24/Oct/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que seu governo pretende incentivar o setor empresarial brasileiro a explorar outros segmentos, que não só o de alimentos in natura, do mercado Halal e que tenham maior valor agregado, como cosméticos, medicamentos, itens de vestuário e alimentos processados. Em mensagem enviada à Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, lida nesta segunda-feira (23/10) na abertura do Global Halal Brazil Business Forum, em São Paulo, Lula ressaltou também o desempenho recorde de exportações do Brasil para a Liga Árabe em 2022, dizendo ser um sinal de confiança do consumidor muçulmano no produto brasileiro. Esse avanço das exportações, sobretudo de produtos Halal (produzidos conforme os preceitos islâmicos), reflete, ainda, a capacidade do Brasil de atender às demandas deste mercado.
O montante exportado para a Liga Árabe resultou em faturamento de US$ 17,74 bilhões, majoritariamente em alimentos e minérios, no melhor desempenho da série histórica iniciada em 1989. Para Lula, os países árabes estão inseridos num mercado ampliado de quase 2 bilhões de consumidores, que compreendem o total da população muçulmana do planeta, presente em mais de 60 países. Lula lembrou que o Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, particularmente de carnes de padronização muçulmana, tendo ainda vocação e capacidade de fornecer ao mercado global produtos Halal (ou seja, produzidos de acordo com tradições islâmicas). O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, disse que o mundo islâmico pode contar com o entusiasmo do governo Lula para avançar em parcerias, ampliar mercados e compartilhar experiências no segmento de produtos Halal.
Segundo Alckmin, difundir a prática Halal é fortalecer economias, com inovação, sustentabilidade e inclusão. O produto Halal reduz impactos ambientais, como a geração de resíduos, de embalagens, o consumo de água, além de incorporar parâmetros éticos e de responsabilidade social em toda a cadeia de fornecimento. O vice-presidente lembrou que milhares de muçulmanos têm acesso a alimentos saudáveis, de baixo custo e produzidos em respeito a suas tradições por empresas brasileiras, sobretudo de proteínas animais, que mantêm com os 57 países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI) um comércio calculado pela Câmara Árabe em US$ 23,41 bilhões anuais. Alckmin também celebrou a assinatura de acordos de cooperação entre entes privados no evento para o fomento de cadeias produtivas Halal no Brasil na área de alimentos, mas também nos segmentos cosméticos, fármacos e turismo, que no mundo islâmico também demandam padrões específicos, segundo as tradições culturais e religiosas do islã.
A Câmara Islâmica afirmou que o setor da carne Halal é a "ponta do iceberg" de um mercado imenso e que há inúmeras oportunidades para o Brasil, que lidera as exportações de proteína animal Halal para países muçulmanos. Há oportunidades em setores como conservantes, sabores e corantes. Além disso, o mercado Halal exige inúmeras habilitações e formações técnicas específicas. O mercado é muito grande. Somente na Europa, há 20 milhões de consumidores interessados em produtos Halal. O embaixador do Reino do Marrocos no Brasil afirmou que o mercado Halal representa US$ 1 trilhão em negócios, tanto em países muçulmanos quanto não muçulmanos, com o setor de alimentos ocupando o primeiro lugar. De acordo com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), as exportações do Brasil para os países islâmicos totalizaram U$$ 23,41 bilhões em 2022, avanço de 41% em relação ao ano anterior. O País lidera o fornecimento de alimentos e bebidas para os 57 países da Organização para Cooperação Islâmica (OCI).
O posicionamento do Brasil supera concorrentes especializados como Estados Unidos, Indonésia, Turquia, Austrália e China. Embora o resultado seja expressivo, as exportações para o mundo islâmico ainda são limitadas a alimentos básicos, principalmente carnes, açúcar, grãos e cereais, com 10% de tudo o que a OCI compra de fornecedores estrangeiros. A solução para o crescimento seria a diversificação na pauta de exportações, incluindo produtos de valor agregado, fortalecimento de ações de promoção do produto brasileiro, além de tornar o Brasil sinônimo de respeito às tradições para os muçulmanos, com a ampliação e a disponibilidade de produtos industrializados com certificação Halal não apenas no segmento de alimentos.
O avanço do Brasil nos mercados islâmicos passa por ampliar a disponibilidade de alimentos industrializados certificados sob padronização islâmica (Halal) e de o empresariado compreender as necessidades do consumidor muçulmano. O Brasil tem condições estruturais para ampliar sua inserção no mundo muçulmano para além das carnes e dos produtos básicos devido ao fato de ter uma indústria alimentícia competitiva, produtos já inseridos em mercados islâmicos e fornecimento confiável. Além disso, iniciativas de fomento da própria CCAB e da Apex Brasil podem vencer os gargalos na promoção no exterior, com estímulo a empresas para a aquisição da primeira certificação Halal. É indispensável que o empresariado brasileiro considere oportunidades de negócios em países muçulmanos quando formatarem seus planos de internacionalização. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.