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21/Nov/2023

Seguro Rural: recursos são insuficientes no Brasil

A safra de verão (1ª safra 2023/2024) vem sendo semeada em todo o Brasil com algumas dificuldades de ordem climática, em boa parte causadas pelo conhecido fator El Niño. Em Estados do Centro-Oeste e do Sudeste e na região chamada Matopiba, tem havido chuvas muito irregulares e calor intenso, prejudicando sobretudo a cultura da soja. Já se pode dizer que haverá alguma perda de produtividade dessa importantíssima cultura, mas ainda é cedo para colocar números nessa redução provável. No entanto, o atraso da semeadura da soja permite prever uma menor janela para o plantio do milho 2ª safra de 2024 ou safra de inverno, que representa três quartos do volume desse cereal fundamental para a produção de proteína animal (carnes e leite). Por outro lado, o importante Rio Grande do Sul está sofrendo com pesadas chuvas, com inundações e lastimáveis perdas de vidas humanas.

Isso tem atrasado até mesmo o fim da colheita de trigo e, por consequência, a semeadura das culturas de verão. A soma dessas notícias leva a uma indicação - de novo, não uma certeza mensurável - de uma colheita de grãos em 2024 menor do que a recorde de 2023. Ainda está fora desses problemas o estado do Paraná, que, além de estar com o plantio mais ou menos em dia com a normalidade, tem produtores altamente tecnificados e um sistema cooperativo de excelente qualidade, tanto do ponto de vista da tecnologia recomendada aos seus associados, quanto em relação a infraestrutura e mecanismos de garantia de safra bem desenvolvidos (armazenagem, seguro etc). Os preços mais baixos das principais commodities podem se somar à eventual quebra de colheita de grãos, significando um menor Valor Bruto da Produção (VBP) nacional.

Portanto, mais do que nunca é essencial que os agropecuaristas e suas cooperativas estejam atentos aos movimentos de mercado, até mesmo considerando a troca de governo na Argentina, que deve colher uma safra muito maior que a passada. Eventuais mudanças nas políticas de comércio exterior do país vizinho poderão interferir no mercado internacional. Mais uma vez fica claro que a reivindicação do Ministério da Agricultura e das entidades representativas do agro de mais recursos para o seguro rural era absolutamente procedente e necessária. Pena que ela não tenha sido atendida pela área econômica do governo. Pura burrice. E uma pena! Se houver um desastre maior do que até agora está desenhado, o Tesouro terá que arcar com medidas muito mais caras e desatualizadas do que a subvenção ao seguro, e sem garantir a estabilidade da renda no campo, tão necessária para o equilíbrio social da Nação. Fonte: Roberto Rodrigues. Presidente da Academia Brasileira de Ciência Agronômica. Broadcast Agro.