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07/Nov/2023

Questões do Enem desagradaram ao agronegócio

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) diz que as questões 70, 71 e 89 (referência do caderno branco) do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aplicado ontem apresentam a produção agropecuária brasileira de forma absolutamente equivocada, pejorativa e descolada de embasamento técnico-científico. As questões criam desinformação sobre o setor. A manifestação da Abag ocorre na esteira de uma série de lideranças do setor produtivo que pedem a anulação das referidas questões. Uma das questões citadas pela Abag associa o setor à exploração de "camponeses no Cerrado", afirmando que o agronegócio promove a "pragatização dos seres humanos e não humanos" e outra vincula o crescimento do desmatamento à expansão da soja e da pecuária na Amazônia. A inclusão na prova da afirmação de que o agronegócio promove 'pragatização' dos seres humanos e não humanos ressalta um problema conhecido e que precisa ser resolvido pelo governo federal.

Estudo recente produzido pela Fundação Instituto de Administração (FIA), entidade vinculada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP), que analisou 9 mil páginas de 94 livros de editoras que fornecem material didático ao MEC, revelou que 88% das menções ao agronegócio são autorais, sem embasamento científico. A entidade pede que o Ministério da Educação anule as questões e esclareça à sociedade como interromperá a desinformação. A Abag vai mobilizar outras entidades setoriais, universidades, pesquisadores e educadores para propor apoio ao MEC na atualização do conceito de agronegócio no banco de questões utilizado na elaboração das provas do Enem e demais materiais didáticos distribuídos pelo governo federal. A bancada do agronegócio do Congresso Nacional desaprovou questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que, segundo os parlamentares, apresentam críticas ao setor com "cunho ideológico e sem critério científico e acadêmico".

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que possui 347 congressistas, quer que os itens sejam anulados e que o ministro da Educação, Camilo Santana, preste esclarecimentos em audiências na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. A bancada também pede a anulação de três questões do Enem, que foi aplicado em todo o País no domingo (05/11). Um item tratou sobre fatores negativos do agronegócio no Cerrado, citando a "superexploração dos trabalhadores" e os efeitos de agrotóxicos. As outras duas questões trataram sobre a nova corrida espacial financiada por bilionários e o avanço da produção de soja e a sua consequência para o desmatamento da Floresta Amazônica. A FPA pede a anulação das questões, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira. A FPA afirmou também que irá pedir informações sobre a atuação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que é a banca organizadora do Enem e pede que sejam detalhadas as referências bibliográficas utilizadas para a construção do exame.

O Inep afirmou que as questões do Enem são elaboradas por professores independentes, selecionados por um edital público para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI). O Inep não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o BNI. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora. Parlamentares da oposição ao governo Lula usaram as redes sociais para criticar as questões do Enem. A FPA afirmou que aguarda uma manifestação do Planalto e do ministro da Educação sobre "a falta de honestidade intelectual e ativismo ideológico". O senador Sergio Moro (União-PR) acusou o governo de utilizar o exame para fazer "doutrinação ideológica e ao mesmo tempo atacar o agronegócio". O deputado Tião Medeiros (PP-PR) afirmou que as questões do Enem teriam colocado o agronegócio "contra a juventude do País". Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado José Medeiros (PL-MT) afirmou que a questão que apresenta os efeitos do agronegócio no Cerrado "demoniza" o setor e mostraria que o Planalto "quer vingança".

Outros deputados bolsonaristas que criticaram a questão sobre o Cerrado foram Bia Kicis (PL-DF) e Nikolas Ferreira (PL-MG). A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) afirmou que o governo federal utilizou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como meio para "criminalizar" o agronegócio. O teste trouxe ataques ao agronegócio e críticas ao capitalismo. O que mais preocupa é a falta de conhecimento técnico e o despreparo dos entes envolvidos na elaboração da prova. Outras entidades do setor também repudiaram as questões, pedindo ao governo pela sua anulação. Uma das questões repudiadas pela Famato associa o setor à exploração de "camponeses no Cerrado", afirmando que o agronegócio promove a "pragatização dos seres humanos e não humanos" e outra vincula o crescimento do desmatamento à expansão da soja e da pecuária na Amazônia pela apropriação de terras devolutas. Essa afirmação mostra a ausência de conhecimento e embasamento relacionados às cadeias produtivas do agronegócio. A questão é uma prova física da ignorância e desrespeito com o setor e com a sociedade de modo geral.

Segundo a entidade, em Mato Grosso, produtores preservam 43,6% do território do Estado. Apenas 32,7% do solo de Mato Grosso é destinado ao uso agropecuário, sendo 19,8% para pastagens e 12,9% para agricultura. Analisando o bioma Amazônia, dos 48,65 milhões de hectares, 44,78% são preservados pelos produtores. Em seguida, a maior utilização é com pastagem (20,38%) e Terra Indígena (17,80%) e a área voltada para agricultura representa apenas 11,13%. A Famato critica também que a questão número 89 do caderno branco fere a Constituição Federal ao tratar as propriedades como bens comuns. A questão apresenta um caráter tendencioso que contraria e distorce a lógica e a realidade, como, por exemplo, o termo 'mecanização pesada'. Cada vez mais as técnicas e práticas conservacionistas advindas do plantio direto, associado a crescente utilização de bioinsumos e do manejo integrado de pragas refuta a colocação dos autores do artigo e da banca formuladora das questões. Fonte: Broadcast Agro.