17/Oct/2023
Às vésperas de mais um brutal conflito envolvendo Israel e o Hamas, o comitê norueguês do Nobel da Paz escolheu a ativista iraniana Narges Mohammadi para receber o prêmio de 2023. Foi reconhecida "pela sua luta contra a opressão das mulheres do Irã para promover os direitos humanos e a liberdade", informou o comitê. E acrescentou: "O prêmio da paz deste ano também reconhece as centenas de milhares de pessoas que, no ano anterior, se manifestaram contra as políticas de discriminação e opressão do regime teocrático do Irã contra as mulheres". Mohammadi, que tem 51 anos, cumpre pena de prisão por 10 anos porque denunciou abusos contra as mulheres em seu país e organizou movimentos de protesto e outras formas de desobediência civil.
Ela é a segunda iraniana a receber o prêmio. A primeira foi Shirin Ebadi, em 2003, que era presidente do Centro de Direitos Humanos de Teerã, hoje banido, e do qual Mohammadi era vice-diretora. Esta justa premiação mostra, mais uma vez, um dos critérios do comitê ao definir o escolhido em cada ano e isso tem a ver com a atualidade das ações do premiado. Em outras palavras, vale o que ele/ela tem realizado em prol da paz nos últimos anos, mais do que o "conjunto da obra". E este critério também explica a não premiação do nosso querido Alysson Paolinelli, nos dois anos (2021 e 2022) em que ele foi apresentado pela USP e apoiado por dezenas de instituições do agro brasileiro e por organizações de mais de 70 países.
Em matéria de "conjunto da obra", ele era imbatível. Paolinelli estava indicado este ano pela terceira vez, mas o comitê tem uma regra explícita: o prêmio só pode ser conferido a personalidades vivas. E Paolinelli se foi em junho passado. Apesar disso, ele tem recebido um sem-número de homenagens em todo o Brasil. E sua memória acaba de ser eternizada com a criação do Museu Mineiro de Extensão Rural Alysson Paolinelli, inaugurado na sexta-feira (06/10), em Belo Horizonte (MG). Em uma solenidade muito emotiva, com a presença de lideranças políticas e do agro mineiro e de familiares do homenageado, sua trajetória foi relembrada com riqueza de detalhes históricos, em especial pelo discurso de sua mulher Mariza.
E nossa memória jamais deixará de reconhecer que, ao criar as bases para um setor rural competitivo globalmente, Alysson Paolinelli é o grande responsável, ao lado dos produtores rurais brasileiros, pela condição que tem hoje o Brasil de alimentar mais de 800 milhões de pessoas em todos os continentes. Ao ajudar a combater a fome, ele também contribuiu, e continuará a contribuir por muito tempo ainda, para a paz global. Nada é tão evidente quanto o velho dito: "não haverá paz onde houver fome". Fonte: Roberto Rodrigues. Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.