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21/Feb/2024

Auren lança crédito de carbono para pessoas físicas

Com foco em pessoas físicas, jurídicas e organizadores de eventos que desejam compensar as emissões de CO2, a Auren Energia, companhia controlada pelo grupo Votorantim e pela CPP Investments, decidiu lançar sua primeira plataforma de e-commerce de créditos de carbono. O sistema de venda de créditos visa promover um "intercâmbio" entre as empresas que emitem grandes quantidades de gases de efeito estufa, os chamados GEE, e as que estão abaixo do limite. A compensação, na prática, é uma espécie de indenização pela degradação ambiental causada, na qual os impactos ao meio ambiente são incorporados aos custos da empresa. Com a difusão da pauta de mudanças climáticas, pessoas comuns também passaram a se interessar pela compensação, entendendo que mesmo ações simples como a emissão de carbono nas viagens de carro ou numa compra na internet causam impactos ambientais negativos, embora em proporção muito menor do que das grandes indústrias.

O e-commerce é uma forma de aproveitar a expertise do grupo para se posicionar estrategicamente também como um player de carbono, o que já faz, mas também ter um viés educacional e de ser uma porta de entrada para esse mercado, explica a Auren Energia. Diante da busca de consumidores por projetos do tipo, a plataforma criada pela Auren visa facilitar a compra de créditos, até então restrita a empresas devido ao alto custo. O consumidor não sabe onde comprar, como, qual o passo a passo, e a demanda por créditos de carbono cresce com as mudanças climáticas, gerando preocupação nas pessoas, com elas querendo saber como contribuir. Na Auren, a compensação poderá ser feita por meio de projetos de energia renovável, campo de atuação da companhia de capital aberto, e florestais. Ao acessar a plataforma, o cliente poderá selecionar o tipo de crédito que deseja adquirir, seja um único projeto ou um combo que mescla a compensação de dois tipos de créditos. Após a compra, o cliente recebe um certificado digital, que atesta a compensação dos créditos.

A ONG ambiental The Nature Conservancy estima que cada habitante do planeta gera em média quase 4 toneladas anuais de CO2, enquanto nos Estados Unidos essa quantidade é quatro vezes maior por pessoa/ano. No site da Auren, o consumidor pode adicionar quantas toneladas quer compensar (caso já saiba o número) ou pedir a realização de um inventário, que serve como uma "análise" da companhia com base nas atividades da empresa ou da pessoa. O custo de compensação para uma pessoa física, considerando a média estimada pela Nature Conservancy, seria de R$ 388,00 no e-commerce da Auren. Nesse início, a Auren quer ter a possibilidade de fazer um inventário completo e mais aproximado da realidade do que uma métrica estabelecida para pessoas físicas e jurídicas. Energia elétrica tem um parâmetro parecido em qualquer lugar do mundo, enquanto o crédito de carbono, não. A intenção é ter a possibilidade de fazer algo customizado a ponto de ser algo totalmente dedicado ao interessado e não simplesmente criar uma commodity.

A companhia defende que o grande diferencial do projeto para outras ações disponíveis do mercado, além do acesso à população, é a transparência, considerando que as informações sobre as características técnicas dos projetos disponíveis, Ventos do Araripe III, Ventos do Piauí I e Legado Verde do Cerrado, estão disponíveis no site antes da compra. Segundo a Auren Energia, todos os créditos disponíveis para negociação são de 2021, evitando que problemas como a duplicidade de créditos e a falta de integridade vistos em projetos de outras empresas no mercado de carbono nos últimos anos aconteçam. A questão envolvendo projetos sem qualidade se tornou pública após cinco empresas brasileiras e três estrangeiras serem acusadas de usar terras públicas na Amazônia para negociar créditos de carbono com grandes empresas multinacionais de forma irregular, segundo informações da Defensoria Pública do Estado do Pará, em outubro de 2023. Questionada se a transparência é uma "resposta" às polêmicas acumuladas pelo mercado voluntário de carbono em 2023, a Auren defende que seus créditos sempre foram certificados e avaliados.

Além disso, aponta que as polêmicas que cercaram o mercado não abalaram de forma alguma a decisão de seguir com o lançamento da plataforma. As polêmicas acabaram por tornar os compradores de crédito, tanto empresas quanto pessoas físicas, mais criteriosos, exigindo produtos de qualidade. A Auren criou um processo de transparência para garantir que seus clientes tenham acesso a informações íntegras e detalhadas a respeito dos fatores técnicos e fontes públicas. O consumidor que não tinha preocupação com a qualidade passou a ter de forma genuína. Hoje, as compras em grandes volumes ocorrem no detalhe, com a conferência de tudo. A Auren consegue se posicionar de forma diferenciada devido à governança que possui. A expectativa é que, no futuro, o e-commerce da Auren seja "linkado" com outros produtos. A companhia já firmou um acordo com um banco para viabilizar a compra de créditos através do cartão de crédito, embora ainda não possa revelar o nome da entidade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.