21/Nov/2023
Eventos como o temporal que deixou casas sem luz por seis dias em São Paulo há duas semanas e a seca que trava o transporte de suprimentos no Amazonas são eventos que mostram como as mudanças climáticas tornaram mais frequentes os desastres ambientais. A incidência em áreas urbanas cresceu cinco vezes desde 1991, segundo estudo do MapBiomas. É preciso que as cidades se preparem para evitar tragédias e interrupção de serviços básicos, alertam especialistas. Sugestões:
1 - Saúde Pública: Ondas de calor elevam as internações e a mortalidade. As pessoas morrem de complicações em doenças crônicas, principalmente cardiovasculares. De forma emergencial, é preciso uma conexão entre a previsão do tempo e o Ministério da Saúde. Quando a temperatura saísse da zona de conforto, haveria um alerta para que hospitais se preparassem para mais atendimentos.
2 - Áreas Verdes: A arborização das cidades deve levar em consideração o ritmo crescente de eventos climáticos extremos. Para escolher as plantas adequadas, é preciso avaliar o sistema de raízes e a arquitetura da copa da árvore, para saber se é capaz de tolerar impactos, como fortes ventos.
3 - Áreas De Risco: Em outubro, o MapBiomas divulgou que a ocupação urbana em área de risco, entre 1985 e o ano passado, cresceu 2,8 vezes, atingindo 123 mil hectares. Para o WRI Brasil, é preciso uma política habitacional adequada. Essas populações são mais vulneráveis, porque o poder público não endereça com sucesso o acesso à terra e à moradia.
4 - Urgências: As cidades devem ter centros de atendimento à população, bem distribuídos territorialmente, para dar vazão a problemas causados por eventos extremos. Nas cidades, mesmo sem esses eventos extremos, já há dificuldade de mobilidade. Isso significa que precisa distribuir centros de atendimento pela cidade.
5 - Cidades Costeiras: Boa parte da população brasileira se concentra em zonas costeiras. Com a subida do nível do mar, essa população vai ficar muito mais exposta. É preciso readequar a infraestrutura construída próxima do oceano, e, sobretudo, reconstituir a vegetação dali. Recifes de coral e áreas de mangue são as primeiras linhas de proteção da costa.
6 – Educação: Precisa haver adequação das escolas. Instituições em área de risco precisam ter planos claros e bem divulgados de evacuação, e as unidades precisam ter refrigeração adequada. Há dados mostrando que o rendimento das crianças diminui à medida que a temperatura da sala de aula sobe.
Segundo especialistas, a palavra-chave é adaptação para prevenir desastres nas cidades decorrentes do clima extremo. A grande diferença da mitigação das mudanças climáticas para adaptação, é que mitigação é uma ação que tem de ser feita globalmente. Já a adaptação tem de ter um contexto local muito forte para entender quais são as áreas e populações mais vulneráveis. O nível de preparação necessário demanda recursos e prioridades.
Por ora, é preciso agir com mudanças emergenciais, com educação, modificação de hábitos e uma atuação mais direta da saúde. Um plano eficaz precisa enfrentar as desigualdades. O mote principal da agenda de adaptação deve ser o impacto sobre as populações vulneráveis. Entre elas, mulheres, crianças, idosos, pessoas negras e em situação de rua. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.