31/Oct/2023
Segundo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerando 54 países, os subsídios para a agricultura no mundo atingiram recorde de US$ 851 bilhões por ano durante 2020 e 2022. O número representa aumento de quase 2,5 vezes em comparação com 2000/2002, mas fica aquém do crescimento (3,6 vezes) do valor da produção agrícola. O apoio ao setor agrícola inclui transferências para produtores e para consumidores. A ajuda acaba dificultando a adaptação do setor produtivo às mudanças climáticas. A oferta de subsídios ficou concentrada em grandes economias, como a China, que representa 36% do total, seguida por Índia (15%), Estados Unidos (14%) e União Europeia (13%). Nos 54 países analisados, US$ 518 bilhões por ano foram pagos por orçamentos do governo, com os US$ 333 bilhões restantes sendo fornecidos por meio de políticas que elevam os preços domésticos acima dos preços de referência.
Em termos de beneficiários diretos do apoio, US$ 630 bilhões por ano foram transferidos para produtores individuais durante 2020/2022. O estudo destacou ser possível observar os efeitos das mudanças climáticas na agricultura, que vem gerando efeitos no rendimento e qualidade de culturas. Embora os rendimentos das culturas básicas tenham aumentado 2,5 a 3 vezes desde 1960 devido à melhoria da tecnologia e das práticas de gestão, os rendimentos globais de culturas como o milho e a soja são entre 4% e 6% inferiores ao que poderiam ter sido na ausência do aquecimento global. Além disso, a agricultura enfrenta com frequência eventos climáticos extremos, incluindo secas, inundações, ondas de calor e tempestades. As alterações climáticas podem gerar uma migração geográfica da produção. É provável que as regiões do norte da Europa e da América do Norte se tornem cada vez mais adequadas para a produção agrícola, à medida que as temperaturas mais quentes prolongam a estação de cultivo.
Embora algumas regiões possam se beneficiar de períodos de cultivo mais longos, a produção na maior parte do mundo precisa se adaptar urgentemente a condições de cultivo menos favoráveis e mais variáveis. Mesmo com avanço nos investimentos, houve recuo nos subsídios em serviços gerais, incluindo pesquisa e desenvolvimento, serviços de biossegurança, infraestrutura, entre outros. Em 2020/2022, esses investimentos totalizaram US$ 106 bilhões, ou 12,5% do apoio total. Quase metade do valor foi para irrigação. Apesar de ter papel importante em condições áridas, é necessário dar mais atenção às consequências não intencionais causadas por tais investimentos na ausência de políticas adequadas de gerenciamento da água, como o aumento das emissões de gases de efeito estufa ou as crescentes pressões sobre a disponibilidade de água e lençóis freáticos.
A OCDE apontou também que menos de um quarto dos investimentos em serviços gerais nos 54 países é destinada a sistemas de conhecimento e inovação agrícola, além de registrar um recuo para menos de 0,6% em gastos públicos com inovação. Tais investimentos devem ser direcionados para evitar danos ambientais e reduzir o uso de recursos naturais, em vez de apenas tecnologias de economia de mão de obra, como tem sido observado em muitos países nos últimos anos. A produtividade agrícola precisa aumentar rapidamente de maneira ambientalmente sustentável para atender às metas globais de segurança alimentar, reduzindo as emissões agrícolas e preservando os recursos naturais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.