08/Mar/2024
Na esteira dos dois planos anunciados nesta semana, pela Stellantis e pela Toyota, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisou o cálculo dos investimentos previstos no setor. Agora, a associação calcula em R$ 117 bilhões os investimentos ativos, considerando os ciclos iniciados em 2021. Esse montante engloba as montadoras tanto de carros, cujos planos anunciados ou em curso passam de R$ 95 bilhões até 2032, quanto de caminhões e ônibus. No mês passado, a Anfavea divulgou uma estimativa de investimentos da ordem de R$ 100 bilhões até 2029, porém revisou o cálculo diante dos anúncios bilionários dos últimos dias.
A série de investimentos foi desencadeada pelo lançamento, no fim do ano passado, dos incentivos fiscais voltados à descarbonização e segurança dos carros produzidos no Brasil. O maior deles foi anunciado pela Stellantis: R$ 30 bilhões de 2025 a 2030. Antes da Stellantis, a Toyota anunciou na terça-feira que vai investir R$ 11 bilhões na produção de automóveis híbridos. O setor vive um momento de otimismo que vai redundar até o fim do ano em muito mais investimentos. Os valores anunciados de 2021 até este ano, são R$ 117 bilhões. Apenas nos dois primeiros meses do ano, foram R$ 66 bilhões. O montante é recorde.
O setor tem vivido um bom ciclo. Representantes da Anfavea estiveram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para defender os benefícios do Mover, nome do programa federal que prevê, em cinco anos, incentivos fiscais de R$ 19,3 bilhões para as montadoras. Criado via Medida Provisória no fim do ano passado, o programa ainda depende de regulamentação. Ao explicar por que as montadoras estão anunciando novos investimentos, a direção da Anfavea citou, além do Mover, a aprovação da reforma tributária e a volta, em janeiro, do imposto de importação sobre carros híbridos e elétricos, uma forma de o governo forçar a produção nacional das novas tecnologias.
As empresas não tinham motivos para investir na produção nacional de carros eletrificados quando a alíquota para importar esses veículos era zero. Isso fez com que as empresas tomassem a decisão pelos investimentos. Fora isso, o Mover tem, em sua essência, o incentivo à produção local, uma vez que o foco tributário e regulatório do programa está voltado a produtos em que o Brasil tem vantagem competitiva, como o biocombustível. O Mover, junto com a reforma tributária, trouxe previsibilidade para o setor.
Embora a Anfavea não tenha previsões do impacto no emprego, a entidade prevê um grande potencial de geração de postos de trabalho com os novos investimentos. Com as montadoras operando ainda com ociosidade elevada, no entanto, não deve haver aumento de capacidade instalada da indústria como um todo. A previsão é que as montadoras produzam menos de 2,5 milhões de veículos neste ano, bem menos do que o potencial das fábricas, de 4,5 milhões de unidades.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que, com os recentes anúncios, o volume de investimentos do setor automotivo no Brasil vai chegar a R$ 97,3 bilhões. Com o marco de garantias, o crédito para o carro será mais barato. O ministro pediu apoio a três propostas de sua Pasta no Congresso. Entre elas, a medida provisória que cria o Mover, programa para a indústria automotiva que ajudou a impulsionar os planos de investimento das montadoras.
Alckmin voltou a citar o projeto de lei que prevê a depreciação superacelerada para incentivar a renovação de maquinário pela indústria, além da proposta de criação de uma Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), objeto de um PL enviado pelo governo ao Congresso no fim do ano passado. O ministro do Empreendedorismo, Márcio França, reforçou a pretensão de lançar ainda neste mês um programa de renegociação de dívidas para empresas, que vem chamado de Desenrola da pessoa jurídica. Fonte: Broadcast Agro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.