09/Nov/2023
Depois de identificar um potencial de investimentos de US$ 163 bilhões na agricultura brasileira até 2030, a CBI agora escolheu o setor no País como tema para um novo relatório, que será apresentado mundialmente nesta quinta-feira (09/11) durante o congresso anual da entidade. Recentes inovações no financiamento agroalimentar brasileiro ampliaram as oportunidades no mercado financeiro e de capitais, de acordo com o documento intitulado "Oportunidades de investimento no setor agroalimentar no Brasil". Esta é uma tendência que vai continuar. O texto destaca o caminho para a agricultura sustentável no País e apresenta o cenário atual da indústria do setor.
Para tornar o material mais didático, a CBI decidiu apresentar estudos de casos na agricultura doméstica que possam ajudar os investidores a escolherem ativos ligados à transição para um futuro sem emissões líquidas de gases de efeito estufa e resiliente ao clima ao mesmo tempo que aborda questões críticas de perda de biodiversidade e de alterações climáticas. A CBI é uma ONG internacional com sede no Reino Unido e referência no mundo por trabalhar para mobilizar capital global para ação climática. A publicação foi financiada pela Fundação Gordon e Betty Moore por meio do The Finance Hub. De acordo com a entidade, o agronegócio representa 25% do PIB brasileiro, mas é a fonte mais significativa de emissões brutas do País.
Houve uma mudança muito grande no agronegócio na última década. A pressão dos consumidores e alterações na legislação foram os agentes dessa mudança. Iniciada principalmente na Europa, a boa notícia é que essa nova frente tem se disseminado para outros mercados tão ou mais relevantes para o Brasil, como a China e os países do Oriente Médio. Apesar das recentes alterações positivas, há necessidade de se fazer mais. A agricultura brasileira está à frente da de muitos outros países, mas tem muita coisa ainda a melhorar. Um ponto mencionado tem sido a constância da "frustração climática", que, entre outras consequências, tem alterado o resultado das safras.
Por isso, é preciso não apenas reduzir o impacto do setor no meio ambiente, mas também se preparar para as mudanças. No documento, foram feitos estudos de caso de duas companhias que têm apresentado, conforme a CBI, transições ecológicas positivas: Maggi e Syngenta. O objetivo central é avaliar essas duas empresas como um benchmark. Foi uma escolha aleatória, porque são empresas que têm mais informação, nome forte no mercado, itens que ajudam a fazer a análise. Serão apresentados no relatório cinco princípios necessários para se fazer avaliação de transição, como o alinhamento com o Acordo de Paris, por exemplo, de utilizar práticas que limitem a 1,5°C o aquecimento até 2050.
Com base nesses princípios, foram desenvolvidos cinco marcos de transição, como ter planejamento, metas de performance e mostrar atos práticos na mesma direção. A CBI alerta, porém, que não se trata de um aconselhamento financeiro, mas de práticas que devem ser usadas como referência para os investidores do ponto de vista ambiental. O objetivo central do relatório é apresentar essas ferramentas para identificar as melhores práticas na hora de desenvolver uma estratégia de transição. O relatório será a versão brasileira, mas outros dois devem ser preparados para o futuro, um voltado para a Europa e outro para a China, previsto para dezembro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.