27/Oct/2023
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu acima do previsto por analistas, com alta de 4,9% na primeira leitura anualizada do terceiro trimestre. Os gastos dos consumidores e os estoques puxaram o número para cima, mas os analistas advertem para a rápida perda de fôlego adiante, com riscos de recessão no país em 2024. O Departamento do Comércio informou que o índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu à taxa anualizada de 2,9% no terceiro trimestre, após alta de 2,5% no segundo. Já o núcleo do PCE desacelerou, de uma alta de 3,7% vista no segundo trimestre para um avanço de 2,4% no terceiro. O Goldman Sachs destaca que o resultado foi o mais forte desde o "boom da reabertura" econômica após o choque da Covid-19 de 2021. Mas, a composição do dado não foi tão forte, com contribuição considerável de estoques, o que deve pesar no ritmo do quarto trimestre. O Goldman reduziu sua estimativa para o PCE em setembro. Na avaliação do UniCredit, o PIB foi forte, mas não perdurará, com expectativa de fatores que tirarão impulso do consumo e do investimento no setor imobiliário.
Vários analistas lembraram que agora devem retornar no país os pagamentos de financiamentos universitários, suspensos desde a pandemia. Além disso, o crédito continua a ficar mais apertado, conforme as altas de juros já adotadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) são transmitidas à economia. Para o UniCredit, o Fed já estava entre os que esperavam dado forte do PIB no terceiro trimestre, mas os dirigentes também esperam desaceleração agora. O Fed deve ver com bons olhos o núcleo do PCE, e a força do consumo deve manter o "viés de aperto" na postura do Fed, por enquanto. A maioria dos analistas considera que, no contexto de perspectiva de perda de fôlego, o Fed não deve elevar mais os juros. O monitoramento do CME Group, que já dava como praticamente certa a manutenção de juros pelo Federal Reserve na próxima quarta-feira (1º/11), consolidou tal posição após a divulgação dos dados, com probabilidade estimada de quase 100% (99,7%). O CIBC, porém, cita o PIB forte de hoje como argumento para ainda esperar uma alta de 25 pontos-base pelo Fed em dezembro.
Há riscos no cenário, como a greve em andamento no setor automotivo e a perspectiva de novo impasse em breve entre a Casa Branca e a Câmara dos Representantes, que poderia provocar paralisação (shutdown) do governo em meados do próximo mês. Na avaliação da Oxford Economics, os números positivos da economia norte-americana significam que a contração no país não deve começar neste ano. A consultoria continua a esperar, porém, uma "forte piora" nos próximos trimestres. O aperto adicional nas condições financeiras nas últimas semanas deve contribuir para maior fraqueza no primeiro semestre de 2024. O Citi, por sua vez, destaca a força do consumo para sustentar o PIB norte-americano. Uma "desaceleração sustentada" na inflação parece improvável, com o crescimento perto de 5% no país. De qualquer modo, o Citi concorda com a visão de que a atividade perderá fôlego a partir do quarto trimestre. Ao mesmo tempo, acrescenta que o consumo deve seguir apoiado, enquanto o mercado de trabalho se mantiver forte nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.