21/Mar/2024
Segundo a Pesquisa de Inovação (Pintec) semestral 2022: Indicadores Básicos, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil registrou recuo na inovação na passagem de 2021 para 2022. No ano de 2022, 68,1% das grandes e médias empresas industriais introduziram alguma inovação de produto ou processo nos negócios. O resultado significa um decréscimo de 2,4% em relação à fatia de 70,5% de empresas que implementaram alguma inovação no ano de 2021. A pesquisa considera como inovação a adoção de algum produto novo ou substancialmente aprimorado ou a incorporação de algum processo de negócios novo ou aprimorado para uma ou mais funções de negócios da empresa. Passado o choque inicial provocado pela pandemia de Covid-19, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro desacelerou o ritmo de crescimento, passando de alta de 4,8% em 2021 para aumento de 3,0% em 2022.
No ano de referência da pesquisa, a produção industrial recuou, enquanto o Real se valorizou ante o dólar. Tomando como referência o comportamento da produção industrial, mensurada na Pesquisa Industrial de Produção Física - PIM-PF (IBGE), observam-se taxas negativas para o total da indústria (-0,7% em 2022 frente a 2021), notadamente para as indústrias extrativas (-3,2%), enquanto as indústrias de transformação apresentaram recuo de 0,4%. Em termos de variação cambial, o ano de 2022 foi marcado por uma apreciação, quando o valor nominal passou de R$ 5,40 em 2021 para R$ 5,16 em 2022. Menores taxas de câmbio podem afetar negativamente sobretudo a inovação de produto, devido à potencial perda de competitividade em relação ao bem importado similar. O levantamento ouviu apenas empresas de médio e grande porte, com pelo menos 100 trabalhadores ocupados, pertencentes às atividades das indústrias extrativas e de transformação.
A pesquisa foi feita em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A coleta e o tratamento dos dados consideraram uma amostra de 1.532 empresas num universo de 9.586 indústrias em atividade no Brasil que se encaixavam nos parâmetros exigidos pela pesquisa. O período de coleta das informações se estendeu entre 1º de agosto e 31 de outubro de 2023, tendo o ano de 2022 como período de referência para ações efetivamente realizadas e os anos de 2023 e 2024 em relação às expectativas. Em todo o universo de empresas, 33,0% implementaram novos produtos e processos de negócios simultaneamente em 2022. Uma fatia de 20,9% inovou apenas no processo de negócios, e uma parcela de 14,2% apenas em produto. Considerando o tamanho das empresas, a taxa de inovação foi maior entre as companhias de grande porte, alcançando 77,0% na categoria com mais de 500 pessoas ocupadas.
Entre os segmentos industriais, o setor de fabricação de máquinas e equipamentos teve a maior taxa de inovação (89,3% das empresas do ramo), seguido por equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (87,5%) e produtos químicos (84,7%). As menores proporções de empresas inovadoras ocorreram em manutenção reparação (42,2%), refino e derivados de petróleo, coque e biocombustíveis (42,9%) e metalurgia (49,9%). Em 2022, 34,4% das médias e grandes indústrias investiram em atividades internas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), somando R$ 36,9 bilhões em dispêndios. O resultado é ligeiramente superior ao observado em 2021, quando 33,9% das empresas fizeram esse tipo de investimento. As Indústrias extrativas concentraram 16,5% dos recursos investidos em atividades internas de P&D, seguidas pelos dispêndios feitos pelos setores de Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (com uma fatia de 13,0% do volume total), Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (11,9%), Fabricação de produtos alimentícios (9,7%), Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (9,4%) e Fabricação de produtos químicos (8,9%).
Segundo a pesquisa, 86,3% dos dispêndios em atividades internas de P&D estavam concentrados nas empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas. Em 2022, 39,8% das empresas inovadoras pretendiam aumentar os dispêndios em atividades internas de P&D em 2023. Para 2024, 50,8% esperam aumentar esses dispêndios em relação a 2023. Em 2022, 39,0% das empresas industriais inovadoras recorreram a algum mecanismo de apoio público para suas inovações em 2022. Os segmentos que proporcionalmente mais se beneficiaram do apoio público à inovação foram Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (60,9% usaram algum instrumento de apoio público), Fabricação de bebidas (57,9%) e Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (51,9%).
O principal instrumento de apoio público utilizado no ano foi o Incentivo fiscal à pesquisa e desenvolvimento e inovação tecnológica, dispostos na Lei do Bem (Lei no 11.196/2005), contemplando 26,2% das empresas industriais inovadoras com 100 ou mais pessoas ocupadas. A incerteza afeta negativamente as decisões empresariais quanto aos investimentos em inovação. O apoio público pode ser fundamental para mitigar os efeitos de um cenário de instabilidade, falta de recursos internos, acirramento da concorrência, incerteza quanto à demanda, entre outros aspectos. No ano de 2022, apenas 15,8% das empresas publicaram relatório de sustentabilidade. Essa incidência foi maior entre as grandes empresas, chegando a 36,5% entre as indústrias com mais de 500 pessoas ocupadas. Os dados da pesquisa mostraram ainda uma aderência entre a preocupação com a sustentabilidade e a inovação: entre as empresas que publicaram relatórios de sustentabilidade, 86,5% foram inovadoras em 2022. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.