12/Mar/2024
O mês de fevereiro foi marcado por mudanças de regras na emissão de títulos de renda fixa com isenção de Imposto de Renda (IR). O governo federal, via Conselho Monetário Nacional (CMN), estabeleceu novas diretrizes na criação de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Certificados de Recebíveis Agrícolas ou Imobiliários (CRA e CRI) e da Letra Imobiliária Garantida (LIG). O impacto foi imediato em alguns desses papéis, como os atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI, principal parâmetro para avaliar rendimentos dos investimentos). Segundo a Nord Research, foi possível notar uma redução no volume de emissões de CRIs e CRAs, o que elevou a demanda pelas debêntures incentivadas, as quais permanecem com isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas. Os ativos atrelados ao CDI foram melhores que os ativos atrelados ao IPCA+ por conta de um maior fechamento de spread, que é diferença de preço na compra e venda no mercado no mercado secundário.
A Blackbird Investimentos aponta que as diferenças de preço das debêntures atreladas ao CDI permaneceram próximas à estabilidade na semana do dia 19 de fevereiro. Já o prêmio das debêntures de infraestrutura IPCA+ tiveram uma queda considerável após a implementação da nova resolução do CMN, por conta do crescimento acima da média na procura por papéis isentos. O volume médio diário de transações em debêntures não incentivadas atingiu R$ 711 milhões (em comparação com R$ 501 milhões na semana anterior), enquanto as debêntures incentivadas somaram R$ 461 milhões (ante R$ 515 milhões anteriormente). Os volumes para CRIs e CRAs atingiram R$ 164 milhões (em comparação com R$ 131 milhões) e R$ 294 milhões (em comparação com R$ 214 milhões), respectivamente. Para a Suno Research, a tendência permanece de queda para as taxas do crédito privado, mas em ritmo mais lento. A Selic deve registrar mais uma queda esse mês, conforme consenso do mercado.
Embora a redução afete a rentabilidade dos títulos, este corte e os próximos já estão precificados pelo mercado e, portanto, não devem provocar grande estresse na curva de juros. Para a Blackbird, as taxas de CRAs e CRIs vão continuar caindo, influenciadas pela menor oferta no mercado. As taxas de emissões desses papéis seguirão reduzidas até que o mercado encontre um novo equilíbrio. Assim, a melhor perspectiva segue para os ativos atrelados ao CDI. A Suno avalia que a procura pelas debêntures incentivadas deverá seguir em ritmo acelerado, com investidores pessoa física buscando o benefício da isenção de IR. Se considerar fevereiro, quando o CMN implementou a regra nova, esses ativos tiveram uma procura muito grande. Os investidores estão vendo que os ativos isentos não vão existir mais em grande volume no mercado e estão buscando as debêntures incentivadas. É uma classe que deve continuar performando bem. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.