11/Mar/2024
O Ministério da Agricultura iniciou, do dia 7 ao dia 10 de março, uma missão oficial à Argentina. A comitiva liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Roberto Perosa, teve como missão principal reforçar a relação bilateral entre os dois países na agropecuária. O governo argentino tem dado demonstrações de que quer continuar a parceria com o Brasil. Fora o momento eleitoral e os problemas internos do país, está compreendido pelo governo argentino a necessidade de ter essa integração com o Brasil. Durante o período eleitoral, o atual presidente Javier Milei ameaçou o rompimento na relação do país com o Brasil, acendendo o alerta no setor produtivo sobre eventuais reflexos comerciais. No entanto, desde sua posse, Milei tem moderado o tom em relação ao Brasil e os fluxos comerciais entre os países seguem a normalidade.
Diferentemente de outros segmentos, os dois países são competidores globais no agronegócio e disputam espaço na exportação de grãos e de carnes. Ambos estão entre os cinco maiores produtores de soja, milho e carne bovina do mundo. A exceção é o trigo, do qual o Brasil depende da Argentina para abastecimento doméstico e tem no vizinho seu principal fornecedor. Hoje, a balança comercial do agronegócio entre Brasil e Argentina está equilibrada. Em 2023, o Brasil desembolsou US$ 3,379 bilhões com a internalização de produtos agropecuários argentinos, enquanto a receita de exportação gerou US$ 3,496 bilhões. A importação é liderada pelo trigo, da Argentina vêm 80% do cereal utilizado pela indústria moageira brasileira. No ano passado, a exportação foi impulsionada pelo aumento dos embarques de soja em grão, dada a quebra na produção argentina, e pelos produtos florestais, sobretudo papel.
Os dois países têm uma boa relação. Para além do agro, o País exporta muitos produtos de linha branca e importa carros. Um dos objetivos do Brasil é reforçar a atuação conjunta com a Argentina em fóruns e organismos regionais, caso do Mercosul, e nos internacionais. O Brasil apoia, por exemplo, a candidatura argentina para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O País está fazendo o primeiro gesto e quer reciprocidade em outras candidaturas brasileiras. No diálogo “macro” entre os países, a ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia também foi tratada bilateralmente. Ambos são favoráveis ao acordo. O entrave quanto ao acordo no momento paira sobre o mecanismo de arbitragem. Falta um item, um detalhe final para decidir onde será a compensação se houver algum problema, mas, depois disso, está equacionado e pode ser implementado.
Outro tema tratado foi a restrição vigente sobre a erva-mate brasileira. O Brasil exportava volumes expressivos da erva-mate para Argentina no âmbito do Mercosul. As exportações foram limitadas por uma divergência na especificidade do produto, quanto aos limites máximos de contaminantes inorgânicos em alimentos, em resolução do Mercosul. O Brasil mostrou para a Argentina que isso estava sendo um entrave. A Argentina concordou, porém, o mercado ainda não foi reaberto na totalidade. Na semana passada, produtores de erva-mate do Rio Grande do Sul apresentaram o imbróglio e o pedido de ajuda ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante agenda do ministro na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS). O setor pede alteração nos níveis permitidos de análise do teor de cádmio e chumbo presentes na planta. O Brasil é o maior produtor de erva-mate da América do Sul. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.