13/Nov/2023
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou outubro com alta de 0,24%, ante um avanço de 0,26% em setembro. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 3,75%. O resultado acumulado em 12 meses foi de 4,82% até outubro, ante taxa de 5,19% até setembro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,12% em outubro, após uma elevação de 0,11% em setembro. Com o resultado, o índice acumulou alta de 3,04% no ano. A taxa em 12 meses mostrou alta de 4,14%, ante taxa de 4,51% até setembro. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. A alta de 0,24% registrada pelo IPCA em outubro arrefeceu a taxa acumulada em 12 meses, após três meses consecutivos de aceleração. No mês de outubro de 2022, o IPCA tinha sido de 0,59%. Como consequência, a taxa em 12 meses passou de 5,19% em setembro de 2023 para 4,82% em outubro.
A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, que tem teto de tolerância de 4,75%. Os preços de Alimentação e bebidas aumentaram 0,31% em outubro, após queda de 0,71% em setembro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,06% para o IPCA, que subiu 0,24% no mês. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve alta de 0,27% em outubro, após ter recuado 1,02% no mês anterior. A alimentação fora do domicílio subiu 0,42%, ante alta de 0,12% em setembro. As famílias pagaram mais no mês pela batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e carnes (0,53%). Na direção oposta, ficaram mais baratos em outubro o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%). A oferta de arroz e manga se reduziu por exportações maiores dos produtos, num momento de uma demanda estável no mercado consumidor doméstico. A alimentação fora do domicílio aumentou 0,42% em outubro. A refeição fora de casa subiu 0,48%, e o lanche aumentou 0,19%.
O grupo Alimentação e bebidas vinha de uma queda acumulada de 2,65% entre junho e setembro, puxada pelo custo da alimentação para consumo no domicílio, com retração de 4,01% no período. Apesar da alta em outubro, o grupo alimentação e bebidas ainda acumula uma queda de 0,70% no ano, ou seja, de janeiro a outubro de 2023. A alimentação no domicílio acumula redução de 2,56% no ano até outubro. Os preços das carnes acumulam queda de 11,08% de janeiro a outubro de 2023. Os preços das aves e ovos acumulam recuo de 8,06% no ano, enquanto os óleos e gorduras já caíram 17,51%. Os preços de tubérculos, raízes e legumes diminuíram 14,54% no ano. O feijão carioca acumula queda de 23,11%. Os preços de Transportes subiram 0,35% em outubro, após alta de 1,40% em setembro. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,07% para o IPCA, que subiu 0,24% no mês. Os preços de combustíveis tiveram queda de 1,39% em outubro, após avanço de 2,70% no mês anterior. A gasolina caiu 1,53%, após ter registrado alta de 2,80% em setembro, enquanto o etanol recuou 0,96% nesta leitura, após queda de 0,62% na última. A pressão sobre a inflação da alta de 23,70% na passagem aérea foi parcialmente compensada pelo alívio advindo da queda de 1,53% no preço da gasolina.
O ranking de maiores pressões sobre o IPCA de outubro foi puxado por passagem aérea (0,14%), emplacamento e licença (0,05%), plano de saúde (0,03%), arroz (0,02%) e batata-inglesa (0,02%). Na direção oposta, os principais alívios partiram da gasolina (-0,08%), leite longa vida (-0,04%), energia elétrica residencial (-0,02%), seguro voluntário de veículo (-0,02%) e produto para pele (-0,01%). As famílias brasileiras gastaram 0,02% a mais com habitação em outubro, sem pressão para a taxa de 0,24% registrada no mês. Houve alta de 0,37% na taxa de água e esgoto. Por outro lado, a energia elétrica residencial recuou 0,58%, um impacto de -0,02% no IPCA. Oito dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços. A única deflação ocorreu em Comunicação (-0,19%, impacto de -0,01%). Houve aumentos em Alimentação e bebidas (0,31%, impacto de 0,07%), Artigos de residência (0,46%, impacto de 0,02%), Transportes (0,35%, impacto de 0,07%), Saúde e cuidados pessoais (0,32%, impacto de 0,04%), Despesas pessoais (0,27%, impacto de 0,03%), Educação (0,05%, impacto de 0,00%), Habitação (0,02%, impacto de 0,00%) e Vestuário (0,45%, impacto de 0,02%).
Quatro das dezesseis regiões investigadas pelo IBGE registraram deflação em outubro. O resultado mais baixo foi verificado em São Luís (MA), -0,23%, enquanto o mais elevado ocorreu em Goiânia (GO), 0,80%. O índice de difusão do IPCA, que mostra o percentual de itens com aumentos de preços, passou de 43% em setembro para 53% em outubro. A difusão de itens alimentícios passou de 41% em setembro para 57% em outubro. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 44% em setembro para 49% em outubro. A inflação de serviços, usada como termômetro de pressões de demanda sobre os preços, passou de um aumento de 0,50% em setembro para uma alta de 0,59% em outubro. A alta em serviços foi influenciada principalmente por passagens aéreas. Apesar disso, a inflação de serviços acumulada em 12 meses desacelerou. Os preços de itens monitorados pelo governo saíram de uma elevação de 1,11% em setembro para recuo de 0,03% em outubro. No acumulado em 12 meses, a inflação de serviços passou de 5,54% em setembro para 5,45% em outubro.
A inflação de monitorados em 12 meses saiu de 10,21% em setembro para 9,98% em outubro. Essa inflação de monitorados tem exercido uma influência maior. Enquanto o IPCA em 12 meses tem sido pressionado pelos itens monitorados, os serviços mostram desaceleração, embora ainda estejam em patamar acima do IPCA geral. O que contribuiu para segurar o IPCA nos últimos meses foi queda nos preços da alimentação e bebidas. O excesso de chuvas nas lavouras e a demanda maior por exportações restringiram a oferta de alguns itens alimentícios em outubro, encerrando assim uma sequência de quatro meses seguidos de quedas nos preços, vista de junho a setembro. O aumento no volume de chuvas prejudica a colheita e acaba reduzindo a oferta do produto no mercado, o que acaba induzindo um aumento de preços. Itens como batata e cebola ficaram mais caros em outubro.
A alta de 23,70% na passagem aérea foi responsável por praticamente 60% de toda a inflação no País em outubro. O item contribuiu com 0,14% para a taxa de 0,24%. Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores, como aumento no preço do combustível, o querosene de aviação, e a proximidade de feriados e férias de fim de ano. Por outro lado, a queda de 1,53% na gasolina ajudou a segurar a inflação no mês, um impacto negativo de 0,08%. Não fosse a queda na gasolina, o IPCA teria sido maior. Os combustíveis ficaram 1,39% mais baratos em outubro. Além da gasolina, recuaram também o gás veicular (-1,23%) e o etanol (-0,96%). Já o óleo diesel teve alta de 0,33%. Ainda em Transportes, o táxi aumentou 1,42%. Os gastos das famílias com Transportes passaram de um aumento de 1,40% em setembro para elevação de 0,35% em outubro. Apesar da redução dos preços em outubro, a gasolina acumula uma alta de 14,40% no ano, item de maior impacto no IPCA do período, uma pressão de 0,67%.
Segundo a ASA Investments, o IPCA de outubro mostra que a inflação corrente continua com comportamento benigno, especialmente nas métricas qualitativas, o que favorece a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário no Brasil. Em relação ao IPCA-15 de outubro, não teve grandes surpresas, continua um movimento benigno para a inflação de serviços. Costa chama atenção o comportamento do núcleo Ex-3, considerado importante por reunir serviços subjacentes e bens industriais subjacentes, mais sensíveis à política monetária, e que atingiu 0,15% nesta leitura. Está com uma taxa muito baixa, desacelerou muito e são quatro meses na banda de baixo, abaixo de um desvio-padrão na comparação mensal. São taxas mensais fracas e um qualitativo bastante benigno. Na leitura mensal, a surpresa para baixo foi puxada pelos combustíveis (2,70% para -1,39%), com deflação maior do que o esperado, parcialmente compensada pela inflação maior de alimentação no domicílio (-1,02% para 0,27%). Ainda é cedo para atribuir a surpresa para cima nos preços de alimentos ao fenômeno El Niño, já que a sazonalidade desses itens é positiva no fim do ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.