05/Oct/2023
O Banco Mundial (Bird) pleiteia incrementar seu caixa com US$ 100 bilhões para serem repassados pela próxima década a, preferencialmente, projetos de enfrentamento à mudança climática. O aval de pelo menos parte dessa verba deverá ser dado durante as reuniões do FMI e do G20 Financeiro em Marrocos, de 9 a 15 de outubro. É preciso que os membros da instituição aprovem o projeto e, por isso, o diretor-executivo do Bird que representa o Brasil e mais oito países, explicou a proposta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O Brasil tende a ser um dos principais beneficiários dos recursos. A proposta vem em um momento em que há pressão para que instituições, financeiras ou não, multilaterais se modernizem e abram mais espaço para países emergentes. Esta vem sendo, inclusive, uma crítica recorrente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que levará o tema para a presidência brasileira do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), a partir de 1º de dezembro.
Para embasar a solicitação, o Comitê de Desenvolvimento do Bird preparou um documento de 34 páginas citando a urgência ambiental e explicando como seriam obtidos e repassados os recursos. No documento, o Comitê propõe uma “nova ambição” e uma “nova visão” para a instituição, acrescentando de forma inédita em seu mandato, além do combate à pobreza, também o enfrentamento de desafios globais, leia-se mudança climática neste momento. Daí, a avaliação da necessidade de aumento de capital da instituição. Foram duas as soluções encontradas: US$ 60 bilhões adicionais seriam por meio de garantias de portfólio (que compartilham os riscos de crédito) e US$ 40 bilhões, por capital híbrido. Em média, as concessões de crédito anuais do Banco ficam em torno de US$ 20 bilhões para os países em desenvolvimento.
Além do Brasil, também são representados Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago. Na parte de capital híbrido, que é um tipo de bônus perpétuo subordinado que paga cupom (juro), a estrutura da solução já está pronta e acertada com as agências de risco: seria necessário mobilizar US$ 5 bilhões, totalizando os US$ 40 bilhões por meio de alavancagem (cálculo vezes oito). Este bônus tem características de quase capital porque é um título que fica no final dos pagamentos caso haja um episódio que impeça de ser honrado. Falta agora os países comprarem esses títulos. Esta é uma discussão que o Banco Mundial vai fazer com países potenciais, como os membros do grupo das sete maiores economias do globo (G7). O projeto, no entanto, depende de dois pontos. A parte dos US$ 60 bilhões ainda precisa de alinhamento com as agências de rating sobre a métrica utilizada sobre quanto o Bird poderá alavancar com os recursos e identificar quem dará a garantia.
Como exemplo, é o Japão que concede hoje as garantias de parte dos empréstimos que são feitos para a Ucrânia, invadida pela Rússia. Depois da conversa com Fernando Haddad, o Bird acredita que o Brasil aprovará a proposta. Até porque, não há compromisso de o País ter de desembolsar recursos para tal. Aliás, há a perspectiva de que negócios na área ambiental possam ser feitos com esses recursos no Brasil. Todo mundo quer fazer operações no Brasil. O Brasil é e continuará a ser uma vitrine nessa agenda ambiental. Além disso, o País também tem potencial de ser um tomador direto no futuro. Para isso, precisará desenvolver projetos bem estruturados. Se trata de um novo momento de representatividade do Brasil no exterior. É preciso ampliar a voz do País nessas instituições. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.