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25/Oct/2023

Baixa qualificação predomina no emprego formal

Desde que a fase mais aguda da pandemia foi superada, o mercado de trabalho tem rendido boas notícias para a economia brasileira. Mas, a melhora do emprego formal nos últimos anos está concentrada em trabalhadores de mais baixa qualificação, uma tendência que vem se acentuando. Levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que 96% das vagas formais criadas no País foram para trabalhadores com ensino médio incompleto ou completo. O estudo levou em conta os dados do Ministério do Trabalho apurados em 12 meses até agosto. No período, a economia brasileira criou 1,5 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada. Desse total, os trabalhadores com ensino médio incompleto preencheram 123,6 mil postos, e os com médio completo responderam por 1,3 milhão.

No topo das vagas, houve fechamento de postos para profissionais com mestrado e doutorado, de 511 e 655, respectivamente. Historicamente, a abertura de postos para trabalhadores com ensino médio sempre predominou no mercado de trabalho brasileiro, mas a questão, observam os especialistas, é que esse movimento tem se aprofundado nos últimos anos. Em 2021, essa relação era de 81%. Em 2022, subiu a 87%. E, agora, está em 96%, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apurados nos 12 meses até agosto. Desde o início da recuperação da pandemia, se observa uma geração consistente do emprego formal no Brasil. O começo dessa recuperação foi no segundo semestre de 2020, afirma a CNC, responsável pelo levantamento.

O que chama a atenção, porém, é o crescimento acima da média de vagas para trabalhadores com ensino médio completo e incompleto, enquanto, para trabalhadores mais qualificados, esse ritmo ainda é fraco ou até apresenta uma pequena retração. A criação de vagas destinadas ao ensino médio pode ser lida de duas maneiras. Numa avaliação de curto prazo, a geração de empregos para esse nível educacional pode ser explicada pela recuperação dos estragos provocados pela pandemia de Covid-19 no mercado de trabalho, que afetou mais os brasileiros menos escolarizados. De forma mais estrutural, evidencia a dificuldade do Brasil de abrir postos para uma mão de obra mais qualificada. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), justamente os grupos que mais sofreram na pandemia foram aqueles menos escolarizados, que também foram os últimos a voltar para o mercado de trabalho ao longo dos últimos dois anos.

O dado do emprego concentrado no nível médio se dá num contexto em que a economia brasileira tem conseguido aumentar o grau de instrução da população. Em 1992, 34% da população ocupada tinha entre zero e quatro anos de estudo, mostra um levantamento do Ibre com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, esse dado havia recuado para 7%. Na outra ponta, há 30 anos, 14% entravam na faculdade, mas não necessariamente completavam o curso. No ano passado, 44% estavam no ensino superior. O País, porém, não tem conseguido criar serviços de alta qualificação. O Brasil tem gerado vagas em serviços de baixa qualificação, e está se especializando em serviços de baixo valor agregado. No levantamento da CNC, esse cenário fica evidente.

As profissões que somaram mais de 100 mil aberturas de vagas nos 12 meses até agosto deste ano foram: vendedores de loja, trabalhadores nos serviços de manutenção de edificações, escriturários, profissionais da linha de produção e almoxarifes. Na avaliação de especialistas, a mudança de cenário passa por uma combinação de fatores importantes. O País precisa atrair investimentos, melhorar o seu ambiente de negócios e reduzir a incerteza que cresceu desde 2015, diante do desarranjo das contas públicas e do elevado endividamento. O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, afirmou que a retomada mais consistente do mercado depende da recuperação da indústria. A indústria que dá o grande suporte, inclusive para serviços. Segundo especialistas, o retrato do brasileiro que conseguiu uma vaga formal no último ano é o de um profissional do sexo masculino com até 24 anos e ensino médio completo.

Trabalharia no setor de serviços ou no comércio, principalmente como vendedor de loja ou mercado, e teria sido contratado com salário médio real (descontada a inflação) de R$ 2.038,00. É isso o que mostram os dados do Ministério do Trabalho apurados nos últimos 12 meses até agosto. No recorte por setores, o grupo que inclui comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas aparece na liderança de vagas abertas no período: 291,8 mil, o equivalente a 20% do total (1,5 milhão). Outro destaque está em alojamento e alimentação, segmento que inclui restaurantes e hotéis, responsável por 130 mil novos postos. Entre as profissões, vendedores e demonstradores em lojas ou mercados puxaram a geração de emprego com carteira assinada no País, seguidos de trabalhadores nos serviços de manutenção de edificações. Os homens ainda respondem pela maioria (55,8%) dos empregos criados, apesar da maior inserção da mulher no mercado formal. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.