30/Nov/2023
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou para baixo a estimativa de crescimento do Brasil em 2023, de 3,2% para 3,0%, e elevou um pouco a previsão para 2024, de 1,7% para 1,8%. As novas projeções foram informadas no documento “OCDE Perspectiva Econômica” e as anteriores foram anunciadas no Relatório Interino de Perspectiva Econômica trimestral em setembro. Para 2025, o País terá uma expansão de 2,0%. A atividade econômica no Brasil apresentou forte retomada no primeiro semestre deste ano, devido a uma excepcional safra agrícola e consumo resiliente das famílias. Apesar de condições financeiras apertadas devido ao patamar dos juros, o nível de compras dos cidadãos apresenta bom desempenho por causa do crescimento do emprego, inflação em declínio e maiores transferências sociais realizadas pelo governo. O investimento privado deve apresentar leve recuperação em 2024 com a redução dos juros pelo Banco Central. Embora os preços de commodities estejam em declínio, os produtos agrícolas continuarão a guiar a expansão das exportações.
A inflação no Brasil apresentou marcante declínio neste ano e convergirá ao intervalo da meta durante 2024. A política monetária iniciou o ciclo de redução dos juros em agosto de 2023. As taxas de juros reais continuam elevadas, deixando espaço para a contínua diminuição (da Selic) em 2024 e 2025. Os juros deverão atingir 9,2% no final do próximo ano e 7,8% no segundo semestre de 2025. O IPCA atingirá 4,6% em 2023, inferior aos 4,9% divulgados em setembro. Para 2024, a previsão é de atingir 3,2%, abaixo dos 3,6% informados anteriormente. O declínio da inflação será resultado da resposta da política monetária adotada mais cedo para coibir os preços altos e pela normalização das cadeias internacionais de produção, que sofreram rupturas por causa da pandemia. Em 2025, a projeção é de o indicador alcançar 3,0%. A política fiscal no Brasil continua expansionista, mas uma gradual consolidação é esperada em 2024 para alcançar a meta de 1% do PIB de superávit primário requerida pelo novo arcabouço fiscal.
Implementar este arcabouço ajudará a restaurar confiança e atingir uma combinação de política macroeconômica mais consistente. O déficit nominal como proporção do PIB será de 7,2% neste ano, cairá para 6,4% em 2024 e será reduzido para 5,8% em 2025. Os riscos para a economia do Brasil no curto prazo estão equilibrados. De um lado, uma nova excepcional safra agrícola e a adoção bem-sucedida da reforma tributária podem reforçar a confiança de investidores e o nível de atividade. Por outro lado, um crescimento menor da China pode pesar na demanda externa do País. Altas sustentadas da inflação podem adiar a redução de juros pelo Copom, o que pode reduzir investimentos e o consumo. Além disso, altas de juros por economias avançadas podem exercer pressão sobre a taxa de câmbio. O déficit de transações correntes do País como proporção do PIB atingirá 1,7% neste ano, 1,6% em 2024 e 1,5% em 2025. A adoção do novo arcabouço fiscal e o cumprimento das metas primárias serão essenciais para assegurar a sustentabilidade da dívida pública e restaurar a confiança na gestão das finanças federais.
Implementar um sistema unificado de imposto sobre valor agregado irá simplificar a cobrança de mercadorias e serviços e reduzir o peso administrativo sobre empresas. Há espaço para reformar o imposto de renda e melhorar a progressividade do sistema tributário. Enfrentar gargalos na infraestrutura de transportes, fornecimento de água e saneamento podem ampliar a competitividade das empresas no comércio internacional. O desflorestamento é a principal responsável pela emissão de gás de efeito estufa e a aplicação mais forte de leis de proteção ambiental, incluindo o Código Florestal, serão cruciais para combater tal problema. O setor agrícola é a segunda maior fonte direta de emissão de gás de efeito estufa no Brasil. Um melhor direcionamento de crédito agrícola para práticas de baixo carbono podem ser efetivas para combater desflorestamento e reduzir emissões. A introdução de mecanismos para precificar a liberação de carbono na atmosfera pode complementar tais esforços e promover competição justa entre setores da economia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.