar a logística dos visitantes. O ponto principal será reforçar a chegada dos participantes, principalmente pelas entradas de Rio de Janeiro e São Paulo. Possivelmente também por meio de alguma capital da Região Nordeste que vá sediar uma parte do evento, e que fica mais próxima dos Estados Unidos e da Europa. Ainda não há previsão de se criar um hub extra, mas pode ser que haja alguns voos internacionais para o Nordeste, considerando que o Brasil já realizou megaeventos, como a Copa do Mundo de Futebol e a Olimpíada do Rio de Janeiro e que, portanto, este deve ser mais um caso de adequação do que realmente um grande desafio a ser enfrentado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.