19/Oct/2023
A escalada da guerra entre Israel e o grupo Hamas fez o temor de piora geopolítica crescer no mercado financeiro mundial. Uma pesquisa do Bank of America (BofA), que ouviu quase 300 investidores e gestores globais, que cuidam de US$ 736 bilhões, mostra que o risco geopolítico foi o que mais cresceu em outubro e já ocupa a segunda posição na lista de maiores preocupações dos agentes do mercado financeiro global. No topo da lista, está a inflação alta e suas consequências para as taxas de juros. O confronto Israel x Hamas teve até agora impacto limitado no mercado financeiro, com efeitos mais concentrados nas commodities, sobretudo petróleo e gás. Mas, a preocupação na comunidade financeira tem crescido de forma disseminada, como pôde ser observado nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial na semana passada.
Nos corredores e nas mesas das duas reuniões, a guerra no Oriente Médio dominou a agenda. Apesar de terem considerado prematuro mensurar impactos, os organismos admitiram que o conflito obscurece e adiciona mais uma incerteza ao cenário econômico. Os investidores estão muito receosos com a guerra. Ninguém sabe se vai escalar e quanto, sem contar o impacto nos juros nos Estados Unidos. Segundo a Oxford Economics, as tensões geopolíticas são identificadas pelas empresas como o maior risco para a economia global. Pesquisa este mês da consultoria conclui que o sentimento empresarial se deteriorou na sequência do ataque do Hamas a Israel. Os empresários ficaram mais preocupados com os riscos de piora para a atividade econômica mundial. O alerta da Oxford Economics é que as incertezas estão se acumulando na economia mundial, colocando "nuvens no cenário".
A piora da situação no Oriente Médio vem se somar à guerra na Ucrânia, ao temor de piora da relação entre China e Taiwan e à inflação alta que não cede em vários países, fora a situação política nos Estados Unidos, sem presidente da Câmara. O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, definiu o momento como uma "policrise", que descreve a conjunção de múltiplas crises. Sabe-se que o potencial de causar danos é enorme, mas ainda não é possível saber a extensão pelo tempo decorrido. Qualquer que seja o cenário, vai ter algum impacto, disse Haddad. Nesse cenário com mais incerteza, a pesquisa do Bank of America, que ouviu gestores globais entre os dias 6 e 12 deste mês, ressalta que os investidores se tornaram mais pessimistas ou 'bearish', no jargão do mercado financeiro. Como reflexo, aumentaram o volume de recursos em caixa e 50% dos entrevistados esperam um menor crescimento mundial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.