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18/Oct/2023

Amazonas tem menor superfície de água em 5 anos

De acordo com nota técnica do MapBiomas, plataforma que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia, a superfície da cobertura de água no estado do Amazonas atingiu sua menor extensão desde 2018. Em setembro, foram registrados 3,56 milhões de hectares, uma redução de 1,39 milhão de hectares em relação aos 4,95 milhões de setembro de 2022. Os dados foram obtidos a partir de imagens de satélites dos sistemas LandSat e Sentinel. Ao todo, 25 municípios do Estado tiveram redução na superfície de água superior a 10 mil hectares. Barcelos, no centro do Amazonas, teve a maior perda: 69 mil hectares entre setembro de 2022 e setembro de 2023. Na sequência estão Codajás (47 mil hectares), Beruri (43 mil) e Coari (40 mil), todos com perdas superiores a 40 mil hectares de água. As 20 cidades que mais perderam superfície de água no Amazonas estão em estado de emergência ou de alerta, afetando comunidades ribeirinhas, extrativistas, quilombolas, indígenas e áreas urbanas.

Imagens de satélite mostram que lagos inteiros secaram. Além do Lago Tefé, onde morreram mais de 100 botos, a seca também atinge o Lago de Coari, afetando o acesso a alimentos, medicamentos e o funcionamento das escolas. Entre Tefé e Alvarães, a seca forma bancos de areia extensos. Segundo o MapBiomas Água, o impacto da seca na biodiversidade aquática vem sendo reportado em diferentes pontos, mas ainda não há uma estimativa do total, que pode atingir proporções alarmantes. O Estado ainda enfrenta situação de alta vulnerabilidade a queimadas. Os efeitos do El Niño severo de 2023 e do aquecimento do Atlântico Norte têm sido considerados, por especialistas, os principais fatores que estão contribuindo com a seca severa na região, o que pode ser de maior intensidade do que a seca de 2010. O El Niño eleva as temperaturas do Oceano Pacífico e o aquecimento anormal das águas impacta no regime de chuvas. Na Região Sul, por exemplo, o fenômeno contribuiu para a passagem de um ciclone, que deixou 49 mortos. Na Região Norte, o efeito é inverso.

Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a seca na Amazônia deve durar pelo menos até dezembro, quando o El Niño atingirá a sua intensidade máxima. O Rio Negro atingiu na segunda-feira (16/10), o mais baixo nível já registrado em Manaus, a capital do Amazonas. O índice medido às 5h40 apontou cota de 13,59 metros, superando em 4 centímetros a maior seca histórica anterior, registrada em 2010, de 13,63 metros. Em um dia, o Rio Negro, que forma junto com o Solimões o Rio Amazonas, baixou mais de 10 centímetros, reduzindo a vazão em um ritmo sem precedentes. De 14 de outubro até 16 de outubro, a redução havia sido de 32 centímetros. Os números indicam que a queda do nível, além de ser a maior, acontece de forma mais rápida. As medidas do fim de semana passado foram menos de 13 centímetros no sábado (14/10), menos 9 centímetros no domingo (15/10) e menos 10 centímetros na segunda-feira (16/10).

No dia 10 de outubro, o Rio Negro tinha cota de 14,29 metros, indicando baixa de 70 centímetros em seis dias. A seca extrema é a pior em mais de um século, desde quando o nível do grande rio amazônico começou a ser monitorado. Até hoje, as piores secas do Rio Negro tinham acontecido em 2010 (13,63 metros), 1963 (13,64 metros) e 1906 (14,20 metros). A previsão é de que o rio continue baixando pelos próximos dez dias, já que a estiagem amazônica normalmente se prolonga até o fim de outubro. A seca histórica acontece dois anos após o Rio Negro ter registrado a sua maior cheia, em 2021, quando a marca de 30,02 metros foi atingida em Manaus. Quatro municípios localizados na calha do rio (São Gabriel da Cachoeira, Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e a capital, Manaus) estão em situação de emergência. Novo Airão está em situação de alerta. Os maiores problemas são causados pelo secamento de rios e afluentes, deixando comunidades isoladas e sem água potável.

Com a descida das águas, as margens do Rio Negro e os igarapés acumulam toneladas de lixo doméstico, como garrafas PET e sacos plásticos, além de detritos e peixes mortos. Uma dessas áreas está na Manaus Moderna, zona sul da capital. A Praia da Ponte Negra foi invadida por banhistas no domingo (15/10), mesmo estando interditada para banhos devido à vazante extrema. A Guarda Municipal precisou retirar os banhistas. A baixa drástica do Rio Negro afetou também os afluentes, deixando comunidades isoladas em 38 municípios. O acesso fluvial ficou inviável, pois os cursos d’água viraram estradas de areia. Alguns municípios, como Rio Preto da Eva, racionam água. As balsas que transportam veículos de cargas deixaram de operar. Na segunda-feira 916/10), o governo do Amazonas fez acordo com empresas de táxi aéreo para garantir o abastecimento de produtos essenciais em locais mais críticos por via aérea. A estiagem potencializa outros problemas no Amazonas, como os incêndios florestais.

Em todo o Estado, de acordo com boletim divulgado no domingo (15/10), já são 50 municípios em emergência e 10 em alerta. Ao menos 112 mil famílias (um total de 451 mil pessoas) já foram afetadas pela seca de rios ou por grandes queimadas. De 1º de janeiro até o dia 13 de outubro, foram registrados 17,6 mil focos de incêndios no Estado. No domingo (15/10), mais 99 brigadistas chegaram a Manaus para reforçar o combate aos incêndios. Na segunda-feira (16/10), o governo federal anunciou a liberação de R$ 324,3 milhões para ações de saúde, defesa civil e moradia aos afetados pela seca no estado do Amazonas. O Ministério da Saúde destinará R$ 224,3 milhões para as prefeituras, dos quais R$ 102,3 milhões terão liberação imediata. Os outros R$ 122 milhões serão liberados em parcelas. Os outros R$ 100 milhões serão destinados aos municípios afetados pela seca que possuem comunidades localizadas em áreas de risco.

Segundo a Associação Amazonense de Municípios (AAM), os recursos vão custear o aluguel de seis mil moradias para abrigar as famílias que ficaram isoladas ou perderam as casas em incêndios. Na segunda-feira (16/10) voltou a chover em Manaus, melhorando a qualidade do ar de péssima para moderada, segundo o AppSelva, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Conforme o aplicativo que monitora queimadas e qualidade do ar, em quatro horas, choveu cerca de 31,2 milímetros na capital do Amazonas, contribuindo para diluir a fumaça e melhorar a qualidade do ar. No sábado (14/10), já havia chovido 34,2 milímetros em Manaus. Apesar da melhora no ar, os índices ainda são insuficientes para alterar o nível dos rios amazônicos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.