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03/Oct/2023

Sicredi eleva a liberação de crédito na safra atual

A instituição financeira cooperativa Sicredi liberou R$ 12,8 bilhões no acumulado da safra 2023/24 até agosto (dados mais recentes disponíveis), 8% a mais do que em igual período do ano passado. O número de operações ficou próximo do contabilizado no intervalo equivalente de 2022, cerca de 90 mil. A alta em valor foi puxada pela demanda por crédito para custeio, que chega a R$ 8,3 bilhões, e em especial pela maior liberação a agricultores de médio porte enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp). Para eles, o Sicredi concedeu R$ 3,1 bilhões em custeio da safra, 30% mais do que há um ano. O valor desembolsado está financiando uma área maior (do que na safra 2022/2023), se considerarmos que os insumos de maneira geral sofreram redução de preço. O aumento dos recursos liberados a médios produtores decorre de alterações estabelecidas pelo governo nesta safra, aumentando a renda anual para o enquadramento de quem pode ser considerado médio produtor, bem como o limite de financiamento a ser contratado.

O total de crédito liberado para investimento foi levemente menor do que no primeiro bimestre da safra passada, chegando a R$ 1,6 bilhão, reflexo da queda das cotações das commodities agrícolas, combinada com a manutenção dos preços dos equipamentos. O produtor está pensando duas vezes antes de fazer a compra de algum equipamento. O produtor está menos propenso ao investimento. Chama a atenção a firme demanda dos produtores por crédito obtido por meio de Cédula de Produto Rural (CPR). Entre julho e agosto, o Sicredi liberou R$ 2,8 bilhões por esta via, 20% mais do que no primeiro bimestre da temporada 2022/2023. A carteira de crédito concedido por CPRs ao fim da safra 2022/2023 era de R$ 18 bilhões, 136% maior do que a contabilizada no fim do ciclo 2021/2022. A carteira de CPR é a que mais cresce nos últimos tempos. O Sicredi vem notando, além disso, um interesse crescente de produtores por linhas "verdes", associadas a algum tipo de prática de menor impacto ambiental ou climático.

Destaque para o saldo de crédito concedido para a instalação de painéis fotovoltaicos e outros investimentos em energias limpas, que supera R$ 1 bilhão. Mas, há expectativa de que os desembolsos aumentem mais a partir do momento em que o governo regulamentar quais práticas agrícolas poderão ser consideradas para que produtores recebam mais 0,5% de desconto na taxa de juros cobrada em linhas de financiamento. No anúncio do Plano Safra 2023/2024, o governo informou que concederá desconto de 0,5% na taxa a produtores com Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e mais 0,5%, de forma cumulativa, aos que adotem outras práticas sustentáveis. A regulamentação é esperada para este mês. Outra mudança promovida pelo governo federal nesta safra, referente às regras de captação e distribuição dos recursos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), não inibiu as emissões do título pelo Sicredi. Até o fim de agosto, a cooperativa havia captado R$ 37 bilhões por meio de emissões de LCAs, mais do que o dobro do saldo de LCAs de um ano antes.

A obrigatoriedade é colocar 50% no agro, mas como há demanda, às vezes o Sicredi coloca mais do que isso. A LCA vem se tornando uma das principais fontes de recursos para o agro. A carteira de agronegócio do Sicredi está em torno de R$ 70 bilhões. Na safra 2023/2024, o governo definiu que, do valor captado em LCAs por instituições financeiras junto a investidores, 50% devem ir para o setor rural, ante 35% até então. Dentro dos 50%, a parcela que precisará ser emprestada por meio de Cédulas de Produto Rural caiu de 70% para 50%, enquanto a fatia a ser concedida por linhas de recursos livres que seguem o Manual de Crédito Rural (MCR) saiu de 30% para 50%. Esta medida, na época do lançamento do Plano Safra, foi criticada por outras instituições financeiras, pois obriga o agente financeiro a emprestar mais "recursos livres" por linhas enquadradas no MCR, para gerar lastro para a LCA.

Muitas instituições priorizavam as CPRs, consideradas menos burocráticas, e disseram que as linhas de crédito livre do MCR têm maior custo, já que pelo MCR é preciso fornecer um número maior de informações dos produtores ao Banco Central. O Sicredi se organizou para cumprir o novo regramento, colocando mais o crédito rural estrito senso, para cumprir a exigibilidade. Foi possível fazer essa migração da carteira e o Sicredi segue captando volumes bastante significativos por meio de LCAs. Há muitos produtores na base que tomam esse crédito do MCR. A carteira de clientes do agronegócio do Sicredi soma aproximadamente 760 mil produtores rurais, de uma base total de 7 milhões de associados de diferentes segmentos econômicos em todo o País. Destes, 7% são pessoas jurídicas e 75%, ou mais de 5 milhões, são pessoas físicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.