09/Oct/2023
Na sexta-feira (06/10), após superar os R$ 5,20, em meio ao impacto da divulgação do relatório de emprego nos Estados Unidos, o dólar experimentou uma acomodação. Com melhora do apetite ao risco lá fora, na esteira de releitura de números do payroll, a moeda encerrou a sessão de sexta-feira (06/10), em baixa de 0,14%, cotada a R$ 5,16. Apesar disso, a divisa terminou a semana, que corresponde aos cinco primeiros pregões de outubro, com valorização de 2,69%, em linha com o fortalecimento global da moeda norte-americana. Foi a maior alta semanal desde a primeira semana de agosto (+3,05%). Mais uma vez, a formação da taxa de câmbio foi ditada pelo exterior. O payroll mostrou criação de 336 mil vagas nos Estados Unidos em setembro. Foi a senha para mais uma onda avanço do dólar e das taxas dos Treasuries. Com o mercado de trabalho norte-americano apertado, ganhou força a leitura de eventual alta adicional da taxa básica pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) neste ano e, sobretudo, a visão de juros mais elevados por período prolongado.
No exterior, o índice DXY (que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes) esboçou atingir os 107,000 pontos, ao registrar máxima aos 106,874 pontos. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities mergulharam. No Brasil, o dólar chegou até 5,22, máxima da sessão, com zeragem de posições 'vendidas' no mercado futuro. No fim da manhã de sexta-feira (06/10), a situação começou a virar. As bolsas em Nova York passaram a subir e o dólar trocou de sinal em relação ao euro e às moedas emergentes. Esse movimento se acentuou ao longo da tarde, com reflexos no mercado local, levando o dólar a tocar mínima R$ 5,14. Operadores atribuíram o alívio a ajustes técnicos, dado que os ativos de risco já se depreciaram bastante ao longo da semana passada. Outro ponto mencionado foi a desaceleração do ritmo de alta taxa da T-note de 10 anos, que, após atingir 4,859%, passou a operar abaixo de 4,80%, com investidores digerindo o payroll e dando mais ênfase à desaceleração no crescimento dos salário a estabilidade da taxa de desemprego.
Segundo a Empiricus Research, o dia foi bem volátil, com uma digestão ambígua dos dados do relatório de emprego dos Estados Unidos. Houve um choque inicial com o número em si, mas que foi diminuindo, com uma leitura mais benigna do payroll. Investidores passaram a dar mais relevância a dado de salário e taxa de desemprego. Já estava no preço que o terceiro trimestre seria forte nos Estados Unidos. A expectativa é que haja uma desaceleração marginal no quarto trimestre em nível suficiente para levar ao fim do ciclo de aperto monetário e à descompressão da curva de juros norte-americana. Tanto o Real quanto seus principais pares latino-americanos apresentam baixas neste início de outubro, devolvendo parte dos ganhos acumulados no ano. As perdas semanais eram puxadas pelo peso colombiano (-6,00%), que ainda avança cerca de 10% ante o dólar em 2023, seguido pelo peso mexicano (-4,38%). Para o Banco BV, o tombo dos ativos de risco nos últimos tempos representa uma correção de um excesso de otimismo que prevaleceu no mercado ao longo do primeiro semestre deste ano.
Havia a perspectiva de que seria possível um processo de desinflação com preservação do crescimento econômico e sem necessidade de mais aperto monetário. Os Bancos Centrais dos Estados Unidos e da Europa afirmam que vão precisar subir mais os juros ou manter as taxas elevadas por mais tempo para controlar a inflação, e o mercado está se dando conta de que a atividade econômica vai desacelerar. Também há problemas na China. Existe a leitura de que a desaceleração chinesa é mais duradoura, é o fim de um ciclo mais forte de crescimento. Com Europa, Estados Unidos e China crescendo menos, o mundo cresce menos e o risco aumenta em relação a mercados emergentes. O dólar deve seguir forte no mundo, dado que a economia dos Estados Unidos ainda vai se sobressair em relação a de outros países desenvolvidos. Além do quadro externo, o Real perde força com uma diminuição da atratividade do "carry trade", já que o Banco Central do Brasil vai reduzir a taxa Selic, e a questão fiscal ainda não está resolvida, o que aumenta o prêmio de risco. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.