20/Mar/2024
O ex-presidente do Banco Central e fundador da gestora Gávea Investimentos, Armínio Fraga, destacou que, embora as projeções do mercado para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 estivessem erradas, o grande fator para o crescimento além do esperado foi a super safra. As projeções para esse ano já mostram que o setor não será tão pujante e pode até cair um pouco após o ano espetacular. O investimento tem caído e chegou perto de 17% do PIB. Isso é uma situação de risco para o governo. O caso brasileiro é peculiar, de uma economia que não aprende com seus acertos. O governo Lula 1 foi um tremendo acerto, mas ele próprio saiu um pouco dos trilhos pelos idos de 2006. Houve uma mudança de rumo e a situação começou a ir na direção errada. Ao longo da última campanha eleitoral, o presidente Lula disse para não haver preocupação com o fiscal, por causa dos superávits que havia registrado nos primeiros mandatos.
O economista, porém, destacou que, após Lula assumir o cargo, o que está ocorrendo é um embargo dele e do PT ao controle do gasto. Só estão trabalhando o lado da receita. O ex-presidente do Banco Central pontuou que as pressões são grandes sobre o Brasil, porque o País é carente e está crescendo pouco nos últimos 40 anos. Ele destacou que houve bons momentos com boas reformas, mas as oportunidades vão desaparecendo com o passar do tempo. O sócio da Tendências Consultoria e ex-ministro da Fazenda, Maílson da Nóbrega, afirmou que a baixa produtividade, com exceção do agronegócio, e a insustentável situação fiscal são os principais desafios para o crescimento e a melhora da capacidade de concorrência da economia brasileira. Segundo o ex-ministro, a baixa produtividade resulta de uma miríade de fatores que começam pela educação e passam pela logística e pela alocação de recursos. Tudo isso está em baixa no Brasil nos últimos 40 anos.
Nóbrega observou como os tributos fomentam atividade do governo e redução de desigualdade, sem os quais o País não pode crescer. Em referência à reforma tributária, ele disse que a qualidade das regras do jogo é fundamental para a produtividade. Por isso, a reforma tributária será o principal fator que vai libertar o Brasil para o crescimento. Para o economista, a rigidez orçamentária do Brasil, "a maior do planeta", impede que o País aloque recursos para dirimir a desigualdade. Hoje, seis grupos da União representam 98% do orçamento público: pessoal, saúde, educação, gastos sociais, previdência e investimento. Não há nada parecido no mundo. Nenhum país pode dar certo quando dispõe de apenas 2% para a redução da desigualdade. O sistema rígido impede que o governo federal possa gerar um superávit primário de 1,5% do PIB de modo a reduzir a dívida pública. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.