23/Nov/2023
Segundo o Observatório Social do Petróleo (OSP), com base no Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 71 municípios brasileiros, o preço do gás de cozinha ultrapassou em novembro a maior média nacional semanal do século, de R$ 113,66, registrada entre os dias 10 e 16 de abril de 2022. Na cidade de Tefé, no Amazonas, o botijão chegou a superar em quase 34% o recorde histórico, com o vasilhame de 13 Kg do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) sendo comercializado a R$ 152,00 o preço mais caro do País. O valor do botijão de gás em 456 municípios do Brasil, na semana de 12 a 18 de novembro, variou de R$ 114,00 a R$ 152,00. Em 71 cidades os preços estão acima da marca da série histórica, que tem início em julho de 2001, quando o órgão regulador federal começa a divulgar os valores do gás de cozinha. A análise mostra que 6 das 10 cidades com preços mais elevados estão na Região Norte, que é abastecida parcialmente pela Ream (Refinaria da Amazônia).
A unidade de refino, que completa em dezembro um ano de privatização, tem sido a recordista nacional dos combustíveis mais caros. Na lista geral dos 71 municípios acima do recorde do século aparecem 3 cidades do estado do Rio de Janeiro e 3 de São Paulo. No Rio de Janeiro, Macaé cobra R$ 123,00 pelo botijão e é o município com o preço mais caro do Estado. Logo em seguida, estão Itaguaí (R$ 121,00) e Angra dos Reis (R$ 114,84). Em São Paulo, o maior custo do gás de cozinha foi constatado em Marília (R$ 114,44), seguido por Itapeva (R$ 114,16) e Guarujá (R$ 114,09). A lista das 10 cidades brasileiras com custo mais alto do gás de cozinha inclui 3 municípios no estado do Amazonas, 3 em Mato Grosso, 2 em Rondônia, 1 em Roraima e 1 na Bahia. Tefé (AM) é a cidade com preço mais elevado do Brasil, seguida por Alta Floresta e Sinop, ambos municípios de Mato Grosso, onde o vasilhame é vendido a R$ 145,00 e R$ 138,63, respectivamente.
A cidade de Tefé está localizada a apenas 180 Km do Polo Urucu, a maior reserva terrestre de gás natural do País, e é o ápice da contradição que justo nessa região a população seja condenada a pagar os preços mais altos, afirmou a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Essa situação é fruto da privatização. Por isso, a FNP defende a urgência de a Petrobras voltar a ser uma empresa integrada de petróleo, como são todas as grandes petrolíferas mundiais, reestatizar refinarias, distribuidoras, gasodutos e campos de exploração. O Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) aponta dois fatores que explicam a concentração dos maiores preços na Região Norte do Brasil. O primeiro motivo é que a média ponderada dos preços praticados por produtores e importadores nessa região está 24% acima da média nacional. E grande parte dessa alta se deve à privatização da refinaria. O segundo fator é que a região tem a maior margem de distribuição e revenda, devido aos custos mais elevados de transporte/logística, sendo R$ 9,00 (18%) superior à média nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.