ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

17/Oct/2023

BB faz estreia em créditos de carbono no exterior

O Banco do Brasil acaba de fazer uma operação de crédito de carbono no exterior ao lado do francês BNP Paribas e o Standard Chartered Bank. A transação é a primeira nessa área feita pelo banco estatal no mercado internacional e uma preparação para um passo além: o BB está criando uma estrutura para a negociação de créditos de carbono no Brasil, de olho em um mercado de bilhões de dólares. Na operação, o banco atuou como intermediador. Comprou 5 mil créditos de carbono do Projeto Envira Amazônia, focado na preservação e recuperação de floresta, do antigo dono, o BNP Paribas, e os vendeu para o Standard Chartered Bank no exterior. A transação-piloto valida o novo modelo de negócios do Banco do Brasil, que é justamente a criação de uma mesa de negociação de créditos de carbono no Brasil. Com o investimento, o banco busca a posição de liderança neste mercado. Por trás, está um potencial pouco explorado e em ascensão no mundo.

No ano passado, o mercado voluntário global de créditos de carbono atingiu US$ 2 bilhões em volume de negociação. A expectativa é de que o segmento alcance a marca de US$ 20 bilhões até 2030, de acordo com a consultoria Way Carbon. Estima-se que desse potencial, o Brasil poderá responder por cerca de 20% a 30%. O ineditismo desta operação reforça o posicionamento de vanguarda em um novo mercado, gerando negócios e potencializando ainda mais a sustentabilidade de forma global. O Standard Chartered no Brasil diz que a transação reforça a visão do banco de que o País será peça chave no caminho para a descarbonização. O BNP reforça a liderança brasileira neste mercado global. Criado com foco na comercialização de créditos de carbono, o Projeto Envira é certificado pela Verra, maior do mundo na área, e atua na proteção de mais de 200 mil hectares de Floresta Amazônica. Conta ainda com o selo CCB (Climate, Community and Biodiversity), que garante que parte dos créditos gerados seja revertido em ações em prol da comunidade local.

Depois de passar por Ásia, Estados Unidos e Europa, o Banco do Brasil concluiu em Marrakesh, no Marrocos, durante as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, uma rodada de captações de cerca de R$ 30 bilhões para apoiar a agenda de sustentabilidade do Brasil. No Marrocos, foram fechadas mais duas transações, uma em dólar e outra em euros, que totalizam cerca de R$ 5,9 bilhões. Ainda que pese o receio entre investidores estrangeiros por conta da extensão do conflito no Oriente Médio, há muito interesse em financiar projetos do Brasil, em linha com a pauta de proteção ao meio ambiente, inclusão social e governança (ESG). A atenção internacional se dá ao mesmo tempo que uma ofensiva do governo tenta reinserir o País na comunidade global, sobretudo em relação aos compromissos sustentáveis. Também ocorre em um cenário desafiador sob os aspectos econômicos e geopolíticos, o que limita as oportunidades de investimento ao redor do mundo.

Há muito interesse em ouvir o que o Brasil tem a dizer e recursos baratos especialmente para projetos de energia renovável, pequenas e médias empresas, Amazônia sustentável, bioeconomia e empreendedorismo feminino. Uma das operações que o Banco Brasil fechou no Marrocos foi um acordo para a captação de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4 bilhões) com um consórcio de bancos formado por JPMorgan, Standard Chartered, HSBC e Credit Agricole. Os recursos serão destinados a financiar operações agrícolas no Brasil para plantio direto, para pessoas físicas ou jurídicas, com prazo de dez anos. O negócio conta com garantia de 95% do MIGA, braço do Banco Mundial, o que eleva o rating da operação para ‘AAA’, ou seja, da mais alta qualidade, e elimina a necessidade de o Banco Brasil fazer provisões para o empréstimo. Como consequência, o custo para emprestar aos tomadores finais também deverá ser menor.

O Banco Brasil assinou ainda uma carta de intenções com o Banco Europeu de Investimento (EIB) que prevê mais € 350 milhões, o equivalente a R$ 1,869 bilhão, para financiar projetos de energia renovável, com prazo de 20 anos. Desse total, uma fatia de até 30% será destinada a micro e pequenas empresas. Há bastante interesse no exterior em financiar o empreendedorismo porque, além de integrar a pauta ESG, o segmento gera emprego, renda e serve de motor para a economia. Os baixos índices de inadimplência do banco neste segmento, além do crescimento robusto, ajudam a atrair o apetite externo. A carteira de crédito do Banco do Brasil voltada a micro, pequenas e médias empresas somava R$ 116,5 bilhões no fim de junho, cifra 21,8% maior quando comparada com o mesmo período de 2022. O segmento engloba negócios com faturamento anual de até R$ 200 milhões. O índice de inadimplência, considerando atrasos acima de 90 dias, gira em torno de 5%, menor que o de concorrentes.

Uma dificuldade que é relatada é que, em grande parte dos países e bancos, esses portfólios de empréstimos a pequenas empresas performam mal. Relatório de estabilidade financeira divulgado pelo FMI na semana passada alerta para o risco de ocorrer uma onda global de calotes, em meio às altas taxas de juro registradas em muitos países. A preocupação com o sistema financeiro, após o estresse com bancos americanos e na Europa no início do ano, dá lugar ao temor de que, em um cenário de condições financeiras apertadas, os tomadores tenham mais dificuldade para honrar suas dívidas e se tornem inadimplentes. O Banco do Brasil mira alcançar R$ 500 bilhões de sua carteira de crédito com pegada sustentável até 2030. Hoje, são mais de R$ 323 bilhões, o que representa um terço dos empréstimos totais, de R$ 1,04 trilhão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.