ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

27/Oct/2023

Inflação desacelerando o ritmo de alta em outubro

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) subiu 0,21% em outubro, após ter avançado 0,35% em setembro. Com esse resultado, o IPCA-15 registrou um aumento de 3,96% no acumulado do ano. Em 12 meses, a alta foi de 5,05%, ante taxa de 5,00% até setembro. A alta de outubro fez a taxa acumulada em 12 meses voltar a acelerar pelo terceiro mês consecutivo. Em outubro de 2022, o IPCA-15 tinha registrado alta de 0,16%. Como resultado de outubro, a taxa do IPCA-15 acumulada em 12 meses acelerou de 5,00% em setembro de 2023 para 5,05% em outubro, resultado mais elevado desde março deste ano, quando estava em 5,36%. Os preços de Alimentação e bebidas caíram 0,31% em outubro, após queda de 0,77% em setembro. O grupo deu uma contribuição negativa de 0,07% para o IPCA-15, que subiu 0,21% no mês. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve queda de 0,52% em outubro, após ter recuado 1,25% no mês anterior.

A alimentação fora do domicílio subiu 0,21%, ante alta de 0,46% em setembro. As famílias brasileiras voltaram a gastar menos com alimentação em outubro. Os preços do grupo alimentação e bebidas já recuaram 0,54% no acumulado do ano, ajudando a conter a inflação no País no período. O custo da alimentação no domicílio caiu 2,40% de janeiro a outubro de 2023. Os tubérculos, raízes e legumes ficaram 17,50% mais baratos, e os preços das carnes diminuíram 11,11% neste ano. Aves e ovos acumulam queda de 7,54%, e óleos e gorduras recuaram 16,25%. A alimentação no domicílio recuou 0,52% em outubro. As famílias pagaram menos pelo leite longa vida (-6,44%), feijão-carioca (-5,31%), ovo de galinha (-5,04%) e carnes (-0,44%). Por outro lado, houve alta nos preços do arroz (3,41%) e das frutas (0,71%). A alimentação fora do domicílio subiu em outubro. O lanche recuou 0,11%, e a refeição fora de casa teve elevação de 0,22%. Os preços de Transportes subiram 0,78% em outubro, após alta de 2,02% em setembro.

O grupo deu uma contribuição positiva de 0,16% para o IPCA-15. Os preços de combustíveis tiveram queda de 0,44% em outubro, após avanço de 4,85% no mês anterior. A gasolina caiu 0,56%, após ter registrado alta de 5,18% em setembro, enquanto o etanol recuou 0,27% nesta leitura, após queda de 1,41% na última. Dois dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram quedas de preços em outubro. Os recuos ocorreram em Alimentação e bebidas (-0,31%, impacto de -0,07%) e Comunicação (-0,29%, impacto de -0,01%). Os grupos com aumentos foram Transportes (0,78% e impacto de 0,16%), Habitação (0,26%, impacto de 0,04%), Educação (0,07%, impacto de 0,00%), Artigos de residência (0,05%, impacto de 0,00%) Despesas pessoais (0,31%, impacto de 0,03%), Saúde e cuidados pessoais (0,28%, impacto de 0,04%) e Vestuário (0,33%, impacto de 0,02%). O resultado geral do IPCA-15 em outubro foi decorrente de altas de preços em oito das onze regiões pesquisadas.

A alta de 23,75% nas passagens aéreas fez o item exercer a maior pressão sobre a prévia da inflação oficial em outubro. O item deu uma contribuição de 0,16% para a taxa. Também figuraram no ranking de maiores pressões sobre o IPCA-15 de outubro os itens emplacamento e licença (0,05%), plano de saúde (0,03%), arroz (0,02%) e gás de botijão (0,02%). Na direção oposta, o leite longa vida foi o item de maior influência negativa sobre a inflação de outubro, com queda de 6,44% e contribuição de -0,05%. Outros itens no ranking de maiores alívios sobre o IPCA-15 do mês foram gasolina (-0,03%), seguro voluntário de veículo (-0,02%), automóvel usado (-0,02%) e ovo de galinha (-0,01%). O IPCA-15 de outubro reforçou a avaliação de que o processo de desinflação no Brasil continua, focado no alívio de serviços e da média dos núcleos, acompanhados de perto pelo Banco Central. Os dados sugerem que o ciclo de cortes da taxa Selic deverá continuar ao ritmo de 50 pontos-base por reunião do Copom.

O índice desacelerou de 0,35% em setembro para 0,21% nesta leitura. As surpresas positivas vieram justamente da média dos núcleos (0,27% para 0,23%) e dos serviços subjacentes (0,34% para 0,14%), ambos abaixo dos consensos, que apontavam variações de 0,30% e 0,32%, respectivamente. Os dados qualitativos vieram melhores do que o esperado, com destaque para os serviços subjacentes, que tiveram o melhor resultado mensal desde maio de 2021. Membros do Copom têm expressado cautela com a dinâmica dos serviços subjacentes, mais correlacionados à atividade econômica e ao mercado de trabalho, que continua robusto. A equipe de estratégia da Warren Rena observou que a média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada dos serviços subjacentes (métrica que indica tendência) caiu a 3,7% nesta leitura. Outros agrupamentos de serviços observados pela casa, como os serviços inerciais e essenciais, atingiram 3,6% e 2,5% nesta métrica, respectivamente, próximos do centro da meta este ano, de 3,25%.

Esses patamares foram alcançados no pré-pandemia, entre 2017 e 2019, quando a inflação de serviços estava controlada e dentro do intervalo da meta de inflação. Quase todas as projeções divulgadas após a divulgação do IPCA-15 indicam que o IPCA de 2023 deverá ficar abaixo do teto da meta, de 4,75%, como nos casos do MUFG Brasil (4,6%), Warren Rena (4,5%) e G5 Partners (4,7%). O Bradesco informou ter viés baixista na sua projeção, de 4,8%, internamente, trabalha com uma estimativa mais próxima de 4,65% desde o IPCA de setembro. Apesar dos sinais positivos do IPCA-15, economistas do mercado consideram que os números não serão suficientes para suscitar uma aceleração no ritmo de cortes da taxa Selic. Para os analistas, o desempenho da inflação subjacente até agora mostra que a "segunda etapa da desinflação" citada nos últimos meses pelo presidente do Banco Central tem se desenvolvido como previa a autoridade monetária.

Passado o alívio nos bens industriais e alimentos, essa segunda etapa está acontecendo, e conforme o Banco Central previa, de maneira lenta, afirma a Rio Bravo Investimentos. O Goldman Sachs destacou que as surpresas benignas no IPCA-15 ajudam a sustentar a continuação do ciclo de cortes. Mesmo assim, a combinação entre incertezas domésticas e cenário externo desafiador devem impedir qualquer aceleração dos cortes. Hoje, virtualmente não há espaço para uma aceleração dos cortes de juros no curto prazo, dado o mercado de trabalho apertado, o significativo fechamento do hiato do produto, as políticas fiscal e parafiscal expansionistas e as ainda desancoradas expectativas de inflação para 2024 e para o médio prazo. O cenário externo complexo, juros altos de 10 anos nos Estados Unidos e os riscos para os preços de petróleo com o conflito no Oriente Médio também demandam cautela na calibragem da política monetária no curto prazo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.